Cap. 1 - Aylla

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De repente, tudo escureceu e quis morrer naquele mesmo instante, pois preferia a morte a ter que voltar olhar para aquela cara que, apesar de transformada, continuava asquerosa.

Acordei e não estava mais no chão. Olhei à minha volta e me vi deitada em um sofá, enquanto Thomas estava abaixado e me observava de perto. Ele estava muito diferente. Certamente passou por muitos procedimentos cirúrgicos, pois nem mesmo seus dentes eram os mesmos. Ele estava imenso, muito maior do que eu me lembrava, seus músculos aparentes, mostravam o quanto ele havia malhado para ficar daquela forma, parecia até mesmo um halterofilista, mas embora ele tivesse se transformado fisicamente em outra pessoa, eu jamais esqueceria aquele olhar diabólico. Ele me perseguiria até o fim da minha vida e a julgar como me encarava, não estaria longe daquilo acontecer.

Eu me afastei assim que recobrei meus sentidos, tentando escapar de seus braços. Tentativa mais que fracassada, pois nem mesmo usando um golpe de jiu ji tsu consegui me defender de suas garras. Ele me prendeu debaixo de seu corpo pesado, me impossibilitando de sair. Enrico era muito alto e forte, mas aquele verme dava quase dois dele.

- Olha só quem aprendeu a se defender, vamos ver o que mais é capaz de fazer, minha cadelinha.

Eu tentava desesperadamente me soltar, mas era inútil, ele me segurava e ainda tampava minha boca para que eu não gritasse.

- Você continua a mesma fera de antes, mas agora com garras, que delicia! Um passarinho me contou que você também entende de defesa pessoal. Uma pena que isso será inútil contra mim. Vou tirar a mão da sua boca, mas se sonhar em dar um único grito, eu te mato agora mesmo, entendeu?

Apenas meneei a cabeça, pois estava em choque e com tanto medo, que minha voz estava embargada.

- Me solta, Thomas! - Consegui dizer quase num sussurro, depois de me acalmar um pouco.

- Peça com jeitinho cadela, quem sabe eu te solte, mas fala como uma gatinha e não como uma onça.

- Vai se fuder, me solta seu desgraçado - disse antes de cuspir em sua cara.

- Eu adoro quando fica bravinha, isso me excita ainda mais, se lembra? Te pegava com mais vontade. E esse teu cheiro, continua tão bom quanto eu me lembrava.

- Eu vou te matar Thomas, me larga, agora!! - Sentia minha bile subir até a garganta, tamanha a ânsia por estar perto dele, mas não havia o que fazer, não tinha como me livrar de seus braços naquele momento e o ar me faltava, devido o peso de seu corpo sobre o meu.

- Eu vou te fuder minha cadelinha, mas será de outra forma desta vez.

- Não Thomas, por favor, não faça isso, eu te imploro!

- Isso mesmo, quero você assim, bem submissa, implorando por minha piedade.

- Eu faço tudo o que quiser, mas não me toque.

- Eu vou tocar no que tem de mais precioso, Aylla Barysh, dessa vez não conseguirá escapar de mim, você virá até mim quando eu quiser e nem sonhe em me contrariar. - Ele se aproximou ainda mais me fazendo sentir repulsa de seu hálito. A proximidade me fez ter um ataque de pânico e com muito custo, consegui libertar uma de minhas mãos e o arranhei bem no peito, mas foi a única coisa que fiz antes que ele me prendesse novamente.

Por anos ensinei mulheres a se defenderem contra seus agressores e agora eu não estava conseguindo me libertar do meu algoz. Que ironia.

- Eu vou sair de cima de você e espero que não tente nenhuma outra gracinha. Não brinque comigo, ok?

Concordei com os olhos cheios de lágrimas, pois não conseguia mais conter a repulsa de tê-lo tão perto de mim novamente. Me sentia suja e nem toda água do mundo tiraria aquela sensação do meu corpo.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora