- Ruth, confiei em você e não entendo porque nos traiu desse jeito. Você está vendo tudo o que estamos passando e é testemunha o pavor que Aylla sente desse homem. Como você teve coragem? - Chamei Ruth em meu escritório para conversarmos, pois em casa seria impossível devido ao tanto de escutas que ela havia posto.- Eu não pude evitar seu Enrico, me perdoe - disse chorando muito. - Ele sequestrou meu marido, o prendeu num lugar horrível e me ameaçou. Falou que só o libertaria depois que eu colocasse essas escutas. Ficou com ele por dois dias e só o soltou depois que começou a ouvir tudo o que passava aqui. Eu tive muito medo de perder meu marido, senhor Enrico. Me perdoe, por favor. Eu sei que não mereço mais trabalhar com o senhor. Então vou pegar minhas coisas e ir embora hoje mesmo, não se preocupe.
- Eu acredito em você, Ruth. Esse cara é capaz de tudo.
- Olha o vídeo que ele mandou para mim. Me fez jurar que apagaria, até mandou alguém vasculhar meu celular, mas eu tinha enviado para uma prima antes de apagar.
No vídeo, seu marido estava amarrado em uma cadeira e com os olhos vendados. Uma pessoa estava atrás dele, mascarada e tinha uma faca em seu pescoço. Ele fazia ameaças dizendo que se ela não fosse obediente, ele morreria. Fiquei imaginando seu desespero e compreendi porque havia feito o que fez.
- Envie para meu celular. Isso tem que ser investigado. Não vou te demitir, Ruth. Não se preocupe. Me desculpe por ter te envolvido nisso tudo. Espero que seu marido esteja bem. Mas se quiser ir, não vou impedir. Você deve estar com muito receio de estar trabalhando para nós neste momento e entenderei se não quiser mais cuidar de Aylla. Mas realmente gostaria que ficasse.
- De jeito nenhum, senhor Enrico. Eu amo trabalhar para vocês e amo Aylla como se fosse minha filha. Nos apegamos muito, principalmente após o acidente. Eu realmente gostaria de continuar trabalhando aqui.
- Claro que sim, mas com uma condição. Vou colocar um segurança para cuidar de sua família e te darei uma espécie de indenização pelo que causamos a você e seu marido. Não aceito sua recusa. Só peço para não espalhar isso por enquanto. Só por precaução. Temos medo que ele faça algo a vocês por retalhação.
- Não sei do que se trata, mas só de presenciar a tristeza de vocês e principalmente da Aylla, sei que é algo muito sério, ou não fariam o que fizeram com meu marido. Pode ficar tranquilo, senhor Enrico. Esse segredo está seguro comigo e farei o que for preciso para ajuda-los.
- Muito obrigado Ruth, sempre soube que você era a pessoa certa para cuidar não só de nosso lar, mas de nós e principalmente da minha pequena. Não costumo me enganar com as pessoas. Por isso não estava convencido que havia nos prejudicado deliberadamente.
- Jamais senhor. Nunca faria isso. Vocês são minha segunda família. Mas quanto a indenização. Jamais aceitarei. O que aconteceu não foi culpa de vocês. Aquele homem tem que pagar pelo mal que está causando a todos e ficarei feliz se puder colaborar com mais alguma coisa.
- Agradeço muito por sua consideração, saiba que se precisar de algo, pode sempre contar conosco. - Estiquei o braço para agradece-la, mas Ruth me puxou para um abraço que foi muito bem vindo. Eu gostava de verdade dela. Era prestativa e muito carinhosa com a gente. Embora muito profissional, não deixava de lado o seu lado maternal.
Após resolvermos esse mal entendido, pedi que cuidasse de perto de Aylla, ela precisaria de alguém ao seu lado quando tudo desabasse e somente Ruth não seria ignorada, pois tinha livre acesso em casa como funcionária.
Quando rompi com Aylla, permaneci na casa dos meus pais. Temi que sofressem outro atentado e não quis correr o risco. Vasculhei cada centímetro daquela casa, pois tinha medo de também estarem sendo monitorados e foi assim que sem querer descobri uma câmera escondida. Não pertencia à companhia de seguros, pois eles não haviam colocado câmeras na parte interna da residência, então verifiquei que se tratava de uma câmera esquecida do circuito interno da casa que era da empresa responsável pelo monitoramento do morador anterior. E foi assim que consegui descobrir todo o registro do dia em que aconteceu o princípio de incêndio naquela casa. E descobri que a incendiária era a mesma pessoa que tentou envenenar meus sobrinhos. A babá. Aylla nunca foi com a cara dela, deveria ter desconfiado de algo. Aquela baixinha quando cismava com algo, é porque tinha alguma coisa. Ela era muito observadora e mesmo antes de descobrirmos sobre o que ela fez, Aylla tinha os dois pés atrás com aquela louca envenenadora de bebes. Ela me contou que havia batido nela e que o resultado foi terrível. A trancaram num quarto escuro e deram choques sem parar. Aquilo era perverso e desumano para qualquer pessoa praticar, mas aqueles monstros não tinham piedade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vidas Cruzadas Parte IV
Romance🌹 Não há remédio para o amor, a não ser amar mais 🌹 O amor de Enrico é posto à prova quando Aylla se fecha em suas feridas e tenta a todo custo protegê-lo. Esse amor não poderá ser vivido plenamente até que consigam se livrar do mal que os asso...