Cap. 12 - Enrico

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Outra coisa que achei um pouco estranho foi que, de uma hora para outra, Natalie passou a ligar para ela e até mesmo saíram juntas algumas vezes. Claro que queria que Aylla fosse próxima de minhas irmãs. Adorava como ela e Isa eram amigas e de como mimava Julia e sua barriga imensa de grávida. Mas essa amizade repentina com minha irmã Natalie, realmente me intrigava um pouco. E tudo começou depois de sua queda na casa de Karim.

Decidi esfriar a cabeça com um banho de piscina, pois estava fervilhando com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Aqueles últimos meses haviam sido uma provação. Por sorte, consegui colocar as coisas nos eixos em minha empresa, após meses tratando só do essencial. As contas que antes não fechava, havíamos posto em ordem e nenhum problema ocorreu com meus hotéis. Consegui limpar meu nome com os hóspedes que tiveram prejuízo e a imprensa nem ficou sabendo, para minha sorte e credibilidade. Eu sabia que tudo aquilo havia sido plantado para me prejudicar. E torcia para que não tivesse o dedo daquele maldito. Não queria parecer paranoico ou com mania de perseguição, mas tudo apontava que era coisa dele.

Quando sai fui direto para o banheiro para tomar uma ducha quente, mas a porta estava fechada. Só então notei que Aylla não estava na cama. Fiquei furioso, pois nunca tivemos esse tipo de coisa. Sempre usávamos o banheiro com a porta aberta, mesmo porque, fazíamos tudo juntos. Ouvi que o chuveiro estava ligado e me sentei na cama, apenas com uma toalha amarrada na cintura e de cara fechada.

- Por que se trancou no banheiro? - a indaguei assim que saiu secando os cabelos. Ela tomou um susto ao me ver e ficou sem jeito.

- Nem percebi, devo ter trancado e nem notei, desculpe. - Ela tentou passar por mim, mas a segurei pelo pulso e ergui seu braço na altura dos seus olhos.

- Que marcas são essas em seus pulsos?

- Acho que nos empolgam...

- Não brinca com minha inteligência. Não te seguro forte a ponto de te marcar. A única vez foi em Salvador e você sabe que nunca mais farei aquilo.

- Eu não sei o que deve ser, Enrico. Provavelmente é de alguma obra. Você sabe que não paro quieta. Estou ensinando krav maga para algumas mulheres na ONG. Pode ter sido isso. Você sabe que essa é uma luta muito complicada de aprender.

- Você ainda insiste em achar que sou idiota, Aylla? É sério que vai continuar com isso?

- Por que não cuida da sua vida um pouco, Enrico. Você está me sufocando com esse cuidado excessivo.

- Agora o problema é o meu cuidado e não essas manchas que tem aparecido frequentemente em seu corpo? Ou acha que não notei que já chegou assim antes?

- Amor - disse, abaixando o tom de voz. - Eu dou aula para uma cambada de pirralhos que só sabem dar chutes e mordidas, todos foram maltratados e acham que eu ainda sou uma ameaça. Isso inclui as mães agredidas deles. Você acha mesmo que tem como eu chegar inteira em casa? Eu tento não ser atacada, mas você como lutador sabe bem como é isso.

Me mantive sentado. Ela subiu na cama e percebi que tirou a toalha. Passou as mãos por meus ombros, fazendo movimentos leves e contínuos, descendo para meus braços e subindo passando as pontas dos dedos, me causando arrepios por todo corpo. Fechei os olhos sentindo seu hálito bem próximo ao meu pescoço e sua língua quente o circundou, me fazendo ficar duro na mesma hora. Depois segurou em minha cabeça e a virou para que eu a beijasse. Senti os bicos de seus seios roçando minhas costas e me desarmei no mesmo instante. Me virei para trás e a joguei na cama. Passei minhas mãos por todo seu corpo, sentindo o quanto estava quente e ofegante. Meus olhos paralisaram nos dela e senti sua respiração descompassada. Aylla irradiava desejo e paixão e aquilo ficava estampado em seu rosto. Beijei-a suavemente, mas sem interromper aquele momento. Sem desgrudar nossos lábios, a sentei de frente em meu colo e nos encaixamos perfeitamente, um de frente para o outro. A penetrei tão lentamente que podia sentia-la se abrir em volta de meu membro que latejava. Com movimentos leves, nossos corpos iam se compactando cada vez mais. Num balé sincronizado de almas e não somente de pele. Quando sentiu seu orgasmos se aproximar, ela jogou a cabeça para trás e sucumbiu ao prazer me levando junto. Gozei de uma forma tão avassaladora que também me joguei para trás, me largando na cama e a trouxe comigo. Ela apenas se deitou em meu peito e permanecemos calados. Sentia que meu coração ia sair pela boca, não pelo esforço físico e sim pelo tamanho da necessidade que sentia por aquela mulher. Quando me acalmei, senti que Aylla havia adormecido. Não movi um músculo com medo de acorda-la e permanecemos naquela posição até o dia amanhecer.

Vidas Cruzadas Parte IVOnde histórias criam vida. Descubra agora