Cap. 15 - Enrico

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- Senhor Enrico... Senhor Enrico... - Ruth interrompeu meu devaneio, me trazendo de volta a realidade.

- Desculpe Ruth. O que você disse mesmo?

- Perguntei se o senhor vai querer seu café aqui na mesa ou tomará com a Aylla no quarto?

- Vou tomar aqui e ela também. Ela está mais disposta hoje.

- Senhor, está tudo bem? Desculpe perguntar, mas é que notei que o senhor não tem saído do lado da Aylla esses dias. Ela está bem mesmo?

- Está sim Ruth. Só estou sendo cauteloso. Não quero que ela se machuque novamente , então achei melhor ficar em casa esses dias.

- Ela anda tão tristinha. Não gosto de vê-la assim. Se tiver algo que eu possa fazer para anima-la senhor, por favor, me diga que farei com gosto.

- Muito obrigado pelo carinho Ruth, o que ela precisa mais que tudo é de sossego. Aylla anda bem estressada e eu quero poupa-la ao máximo de tudo que a incomoda. Conto com você para que nada que a aborreça chegue até ela.

- Fique tranquilo, se depender de mim ela terá paz absoluta. Vou preparar alguns pratos que ela ama. Isso a deixará mais animadinha.

- Ela anda bem quieta, talvez o senhor deva relatar isso ao terapeuta. Ele poderá ajudar de uma forma que talvez nós não possamos.

- Boa ideia Ruth, ligarei hoje mesmo para ele. Obrigado. Já era inclusive para ter falado com ele, mas com tudo o que houve, acabei me esquecendo.

Tomei meu café, sozinho, pois Aylla não quis nem levantar da cama. Não insisti e pedi que Ruth levasse seu café até ela. Fui até o escritório instalado em nosso apartamento e resolvi ligar logo para o terapeuta e pô-lo a par de tudo o que houve com ela. Mas qual não foi minha surpresa ao descobrir que ela havia parado com as sessões há meses.

Uma fúria se instalou em mim. Pois tive a certeza que todas as vezes em que ela me disse que estaria indo para o terapeuta, na verdade estava indo até ele. Aquele maldito filho de uma puta.

Aí entrar no quarto, ela estava deitada, mas conversava com Emma. Ela nem havia tocado em seu café, então tomei o celular de sua mão e a confrontei.

- Por que não me avisou que havia parado com as sessões de terapia?

- Devolva meu celular - me disse ríspida.

- Não devolverei até me contar por que não está indo para as consultas e tem mentido na minha cara.

- Não me adaptei com ele, só isso.

- Então por que não procurou por outro médico?

- E por que você acha que preciso de terapia. Já falei tudo o que precisava, desabafei, chorei e nada mudou. Continuo a mesma fudida de sempre. Como pode ver... - disse, apontando para ela mesma. - ... nada mudou.

- Você sabe bem o que acontece quando não está bem.

- Eu vou ficar bem e sem ajuda de um profissional.

- Tem certeza? Você chora o tempo todo e muitas vezes sem um motivo aparente, não fica em seu trabalho como antes, se prendeu aos seus sobrinhos como se sua vida dependesse disso. Não me encara de frente mais, sempre que pode me evita e tem rompantes do nada. Se isso não é motivo suficiente para procurar um profissional, não sei qual seria. Todos estão muito preocupados com você amor. Principalmente eu.

- Acho que tem gente demais cuidando da minha vida e sabe o que vou fazer? Mandar todos irem se fuder, a começar por você.

- Pode me mandar pra onde você quiser, mas sou o único que tem direito a saber tudo sobre você, pois moramos juntos e serei teu marido. Isso é o mínimo que exijo. Que seja franca comigo e não me esconda coisas como essa. Você sabe o quanto essas consultas estavam te ajudando e agora? Está se sentindo melhor? Porque não é o que eu vejo aqui.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora