Cap. 35 - Aylla

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   Naquele instante tive mais que certeza de que havia tomado duas decisões certas. A de ter ficado com meu grandão e a de ter ficado com aquele bebezinho. Os dois encheriam nossa casa de alegria e eu seria completamente realizada. Choramos tudo o que tínhamos para chorar, tudo o que nos sufocava foi mandado para longe e finalmente pude dormir em paz nos braços do meu amado, sabendo que tudo ficaria bem.

- Acordamos renovados no dia seguinte e muito cedo. Ruth nem havia chegado e Enrico já tinha preparado nosso café, mas assim que vi aquela xícara em meio a tantas coisas gostosas, meu estômago revirou e corri para o banheiro.

- Lá vamos nós outra vez, agora entendi o que era sua ressaca - disse rindo da minha cara e me seguiu para segurar meus cabelos.

- Precisamos ir no doutor Michel, Enrico, tenho que começar o pré natal e ver como faremos com os anticoagulantes, não vou tomar até ter certeza de qual é o mais seguro. - falei assim que me recompus e consegui tomar um gole de suco de laranja apenas.

- Já fiz isso ontem mesmo. Ele nos atenderá amanhã pela manhã.

- Que homem eficiente. Você é maravilhoso, já disse isso? - Me sentei em seu colo e dava beijinhos por todo seu rosto.

- Se comporte garota. Ruth deve estar para chegar.

- Ela sabe o quanto nos amamos, não será novidade para ela.

- Mas você está em recuperação, não vou te tocar enquanto não estiver cem por cento.

- Já me sinto cento e um por cento melhor. - desci a mão por seu corpo, mas ele a segurou e levou um dos meus dedos em sua boca, o mordiscando. Aquele gesto reverberou por todo meu corpo, me fazendo ver estrelas na hora. Estava há tanto tempo sem sexo que poderia gozar só com aquele ato libidinoso. A gravidez havia deixado meus hormônios a flor da pele, me fazendo sentir mais desejo que o normal, mas teria que me controlar. Mesmo contra a vontade.

- Aylla, na semana que vem faremos uma viagem, se prepare pois passaremos alguns dias fora.

- E para onde iremos? Preciso voltar ao trabalho. Sabia que tenho um resort para construir?

- Sei sim, mas fará isso quando voltarmos, serão poucos dias, mas precisamos desse tempo só para nós.

- Para onde iremos?

- Só saberá quando chegar, separe seu passaporte e leve somente seus óculos de engenharia e seus sapatos de salto. Não precisará de roupas, leve somente o necessário.

- E o que pretende fazer com meus óculos e sapatos? - Mordisquei a ponta de sua orelha e senti que se arrepiou no mesmo instante. - Fala aqui no meu ouvido, prometo não espalhar. - Tirei os cabelos para o lado e ele inalou meu perfume, me fazendo acender na mesma hora. Segurei em seu rosto e o beijei, quando ele estava cedendo, o interfone tocou quebrando nosso clima.

- Quem será a essa hora da manhã?

- Será alguém da família? - Só pode ser minha mãe que esqueceu a chave.

- O porteiro a conhece, a deixaria subir direto. Vou atender.

Ele atendeu e voltou pálido, dizendo que era da polícia.

- Mas eu já dei meu depoimento no hospital e fiquei de retornar na semana que vem à delegacia. O que eles querem aqui?

- Não faço ideia, mas deve ser algum esclarecimento apenas. - Notei que ele estava bem nervoso e foi num salto atender à porta.

- Bom dia, tudo bem, senhora Aylla?

- Um homem careca e de meia idade estava no meio da minha sala e tinha o semblante mais leve do que o segundo que parou para cumprimentar Enrico. Aquele eu conhecia. Era Rubens, o detetive que ajudou a procurar por Thomas juntamente com o contraventor Oslo. Ele esteve no hospital assim que acordei e pegou meu depoimento, se mostrando solidário à minha história. Em nenhum momento foi intrusivo como normalmente os policiais são e me jurou que Thomas não escaparia da justiça pelo que fez a mim.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora