Cap. 41 - Enrico

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Depois de tudo o que passamos com toda as incertezas, medo e insegurança daquele filho não ser meu, finalmente poderia dizer que não havia dúvidas de que aquele serzinho era a prova de que o amor valia muito mais que o sangue, pois mesmo que fosse de Thomas, seria impossível não ama-lo. Ele iria precisar de uma família e nós seríamos isso para ele.

Mas a certeza de que ele era meu, me deixava mais aliviado pelo fato de não ter que esconder toda a verdade sobre seu suposto pai. Aquela paz cobriu meu coração e chorei derramando uma lágrima em deu rostinho, o fazendo se mexer incomodado. Me encaminhei até o vidro do berçário, onde muitas vezes chorei ao olhar do lado de fora para os bebês que ali estavam quando Aylla sofreu o acidente e perdeu nosso pacotinho. Aquele bebê nunca substituiria o nosso filho perdido, mas ele era nossa redenção, nossa segunda chance e iríamos ama-lo mais que a nós mesmos.

Todos babavam do lado de fora e as crianças pulavam para tentar vê-lo. Me abaixei e o aproximei para elas verem e Laura era a mais empolgada de todos. Ela com certeza faria nosso Daniel de boneco. Minha mãe fez um sinal da cruz na direção de sua testa e olhou para mim. Abaixei a cabeça e ela fez o mesmo, me dizendo do lado de fora:

- Ele é a tua cara. - depois tirou uma foto antiga de dentro da bolsa e me mostrou. Era uma minha ainda bebe e a semelhança era de espantar. Até os cabelos eram iguais, bem pretos e volumosos, mas ele era branquinho feito a mãe.

- Vou pedir DNA para a Aylla, acho que esse bebê é só meu. - Todos caíram na gargalhada e uma enfermeira pediu para fazerem silêncio. Impossível para aquela família de bagunceiros.

Assim que Aylla foi levada para o quarto, fui liberado para levar nosso pequeno. Uma enfermeira a ensinou como amamentar e deu algumas dicas para os primeiros dias de vida dele. Dona Meryem entortou o nariz, dizendo que a criança tinha que receber os típicos cuidados das crianças turcas, já minha mãe desdizia tudo o que ela falava, dizendo que na roça não tinha nada daquilo e as crianças eram fortes do mesmo jeito.

Eu e Aylla só riamos com aquela cena, pois teríamos uma briga feia entre nossas mães para cuidar daquele garotinho.

Só quando ficamos sozinhos, isso bem tarde da noite, foi que pudemos curtir de verdade nosso filho.

- Ele é muito lindo, não é amor? Olha esses dedinhos, são tão pequenos.

- Pequenos, mas bem fortes. Ele me segurou e não soltou mais. É tudo tão perfeito. Ele todo é perfeitinho.

- Perfeito e sua cópia, até o pipi grande é igual ao teu. - Ouvimos alguém pigarrear atrás de nós e nos viramos. Era o doutor Michel que veio vê-los. Senti meu rosto arder na mesma hora de vergonha, mas me fiz de desentendido. Nos abraçamos e ele nos felicitou pelo bebê. Passou uma série de recomendação para Aylla quanto à sua embolia e nos disse que se precisássemos de algo, que ligasse imediatamente para ele.

- Você não toma jeito né. Que vergonha.

- Vergonha do quê? De ser bem dotado? Pois tem é que sentir orgulho. E olha só, você fez uma mini cópia tua, em tudo.

- Uma criança que nasceu com cinquenta e quatro centímetros e pesando quatro quilos e trezentos gramas não pode-se dizer que é mini, mas entendi o que quis dizer. Ouviu o que o doutor disse, terão que monitora-lo para ver o açúcar em seu sangue. Ele é muito maior que os bebês do berçário, então é melhor não descuidarmos.

- Faremos o que for preciso. - Daniel se mexeu inquieto no colo da mãe, procurando por seu peito e assim que o abocanhou, sugou com força, fazendo Aylla fechar a cara com expressão de dor.

- Dói? - perguntei agoniado.

- Um pouco, ainda não peguei o jeito disso, ele é guloso demais aí suga com muita força.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora