Cap. 4 - Aylla

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- Aylla, tem certeza de que da conta de cuidar deles?

- Eu não Isa, mas Enrico dará. Fique tranquila.

- Agora você me acalmou bastante, obrigada. Por garantia não quer levar a babá para ajudar?

- DE JEITO NENHUM!! - A ideia era justamente mantê-los longe daquela mulher.

- Já entendi, não precisa gritar.

- É que quero ficar a vontade com eles, só isso. - tentei disfarçar, falhando descaradamente.

Fui chamar Enrico para irmos embora e o peguei cochichando no jardim com Karim. Me aproximei sorrateiramente e ouvi parte do assunto.

- ... Impossível Karim. Não tem como uma pessoa simplesmente evaporar no ar. Como a policia não consegue localizar esse cara? Não entendo.

- Eu me pergunto a mesma coisa. Mas em algum momento ele dará as caras Enrico, ai será minha vez de acertar as contas com aquele filho da puta.

- Meu único medo é ele conseguir se aproximar da Aylla. Se isso acontecer, nem sei do que sou capaz. Mato aquele cara... Vou parar na cadeia, mas ele não sairá vivo dessa história. O mandarei para o inferno sem o menor remorso.

- Pois conte comigo. Dessa vez não o deixarei escapar.

Dei um passo para trás, tentando assimilar o que aqueles dois estavam falando e me recompus. Despretensiosamente, fui até eles, que se calaram no mesmo instante em que me viram.

- O que meus dois garotos estão cochichando pelos cantos? - Me aproximei e sentei no colo de Enrico, que me abraçou. Era nítido seu desconforto, mas preferi não tocar mais naquele assunto que pairava sobre nossas cabeças o tempo todo.

- Nada demais, apenas jogando conversa fora, papo de homem, pequena.

- Bem. Papo de homem é sobre mulher, futebol ou carro.

- Digamos que um pouco de cada, abla. Mas tenho certeza que não é um assunto que te interessa.

- Melhor irmos embora pequena, as crianças já estão quase dormindo e aposto que seu irmão também quer descansar.

- Duvido que descansarão sem as crianças em casa, mas é melhor irmos mesmo. Também estou precisando da minha cama.

- Vocês dois comportem-se, meus filhos estarão lá, não se esqueçam.

- Não se preocupe abi, sei muito bem me comportar com visitas por perto.

- Sei bem... lembro bem como foi da última vez que dormiram aqui... melhor nem me lembrar.

Apenas fiz uma careta e Enrico se levantou ainda comigo no colo. Me colocou no chão suavemente e nos arrumamos para partir. Mas meu maninho nos alugou como sempre.

- Vocês já decidiram finalmente qual será a data desse casamento?

- Ainda não, sua irmã está me enrolando, mas já avisei que sou um homem de família e se demorar para se decidir ficarei mal falado.

Dei um tapa em sua barriga e rimos de sua fala inusitada.

- Não estou te enrolando, apenas temos coisas para resolver antes, mas já aviso que quero algo simples, apenas uma cerimonia para nossa família.

- Você? Aylla Barysh, não quer uma multidão a sua volta? Não te reconheço mais.

- Nossa família será essa multidão. Não precisamos de mais ninguém. Vou me casar porque amo Enrico e não para agradar platéia. Não precisamos de público para proferir nosso amor. Quero apenas as pessoas que, com certeza, estarão lá porque nos amam e torcem de verdade por nossa felicidade.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora