Simplesmente, Você | Livro III

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Ainda naquela noite, o casal se comprometeu em jantar com Lúcia. Ela e Mavi, ainda puderam ter um momento assistindo algo que passava na televisão enquanto Adam ficou no andar de cima.

— Esse vestido não se encaixa tão bem para uma noite de inverno — comentou Lúcia, avaliando o que via na revista —... mas bem que eu usaria... se colocasse umas botas escuras, um casaco que cobrisse até os joelhos, e um relógio...— comentou, inclinando seu rosto para o lado — E você, Mavi? O que acha?

O sorriso hospitaleiro no rosto da mulher se desfez aos poucos ao deparar-se com o sono em que sua nora estava. Ela ainda a tentou chamar aos sussurros, mas quando não obteve sucesso, apenas afastou algumas mechas louras que caíram do cabelo de Mavi e sorriu.

— Eu te ajudo com ela — anunciou Adam, no exato momento em que sua mãe retirou com cuidado o pote verde com pipoca das mãos de sua esposa.

Os braços do homem se esticaram, e com um impulso medido do começo ao fim, a levantou e trouxe para perto.
Ela poderia estar sendo um pouco pesada graças a gravidez, mas isso não conseguiu atrapalhar os passos do homem.

Ao finalmente chegar em seu destino, Adam empurrou a porta com um de seus pés e caminhou para um dos lados da cama, deitou sua esposa e soltou um suspiro quando se afastou. Ele esticou as cobertas e acomodou a cabeça e costas da mesma com os travesseiros ao seu alcance.

— Eu pensei que seria eu a primeira a dormir — confessou Lúcia, ao lado da porta.

Seu filho deu uma risada baixa, pegando um dos controles e ligando a lareira do quarto.

— Eu também... mas a senhora sabe.

— Oh, se sei! Vêm cansaço de aonde a gente menos imagina... mas principalmente para ela, que está trabalhando.

— É nisso que mais penso — confessou, pondo suas mãos na cintura — Mas o que mais podemos fazer? Nem mesmo as colegas de trabalho, e a própria família dela conseguiram mudar a ideia dela, imagina nós?

— Pois é — suspirou, cruzando os braços — Mas eu espero que Mavi cumpra o que ela vem nos dizendo.

— Eu também.

Lúcia assentiu, afastando-se aos poucos.

— Bom, já está ficando um pouco tarde e amanhã tenho que acordar bem cedo.

— Reunião?

— Também... tem chegada de mercadoria, novos funcionários... — deu de ombros — Um monte de coisa para um dia só.

— Imagino, mãe. Eu também tenho que resolver muitos assuntos amanhã, receio até de não conseguir ir buscar a Mavi depois do trabalho como de costume.

— Por que você não contrata logo um motorista, Adam?

— Eu só ainda não acho necessário, como um mordomo ou governanta.

— Pois trate de contratar logo, será menos gasto para você — aconselhou — Mas qualquer coisa amanhã eu mesma irei buscá-la, está bem?

— A senhora realmente faria isso?

— Mas é claro que sim — afirmou, sorridente — Eu sei aonde é.

— Mas eu vou te avisar, certo? Talvez não haja necessidade.

— Vou estar esperando... — assentiu — Bom. Até amanhã, meu filho. Qualquer coisa me chame, estou no quarto ao lado.

— Até amanhã...

A porta se fechou e Adam assentiu. Com facilidade voltou a se sentar sobre a cama, envolveu seu corpo tanto quanto sua esposa, podendo desfrutar da lareira que aos poucos foi esquentando o ambiente, tornando o cansaço distante e o conforto aumentar abaixo de sua estrutura.