Enrico entrou bem naquele momento, quase colocando a porta abaixo e praticamente se jogou na cama em cima de mim.
- O que aconteceu pequena? Pelo amor de Deus, olha seu estado. Como isso foi acontecer? - Ele estava exasperado e me tocava por todo corpo procurando algum osso quebrado.
- Eu estou bem amor, como viu, estou inteirinha.
- Me fala o que você estava fazendo aqui e como acabou nesse estado, ninguém me falou nada.
- Lembra que eu te disse que ia buscar uma surpresa para você? Então... A surpresa estava aqui no meu quarto. Tinha comprado uma lingerie, mas deixei aqui. Então me lembrei dela hoje e queria usar para você, mas quando fui descer a escada, meu tornozelo fraquejou e não consegui me segurar no corrimão. Resultado. Me espatifei lá embaixo. Sorte que a babá estava aqui e os seguranças me pegaram na hora.
- Que história absurda, por que vim tão longe para pegar uma simples lingerie, que poderia ter usado em outro momento?
- Queria usar essa pra você hoje. Mas estraguei tudo. - Nem precisei fingir um choro, pois eu estava com muita vontade de chorar e muita dor.
- Vem cá. Você quase me matou de susto. Quando o Gui me falou o que tinha acontecido, quase voei até aqui.
- Por sorte estávamos por perto e a baba nos chamou para ajudar, ela que viu o tombo e a socorreu.
Nessa hora aquela infeliz entrou, como se tivesse ouvindo atrás da porta.
- Com licença. Trouxe um remédio de dor para a senhora. O tombo foi bem feio. A senhora caiu de cara no chão.
- Obrigada - agradeci e tomei o medicamento, mantendo aquele circo todo.
- Vou te levar ao hospital, você pode ter quebrado algo ou pior, ter machucado algo por dentro.
- Eu estou bem Enrico, só quero ir para casa. Obrigada a todos pela ajuda, mas não precisam se preocupar. Só preciso me deitar.
- Você está se recuperando. Que loucura é essa de ficar subindo escada, ainda mais essa que é imensa. - Estava no colo de Enrico e me grudava a ele como se fosse cair a qualquer momento de verdade. Como era doloroso vê-lo tão preocupado e acreditando em toda aquela farsa.
- Mais tarde ligo para saber como está Aylla, descanse. - Senti um misto de ternura e carinho verdadeiro pela primeira vez vindo de Natalie e percebi que aquela nossa implicância uma com a outra talvez fosse por falta de conversarmos de verdade e tentar nos conhecer melhor. Mesmo porquê, naquele momento, ela era a única pessoa da família que sabia de tudo o que eu estava passando. Algo irônico, mas que me dava um certo alívio e até mesmo, segurança.
- Desde quando vocês duas se tornaram amigas? - perguntou Enrico, enquanto me prendia no cinto de segurança do carro. As vezes ele me tratava como um bebê de tanto cuidado que tinha comigo.
- Eu consigo por meu cinto Enrico, pode deixar. E não sou amiga da Natalie, agora não somos mais inimigas. Ela cuidou de mim enquanto você não chegava. O mínimo que posso fazer e ser agradecida e simpática.
- Tem uma coisa que não encaixa nessa história. Como eles chegaram tão rápido aqui se a casa deles é do outro lado do condomínio e por que a babá não me ligou imediatamente, ou ligaram para seu irmão? Ele está sabendo do que houve?
- Credo Enrico, que interrogatório é esse? Logo você vai achar que me joguei da escada de propósito. Já estou com dor de cabeça da queda, não piore tudo, por favor. - Virei de lado e tentei ignorar o que falava. Quando percebeu que eu não responderia nada, calou-se.
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Vidas Cruzadas Parte IV
Romance🌹 Não há remédio para o amor, a não ser amar mais 🌹 O amor de Enrico é posto à prova quando Aylla se fecha em suas feridas e tenta a todo custo protegê-lo. Esse amor não poderá ser vivido plenamente até que consigam se livrar do mal que os asso...