O Menino loiro do Parquinho

"Cap. 91 - Epílogo"

Haviam-se passado três anos desde que a paz se estabelecera com a morte de Lorde Voldemort.

    Foi reconfortante saber que não havia mais o mal para separá-los porque eles lutaram até o fim, só que o fim já tinha chegado.

    Eles tinham vinte anos de idade, e se for pensar que desde os sete anos eles passaram lutando para conseguir o que passaram a ter, era um alívio.

    Um fato recente é que Hermione e Pansy estavam planejando se casar na praia, talvez até na praia onde havia o Chalé das Conchas, porque era um lugar pelo qual elas tinham um carinho. Elas estavam até pensando em morar lá, já que Gui e Fleur estiveram usando a casa para se proteger nos tempos de guerra, mas, depois do nascimento da pequena Victoire Weasley, eles mudaram de casa, para passarem a morar perto d'A Toca.

    Ron e Blaise, por outro lado, haviam começado a pouco tempo a namorar, porque eles sempre foram um pouco enrolados quanto ao assunto — a julgar que eles tiveram o primeiro beijo deles com dezessete anos.

    Largo Grimmauld nº 12 havia ficado vazio sem Sirius e Lupin ali, rindo, se beijando, cozinhando e relembrando o passado apenas entre eles dois, porque era assim que eles gostavam de passar o tempo enquanto vivos. Os dois estavam planejando continuar morando na antiga casa dos Black — mesmo que Sirius ainda tivesse receio com o lugar, mas havia se divertido ao pensar em pendurar laços cor-de-rosa nos quadros de Walburga —, em adotar uma criança e chamá-la de Edward Teddy Lupin (idéia de Sirius, ele não suportava seu sobrenome), mas como eles não estavam mais naquele mundo, não havia nem Sirius, nem Lupin, nem Teddy, e nem laços cor-de-rosa naquela casa, apenas Monstro, cujo dono passou a ser Harry.

    Narcisa viajou para o exterior, se passando de trouxa nos países tropicais para tirar umas férias da conservadora e pressionadora família sangue-purista que ela costumava conviver, ou é como ela dizia, embora tivesse planos de voltar à Inglaterra por Draco.

    Ginny e Luna viajaram à América para estudar. Ginny entrou para um dos melhores times de Quadribol enquanto Luna se tornou uma ótima magizoologista, embora não conseguisse encontrar o tão desejado Bufador de Chifre Enrugado que ela tanto dizia querer, mas teve de aceitar de que algumas coisas não podiam existir.

    George Weasley se casou com Angelina, a antiga capitã do time de Quadribol, e Fred continuou solteiro, embora um tio muito feliz com o nascimento do filho de George, que recebeu seu nome como homenagem. Mas os gêmeos continuaram inseparáveis como nunca, ainda com a Gemialidades Weasley a todo vapor, lucrando cada vez mais.

Bem, Draco virou alquimista junto a Pansy, enquanto Harry e Hermione passaram a trabalhar no Ministério, ela como ministra da magia, e ele como diretor do Departamento de Execução das Leis da Magia.

    — Podemos adotar Teddy. Para fazermos o sonho de Sirius e Lupin ser real.

    — Com certeza. E então vamos morar em Londres trouxa.

— Sim. Sem bruxos à nossa volta, só nós.

    — Depois vamos nos casar.

    — Okay. Gostei. Vai ser isso.

   Eram adultos? Eram.

    Estavam planejando todo o resto da vida deles em um só dia? Estavam.

   Sabendo que poderia dar completamente errado? Com total consciência disso.

    E parecendo duas crianças sonhando alto? E com intenção disso.

    Ainda mais porque eles estavam no parque das Magnólias, sentados no minúsculo gira-gira em que se conheceram, frente a frente, de mãos dadas.

    Era estranho ver dois adultos em um parque, mas eles não viam problema porque aquele parque não era apenas um lugar para se divertir, mas tinha um grande significado para eles.

Como eram os únicos ali presentes, já que eram três horas da manhã, não havia gente olhando.

Afinal, eles poderiam sair dali a hora que quisessem.

    — Pansy e Mione vão se casar na semana que vem. — disse Draco Malfoy, seus cabelos prateados mais saudáveis do que os anos anteriores, e seus olhos azuis claros mais brilhantes e felizes.

    — E elas irão se casar à moda trouxa. — acrescentou Harry, o par verde-esmeralda de seus olhos mais lindos, e um sorriso de aquecer corações estampado no rosto. — Então temos de pegar o buquê quando elas jogarem.

    Ficou plausível para Harry que Draco não havia entendido, até porque o bruxo enrugou a testa, tentando compreender.

    — Pegar o buquê...?

    — É uma tradição trouxa. A noiva joga o buquê e os convidados fazem de tudo para pegá-lo, tudo isso por causa do ritual de que: quem pegar o buquê será o primeiro dali a se casar.

    — Eu não sabia disso. — sorriu Draco. — É, vamos pegar o buquê. Eu ainda não acredito que elas vão se casar antes de nós.

    — Então vamos nos atentar para que nem Ron e Blaise passem pela nossa frente.

    — Como se fosse possível — zombou Draco. —, nos beijamos com doze, eles se beijaram com dezessete.

    — E a Mione e a Pansy com quatorze, e estão se casando antes de nós.

    Sua voz continha traços de riso, mas aquilo não surtiu na fingida seriedade que Harry tentava incorporar. Mas se convenceu que não aguentaria manter sua postura severa e começaria a rir quando Draco dissesse:

    — Mas você propôs para mim antes delas. Então estamos casados faz tempo.

    — Parecemos duas crianças.

    — Mas essa não era a intenção?

    — Era. Mas as crianças não ficam acordadas até às três da manhã. E não planejam se casar, muito menos pegar o buquê; os docinhos do casamento é o que mais importa num evento como esse.

    — Não posso discordar disso.

    Nisso eles romperam a única distância entre eles, juntando seus lábios e inclinando seus corpos, ainda sentados no brinquedo trouxa, frente a frente. Eles se afastaram, Harry com os olhos fechados, sorrindo, até que Draco disse, as palavras escapando pela sua boca, mas finalmente revelando seu desejo:

    — Harry, eu quero uma criança para fazer companhia ao Teddy.

    E Harry só pôde admirá-lo, os olhos brilhando, e concordar febrilmente com a cabeça, num gesto mudo mas que queria dizer muita coisa.

   Eles tinham uma grande jornada pela frente.