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Sol, Bento, e Paulo saíram um atrás do outro do banco do carro, apressadamente. Prendendo bem as alças das suas lancheiras em suas mãos, dispararam para a porta da mansão. Sol foi a última a fechar, seguindo caminho com seus irmãozinhos pela escadaria.

Os três sequer imaginaram antes, mas ao escutar a voz, soltaram gritos de alegria.

Patrícia abraçou bem apertado cada um dos seus irmãos, os beijando no rosto.

— Aí, como vocês cresceram!

— E você está mais linda do que antes! — disse Sol, empolgada.

— Ai, obrigada, minha princesa!

— Você vai ficar muitos dias aqui, maninha? — indagou Bento, torcendo em suas mãos na muleta.

— Bem que eu queria ficar muitos dias... mas eu ainda estou estudando.

— Você deveria ter vindo nas férias desse ano — comentou Paulo — Assim a gente teria mais tempo para brincar!

— Mas quem disse que eu não vou me divertir aqui com vocês?

Sol sorriu.

— Eu quero poder aproveitar cada minutinho. Podemos até mesmo dar uma saída!

— EBA!

— Você pode conversar com a nossa mãe. Eu tenho certeza de que ela vai deixar — comentou Sol.

— E eu também tenho certeza! — afirmou.

Patricia se levantou, dando liberdade para a menininha envolver sua cintura com os braços.

— Como já é o horário para o almoço, é bom que vocês se arrumem.

— Você pode fazer isso, não pode?

— E será que eu vou conseguir como a nossa mãe, e a Mavi devem fazer?

— Mas é claro que sim!

— A Sol tem razão — concordou Paulo — Mas eu estou bem grandinho, e não preciso de muita ajuda.

— Melhor ainda, assim eu tenho a Patrícia só pra mim!

Os quatro riram ao mesmo tempo.

— Bom, vamos logo para que vocês não sintam tanta fome e possam ficar bem bonitos — ela andou para detrás do trio — Vamos, vamos!

Finalizando rapidamente alguns cachos castanhos do cabelo de Bento, enquanto Paulo terminava o seu banho e Sol estava sentada no banco da penteadeira ainda com seu uniforme, Patrícia sorriu ao ver o resultado.

— Agora sim, você está mais lindo do que já é!

— Ah, que nada... — deu de ombros.

— Os seus olhos são mais lindos ainda, sabia?

— É... as pessoas sempre me dizem isso.

— É mesmo?

— Sim! E ainda dizem que os meus olhos tem a cor do céu. Você acha isso também, Patrícia?

— Eu não acho, como eu tenho a certeza, Bento. Seus olhos são os mais lindos!

— Eu tenho certeza que seriam mais bonitos ainda se me dessem a chance de enxergar.

Patrícia o encarou, pensando nas palavras do menino. Mas se Bento realmente quisesse enxergar, aquilo poderia ser possível, a medicina poderia ser a porta que lhe daria a oportunidade de realizar esse desejo.

—... eu lembro que a Silvana comentou que a medicina pode fazer isso.

—... a Silvana?

— Sim. Isso foi bem antes dela sumir.

Simplesmente, Você | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora