Cap. 24 - Aylla

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- Aylla, nossa!! Que surpresa te ver depois de tantos anos, vamos, entre. - Seus olhos saltaram de mim para Thomas com uma pergunta silenciosa. O que eu estaria fazendo com seu filho depois de tudo o que havia acontecido? - Desculpe querida, não esperava te ver aqui. Thomas não me disse que teríamos uma convidada. Ainda mais uma tão importante?

- Aylla queria muito matar a saudade da senhora mamãezinha. Então a trouxe para que a senhora a alimente. Não acha que ela está magra demais? É a saudade do seu bonitão aqui né, confessa! Mas agora acabou, mozão. Você é toda minha de novo. - Ele estava sentado ao meu lado no sofá e me beijava forçadamente enquanto eu me mantinha estática. Sua mãe apenas abaixou a cabeça por um instante e sabia exatamente o que viria pela frente. Mas preferiu se calar. Ela sempre foi submissa do filho e nutria um medo genuíno por tudo o que também havia sofrido em suas mãos.

- Soube que estava fora do Brasil, querida. Quando voltou?

- Há quase um ano, a senhora está bem?

- Estou sim. Ainda me recuperando da perda de meu marido. Você soube que ele faleceu há pouco tempo?

- Soube. Meus sentimentos.

- Vocês duas parem com esse papo chato. Mãe vai terminar a janta velha e me traga uma bebida. Aylla também vai tomar.

- Não quero, obrigada. - Ainda sentia os efeitos de uma ressaca terrível depois de dias bebendo sem parar.

- Não perguntei se você quer. Traga a bebida dela. Vai relaxar um pouco, cadelinha - disse enfiando a língua em meu ouvido. Dei um pulo ao sentir seu contato, mas ele me segurou no lugar. - Fique boazinha ou mais tarde sentirá o peso da minha mão.

- Aylla, você não quer me ajudar na cozinha? - A mulher estava aparentemente petrificada com medo do filho e entregando sua bebida, percebi que queria falar comigo.

- Claro, vou sim.

- Desde quando você é empregada dessa velha. Deixa que ela se vira.

- Você disse que estava com fome. Se eu a ajudar, você jantará mais cedo.

- É... Bom ponto. Vai lá, mas estou de olho em vocês duas, hein! - Me levantei e ele me deu um tapa na bunda. Parei respirei e o ignorei, indo até sua mãe.

Ela estava cortando tomates, mas parou na mesma hora.

- O que você está fazendo aqui, como ele conseguiu te trazer de volta depois de tudo o que aconteceu? - disse num sussurro.

- Estou sendo chantageada por seu filho ou acha que viria numa boa? Esse crápula está me mantendo refém dele. Estou em suas mãos novamente. Se soubesse das atrocidades que ele já fez comigo desde que voltei - abaixei minha cabeça e contive um choro - seu filho continua o mesmo de antes. Mas agora se tornou um assassino. Matou minha amiga e meu filho. Eu estava grávida e ele sabotou meu carro. Perdi meu bebê e passei um mês em coma por causa dele. Por pouco não morri também. Fora tantas outras coisas que tem feito com minha família.

- Infelizmente nem a cadeia e os anos de exílio o mudaram para melhor. Me sinto tão culpada por te-lo deixado aos cuidados do pai. Se tivesse sido mais enérgica, ele seria diferente. Mas aquele crápula, que o diabo atormente aquela alma até o fim dos tempos, nunca me deixou cuidar do meu filho como se deve. O resultado foi que criou outro igualmente a ele, ou ainda pior.

- Aylla, me trás uma cerveja, anda... - Thomas gritou da sala. - Levei até ele que estava esparramado no sofá e com os pés em cima da mesa de centro assistindo a um jogo na tv e voltei para a cozinha.

- Aylla, não me diga que ele está fazendo as mesmas coisas com você? Não suportaria saber de algo assim.

- Não que eu saiba.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora