Cap. 2 - Aylla

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- Aylla, por Deus, onde você se meteu? - ela estava exasperada do outro lado da linha. - Enrico enlouqueceu!

- O que aconteceu, Emma? O que ele tem? - perguntei sem fôlego.

- Ele saiu feito um louco ontem depois da briga de vocês, foi para um bar e bebeu demais. Bateu em três caras e por sorte, Brad o seguiu e impediu que coisa pior acontecesse.

- Onde ele está, Emma?

- No escritório. Brad o levou para o apartamento, mas fugiu durante a noite e a senhora Mathias está nervosa, dizendo que ele está quebrando tudo por lá. Brad está numa reunião fora de São Paulo e ninguém conseguia falar com você, onde se meteu?

- Depois conversamos. Preciso ir até ele.

- Aylla, não o machuque ainda mais, você tem que...

Desliguei o telefone na cara da minha amiga e pedi que o motorista me levasse o mais rápido possível até meu noivo. Só então vi que tinha abaixado o som do celular, não vendo as dezenas de ligações de todo mundo.

Quando cheguei ao andar onde ficava seu escritório, percebi que os poucos funcionários que ali trabalhavam cochichavam pelos cantos e Dona Mathias estava muito nervosa próxima à porta do escritório de Enrico, que foi fechada por dentro, impossibilitando a entrada das pessoas. Me posicionei bem à sua frente e me virei, farta de ouvir aquele monte de vozes atrás de mim.

- Vocês por acaso estão vendo algum espetáculo aqui? Voltem agora mesmo para o trabalho de vocês e respeitem seu chefe que não está tendo um bom dia, não admito esse tipo de desrespeito contra ele. Vão agora fazer o que são pagos para fazer.

Todos se calaram, menos aquela minhoca com cara de cavalo.

- Você pode ser a namoradinha do chefe, mas não tem poder nenhum aqui. Não obedeceremos a uma pessoa como você. Quem pensa que é para chegar e falar assim com todos?

- Não sou a namoradinha do chefe, sou a futura senhora Cavalcante e para seu bem, é melhor não me provocar hoje. Eu nem sei o que sou capaz de fazer com você. Suma da minha frente e me deixe em paz ou saberá o que é ter um dia ruim de verdade.

Vendo que eu estava exaltada além do normal, ela se calou e decidiu sair de perto.

- Enrico, abre a porta amor, sou eu - me virei e encostei a cabeça na madeira gelada. Quando finalmente abriu, tomei um choque. Seu olho estava muito roxo e havia um corte em seu lábio inferior.

- Oi pequena, você veio, mas chegou tarde demais - disse quase caindo em cima de mim.

- Não cheguei amor, estou aqui e vou cuidar de você, vamos entrar. - O apoiei em mim como deu e fechei a porta com o pé. Com todo cuidado, o sentei no sofá e me posicionei ao seu lado. - O que você fez, Enrico? Olha seu estado. Está bêbado, com a roupa toda suja e todo machucado. Deve estar todo dolorido.

- Yes, baby. Acertou em tudo, mas sinto dor em apenas um lugar. Bem aqui - disse, apontando para o coração. - Aqui está sangrando e não posso estancar esse sangue. Você está esmagando ele, Aylla Barysh, com suas próprias mãozinhas delicadas. Olha só pra você. Está linda, minha gata e olha o farrapo que você deixou para trás.

- Me perdoe, grandão. Eu não sei onde estava com a cabeça ontem. Não sei o que me deu.

- Eu perdi você pequena, perdendo você, perdi tudo.

- Não, não, não, não perdeu não!! Eu estou aqui, não vou te deixar.

- Mas você me deixou - as lágrimas escorriam daqueles olhos negros, me deixando ainda pior. - Você não quer mais ser minha, Aylla.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora