"Cap.31 - O prisioneiro, O lobisomem e o rato pt.3"

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Boa leitura <3

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Era Sirius Black

O cão repentinamente parou de rosnar, e seus olhos prateados passaram de Perebas para Lupin, que tinha a boca entreaberta pela surpresa. Pareceu, por um segundo, que eles se comunicavam por expressões faciais pois Lupin balançou a cabeça em direção ao rato num tom de dúvida, e o cão assentiu antes de rumar até Ron, que guinchou e caiu no chão.

- RON! - bradou Hermione desesperada.

O cão negro mordeu a barra das calças curtas de Ron, que gemeu de horror, apertando um Perebas esperneando por entre os dedos trêmulos. Ron começou a ser arrastado, as presas do animal perfurando a sua pele enquanto Harry, Hermione, Draco e Lupin o seguiam correndo. Então Harry percebeu: eles estavam indo para o Salgueiro Lutador, a árvore que destruira sua vassoura a algumas semanas atrás.

Lupin foi o mais rápido e se aproximou de um Ron desesperado:

- Ron, se você me entregar o rato vai ficar tudo bem. O cão irá te soltar e assim poderemos sair daqui. Apenas me entregue seu rato!

- Não toque no Perebas, seu maluco! - gemeu Ron, as gramas curtas arranhando o seu rosto coberto por lágrimas desesperadas assim que era arrastado pelo chão.

A partir dos últimos raios da luz do sol, eles viram o cão arrastando Ron para dentro de um buraco no tronco do salgueiro, entre as raízes. Os galhos se chicoteavam no ar, e Harry, Hermione e Draco torciam para não serem atingidos por um daqueles ramos brutos, que avançavam neles para impedi-los de se aproximarem do interior da árvore.

Ron se debatia furiosamente e Perebas só não foi apanhado por Lupin porque um grande e perigoso ramo se aproximou do professor violentamente, obrigando-o a se desviar se não quisesse ser atingido.

Uma das pernas de Ron se enganchara em torno de uma raiz para que o cão não conseguisse arrastá-lo mais profundamente. Mas, com um baque horrível, a perna de Ron se partiu, e o cão conseguiu fazê-lo desaparecer de vista, por baixo da terra.

- Cuidado! - bradou Lupin para os garotos, sinalizando para que se aproximassem dele pois um grande galho vinha na direção dos adolescentes. O professor estava conseguindo se aproximar do tronco, desviando facilmente dos ataques dos galhos assassinos. Harry, Hermione e Draco, cobertos pelo pânico, começaram a andar vagarosamente, grudados pelo medo e sem tirar os olhos dos ramos, sendo forçados a se separarem quando um dos galhos se cortava o ar na direção deles.

De repente, os ramos perigosos do salgueiro pararam de se movimentar, como se algum feitiço os paralisassem. O trio olhou para Lupin que, ofegante, havia apertado um nó na base da árvore.

Sem esperar nem mais um segundo, o professor desapareceu tão rápido pelo buraco em que Ron e o cachorro atravessaram, que Harry achou que Lupin havia se teletransportado. E os três, depois de terem a total certeza que o Salgueiro Lutador havia se tornado temporariamente inofensivo, começaram a correr até a entrada, deslizando pela passagem.

Entraram num túnel de terra subsolo que se localizava abaixo da árvore, e começaram a andar, ouvindo os passos apressados de Lupin muito mais adiante.

- Bichento! - gemeu Hermione, apertando o braço de Harry com tanta força que chegava a doer.

Draco e Harry viraram a cabeça para a direção do olhar de Hermione e viram dois olhos faiscantes de Bichento se roçando nos pés da dona, que se abaixou para pegá-lo, mas o gato foi mais rápido e avançou para o interior do túnel, querendo seguir Lupin, o rabo de escovinha empinado.

- Vamos... - começou Draco com a voz rouca, fazendo um gesto com a cabeça.

Começaram a andar desconfiados, colados um ao outro e olhando ao redor toda a hora, como se algum outro cachorro pudesse aparecer e atacá-los também.

- Onde é que foi Ron? - sussurrou Hermione aterrorizada.

- Por ali. - respondeu Harry, caminhando.

- Onde é que vai dar esse túnel? - perguntou Draco, ofegante.

- Eu não sei... Está marcado no Mapa do Maroto, mas Fred e George disseram que ninguém nunca tinha entrado. Ele continua para fora do Mapa, mas parecia que ia em direção a Hogsmeade...

A passagem não parecia ter fim. Começaram a andar mais rápido, pensando no que aquele cão negro devia estar fazendo com Ron. O túnel, então, começou a subir, e ele se deram conta de que não havia mais nenhuma passagem subterrânea. Chegaram num espaço pouco iluminado. Recuperando o fôlego, eles pararam e ergueram as varinhas, murmurando um "Lumus!".

O lugar era um quarto encardido e bagunçado. O papel-de-parede caia aos pedaços e o chão estava coberto por manchas. Cada móvel, sem exceção, estava quebrado como se alguém tivesse atacado pois estava cheio de arranhões. A falta de iluminação, eles perceberam, se dava ao fato das janelas estarem vedadas com tábuas gastas.

Havia uma porta aberta à direita naquele quarto deserto, que levava a um corredor sombrio. Draco, de repente, levou as mãos à boca, prendendo a respiração num ruído quase mudo.

- Acho que estamos na Casa dos Gritos. - sussurrou ele, parecendo amedrontado. - Mas fantasmas não fazem isso. - e apontou para um móvel completamente destruído, se lembrando dos boatos dos moradores de Hogsmeade, que dizia que a Casa dos Gritos era habitada por fantasmas.

Os três olharam para o teto quando ouviram um rangido de algo se mexendo no andar de cima. Hermione, que estava entre os garotos, passou a apertar o braço de Draco também.

Começaram a andar silenciosamente e encolhidos, como se fossem uma só pessoa, olhando ao redor sem parar e se assustando constantemente com os barulhos que a Casa fazia de repente. Parecia que havia um carpete de poeira percorrendo o chão inteiro tal a imundície do lugar.

Assim que andavam para a direção da porta aberta, eles ouviram um gemidinho assustado, um ronronar alto, guinchos desesperados que pareciam ser de Perebas, e uma voz que eles sabiam, com completa certeza, de que era de Lupin, mas eles não conseguiam distinguir suas palavras - os rangidos dos móveis abafavam as palavras do professor.

Harry, então, arrombou a porta gasta com um chute. Viram Bichento ronronando alto numa cama tão imunda quanto o resto da casa, e ao chão, agarrando a perna num ângulo estranho, estava Ron, resmungando baixinho, com uma cara suja e ferida, horrorizado. Os três correram na sua direção:

- Ron... você está bem?

- Cadê o cão?

- Não é um cão. - gemeu Ron cuja cara estava contorcida de dor. - Harry é uma armadilha...

- Quê...

- Ele é o cão... ele é um animago...

Harry se virou depressa quando ouviu um estalo. Um homem invisível pelas sombras fechou a porta do quarto. Seus cabelos sujos e emaranhados caíam até seus cotovelos. Parecia um cadáver se seus olhos não estivessem brilhando. Sirius Black sorria, os dentes amarelos forçando sua pele macilenta a se esticar.

Suas orbes escuras viraram para o lado rapidamente, e os três perceberam que Lupin estava um pouco mais ao seu lado, com uma expressão misteriosa.

- Expelliarmus! - disse Black com a voz rouca, apontando a varinha de Ron para os garotos. As varinhas de Harry, Hermione e Draco saíram voando de suas mãos, e Black as apanhou na mesma hora. Então se aproximou. Seus olhos estavam fixos em Harry. - Achei que você viria ajudar seu amigo. - a voz rouca de Black era sombria. - Seu pai teria feito o mesmo por mim. - e se aproximou de Harry mais ainda.

Um ódio desesperador cresceu no peito de Harry como se Black tivesse gritado a referência ao seu pai. Queria atacar Black e não se importava com o fato de que estava na frente de Lupin, cuja varinha estava apontada na direção de Harry ao perceber a raiva que surgiu no garoto.

O que deu naquele professor?! Por que ele tinha a varinha apontada a Harry? Ele esteve ao lado de Sirius Black esse tempo todo?!

{...}

O Menino loiro do ParquinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora