Cap. 3 - Aylla

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    Enrico me puxou para seus braços e ficamos aninhados por um bom tempo. Mas a sensação de sufocamento não saia de mim. Nada era capaz de tirar aquela angustia por saber que não poderia me livrar daquele homem que insistia em infernizar minha vida. E acabei nem tendo uma escolha, se me recusasse a fazer o que ele queria, certamente acabaria com minha família sem pensar duas vezes. Eu estava em suas mãos e queria morrer por ser obrigada aquilo. Eu tinha que bolar um plano para por as mãos naqueles documentos e o mais importante, tinha que proteger meus sobrinhos. Eu sabia desde o inicio que aquela mulher não era coisa boa, mas saber que era uma comparsa do meu maior algoz, me deixou com uma ira mortal.

   — Será que podemos ir na casa da Isa mais tarde? Estou com saudade das crianças.

   — Claro que podemos, mas aconteceu alguma coisa? Você parece tensa.

   — Só estou com saudade mesmo, faz tempo que não os vejo. Podemos ate trazer eles para ficar um pouco com a gente, o que me diz?

   — Isso é uma espécie de treinamento, Aylla?

   — Pode ser, mas é que preciso passar um tempo com eles, sinto falta de dormir agarrada com minha macaquinha.

   — Se os pais deles deixarem, por mim tudo bem.

   Ele me beijou e me derreti em seus braços, mas disfarçadamente me esquivei. 

   — Vamos dormir um pouco amor. A noite foi difícil para nós dois, estou muito cansada.

   — Então vou te cansar mais um pouco antes de pegar no sono. Preciso de você, pequena e agora — Ele me segurou firme e apertou um pouco meu abdome. Não seria absolutamente nada demais, se aquele verme não tivesse me chutado com muita força bem naquele local.

   — Eu te machuquei amor? Me desculpe.

   — Não é isso, dormi de muito mal jeito e acordei toda dolorida. Vamos logo buscar as crianças. Estou ansiosa — disse já levantando da banheira, mas ele segurou em meu pulso.

   — Você está fugindo de mim, por quê? O que aconteceu ontem depois que você foi embora?

   — Nada, apenas vim para casa e chorei até de manhã. Agora vamos que quer... — Antes eu pudesse terminar a frase, ele se levantou e me pegou no colo e saiu correndo do banheiro

   — Seu maluco, você vai escorregar.

   — Vou escorregar para dentro de você apenas.

   Ele me colocou na cama e deitou sobre mim sem por o peso de seu corpo, pousou as mãos em meu rosto e me olhou por um bom tempo.

   — O que foi? — perguntei.

   — Só quero ficar olhando minha mulher um pouco, você é tão linda que não me canso de te admirar.

   — Então pode olhar o quanto quiser, pois também gosto muito do que vejo aqui. Posso suportar tudo nessa vida, mas jamais suportarei não ver esse brilho quando olhar para mim.

   — Isso jamais vai acontecer, ele só se apagará quando eu me for dessa Terra. Você é a luz da minha vida, sem você, tudo se torna apenas trevas.

   — Prometa que nunca vai se afastar de mim. Prometa Enrico? Você precisa saber que tudo o que eu faço é pensando em você e por você e eu não vou medir esforços para que fique bem.
 
   — Eu sei. Mas agora preciso que use isto. — Ele se levantou, pegou a aliança que estava no bolso da calça e a colocou em meu dedo novamente — Nunca mais a tire de seu dedo, a não ser no dia de nosso casamento. — Apenas meneei a cabeça, concordando.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora