𝗧𝗘𝗨 𝗢𝗟𝗛𝗔𝗥 - L7NNON

trinta e cinco

BIA

Estava pegando algumas coisas no armário para fazer um brigadeiro, quando escutei a campainha tocar.

Franzi a sobrancelha sem entender, Mavi tem a chave e se fosse alguém de fora o porteiro teria avisado.

Mesmo receosa, eu fui lá e abri a porta vendo o Lennon ali com uma cara de um cachorro abandonado. Olhei meio perdida pra ele, não imaginava que ele fosse vir.

Bia: Que susto, Lennon! - dei passagem pra ele entrar.

Lennon: O que foi?

Bia: Sei lá fiquei com medo, ainda mais por estar sozinha. - ele assentiu e eu fechei a porta.

Lennon: Tô te atrapalhando? - neguei com a cabeça.

Bia: Tô fazendo brigadeiro. - apontei pra cozinha e ele veio atrás de mim.

Saí pegando as coisas pra fazer o doce para usar como desculpa para não ter que fazer contato visual com ele. O clima não era dos melhores e eu sentia que os dois apenas esperavam um de nós quebrar esse maldito orgulho.

Lennon: Por que não quis colar lá no campo? - perguntou quebrando o silêncio.

Bia: Sem clima. - olhei rápido e o vi assentir. - Mais vi pelos storys dos meninos que vocês ganharam, parabéns! - sorri sincera.

Lennon: Valeu! Os moleques sentiram sua falta lá...aliás, geral sentiu.

E o clima ficou mais tenso ainda.

Me virei jogando o leite condensado na panela e senti o olhar dele queimar as minhas costas.

Lennon: Você tá bem? Tá com cara de quem tava chorando.

Bia: É a rinite. - murmurei e senti ele se aproximar.

Lennon: Olha pra mim, Bia. - pegou na minha mão e deixou o leite condensado de lado.

Bia: Lê...

Lennon: O que tá pegando? Você tá distante. - me cortou.

Bia: Não posso Lennon. - me afastei e fui pra sala.

Lennon: Não pode o que? - veio atrás.

Bia: Não posso ficar no mesmo lugar que você, te olhar e fingir que tá tudo bem. Que o peso das minhas palavras que foram dirigidas a você, pesaram mais em mim. Não queria ter falado aquilo, sei que te magoou.

Lennon: Você foi sincera, talvez eu nunca fosse escutar aquilo. O que você ia fazer, se as coisas entre a gente fossem mais pra frente e eu falasse que te amo?

Bia: Não sei. - fui sincera. - Aconteceu tudo tão rápido né? - ele riu fraco e assentiu. - Eu provavelmente ia fugir.

Lennon: Mesmo se você sentisse o mesmo? - assenti.

Bia: Eu ia achar melhor.

Lennon: Não ia nem lutar por isso?

Bia: Não é tão fácil lutar.

Lennon: Acho que quando você quer, a parada vira teu objetivo, tá ligada?

Bia: O que você tá querendo dizer?

Lennon: Tô ligado nos teus traumas Bianca, sei o quão aquele maluco te fez mal. Eu poderia ser um cara que chega, fica contigo e mete o pé estando nem aí pros teus sentimentos, mais eu não sou assim. - fez carinho na minha bochecha. - Eu realmente tô disposto a lutar pra acabar com esse medo seu. Vou-te ajudar a superar todo esse trauma.

Bia: Lê, você não tem essa obrigação. - sorri fraco. - Eu não posso deixar você tentar me ajudar, eu sou toda problematica, não vai ser fácil superar isso tudo.

Lennon: Não tenho obrigação nenhum mermo não, mais eu quero!

Bia: Escuta, eu gosto do que a gente tem mais você merece alguém melhor.

Lennon: Mais eu quero você, Bianca! - engoli seco. - E você, quer o que?

Passei a mão no rosto, ri incrédula e olhei pra ele.

Bia: Eu também quero você, Lennon! - murmurei e ele sorriu colando nossos lábios em um beijo calmo.

Ele parou o beijo, colou nossas testas e eu fechei os olhos sentindo o carinho dele no meu rosto.

Lennon: Então deixa eu te mostrar que nem todos são iguais ao teu ex, preta. - disse.

Bia: Tem certeza? - ele assentiu e eu o abracei.

Ele me puxou pro seu colo e eu fui. Ficamos abraçados por um bom tempo, sem falar nada só aproveitando o momento.

Enquanto Lennon acariciava meus cabelos eu pensava nos conselhos da Mavi, principalmente no de terminar as coisas com o rapper, já que eu estava decidida a não dar outra chance pra um homem em minha vida.

Mais com ele aqui na minha frente, me olhando o tempo todo, com aqueles olhos que me transmitiam paz, aconchego, e a maior sinceridade do mundo que nunca havia sentido com outro, tudo mudou.

Ignorei então os pensamentos na minha cabeça e decidir seguir meu coração, pelo menos por uma última vez.

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