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Paris tornou-se o melhor destino para os dois, naquela semana.

Mavi se encantou com os mínimos detalhes, e logo, o seu costume com o frio chegou e ela não necessitava andar quase que mumificada pelas ruas com tantas roupas. Ela podia sentir mais a luz do sol em seu rosto, escutar com amor o som dos pássaros e o som tranquilizador das bicicletas que passavam na sua porta.

E claro, tanto ela quanto seu esposo, aproveitaram do que puderam para se entreter.

Foram ao circo, ao cinema, experimentaram diversos pratos caseiros, fizeram novas amizades, e andaram muito de bicicleta. Era um lugar tão bonito, que de forma alguma eles iriam desperdiçar, pois tinham um ao outro, o amor, uma cidade e acesso possível a igreja. Não teria motivos para ficarem apenas em casa e esperar o dias passarem.

E quanto mais puderam viver, mais ainda o tempo correu junto.

Faltando apenas um dia para retornaram à Monte Cristo, Adam e Mavi o aproveitaram sem pressa alguma. Eles queriam guardar do mais simples detalhe, àqueles que quase ninguém conseguia perceber. Saindo de uma das praças da cidade de mãos atadas, os dois tinham a intencionalidade de chegar o quanto antes ao parapeito em que, o outro lado estava a água do mar.

Mavi inclinou seu corpo para frente, olhando para cada detalhe do céu e de tudo mais que a natureza estava disponibilizando ao seu alcance. Ela sentia plenamente dentro de si, que algo havia mudado. Não se sentia mais como aquela jovem tão intensa e com marcas na alma. Sentia-se agora como uma mulher capacitada a enfrentar qualquer coisa que aparecesse em sua frente, sentia-se forte e com coragem de revolucionar qualquer problema que surgisse. Sentia-se completamente curada.

Pela primeira vez depois de muitos anos, Mavi sentia-se como uma adulta - não uma adulta que deixou de ser quem era, mas uma adulta que carrega dentro de si responsabilidade e pureza.

Sentindo um beijo em sua cabeça, e braços rondarem sua cintura, ela descansou sua cabeça sem muito esforço no ombro do seu esposo.

- Poderíamos ficar aqui para sempre, não podíamos?

- Isso é uma das coisas que eu mais desejo, minha princesa - murmurou ele, inspirando o perfume doce vindo das mechas louras do seus cabelos - Mas nós já sabemos...

-... e estou um pouco triste - ela deu um sorriso invertido, levando suas mãos na direção em que a dele estava - Vou sentir falta desse frio, dessa serenidade...

- Mas você sabe que podemos voltar.

- É, eu sei... mas não será a mesma coisa.

Adam deu um sorriso de canto.

- Mas é bom saber que pelo menos uma parte do começo da nossa história, vivemos aqui - murmurou ela, afastando-se - Terei o maior prazer de contar aos nossos filhos que passamos os melhores dias nessa cidade linda... - relatou, virando seu rosto em direção ao seu marido.

O vento ainda sacudiu algumas mechas do seu cabelo em seu rosto, que foi aparadas pelos dedos de Adam. Mavi congelou perante o toque inesperado, mas bem mais por uma movimentação em seu estômago, quase a mesma do café da manhã - em que Adam não esteve presente já que havia saído para terminar de comprar umas últimas coisas para a viajem - e que em segundos a levou ao banheiro. Das outras vezes essa sensação estava amenizadora, não tão forte. Mas uma das maiores certezas para aquilo tudo, devia ser por conta da viajem. Mavi não via a hora de rever seus parentes, abraçar os meninos e nunca mais soltá-los.

Adam a chamou preocupado, já que a mudança na expressão foi a primeira que viu. Mavi piscou algumas vezes, e só depois de dois segundos, o respondeu.

Simplesmente, Você | Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora