Capitulo 120.

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Stella González, narrando.

Na última semana, eu tive um descolamento de placenta um dia depois de fazer o exame de DNA fetal.

Eu estava na balada com o Henrique e comecei a sentir fortes dores e ter sangramento, no momento, eu pensei está perdendo o neném, mas foi só um descolamento.

E agora estou aqui, totalmente invalida, porque eu não posso fazer absolutamente nada, proibida de botar o pé pra fora de casa a não ser pras consultas, e meu tio ainda colocou todos os funcionários pra me vigiar.

Meus dias são bastante entediantes, porque ou eu tenho que ficar no quarto ou eu tenho que ficar o dia todo lá em baixo, porque não posso subir e descer as escadas. 

E como todas as coisas que meus pais deixaram pra mim, tem uma série de pessoas que cuidam delas, e eu apenas vivo a minha vida de herdeira mimada.

Então, meus dias se resumem, a livros, internet e filmes, já que a minha casa anda extremamente vazia porque o Felipe conseguiu tomar a guarda da minha bonequinha de mim, e agora ela só vem me visitar a cada quinze dias.

Isso aconteceu logo após o aniversário dela, no início do mês.

Eu sei que as vezes eu agia como se eu não tivesse uma filha, tenho consciência dos meus atos. Mas tofa a minha gravidez da Graziella foi conturbada, eu passei um ano sozinha na Dinamarca, quer dizer só eu, a Grazi e uma empregada.

Longe do meu tio e dos meus avós que é a única coisa que me restou da minha família.

Eu até tenho familia paterna, mas depois que meu pai morreu naquele acidente, eles não quiseram mais saber de mim, eu até fui visita-los quando eu ainda era menor, mas não tinha tanta importância pra eles, ficava sempre excluida e largada, e eu pedi a meu tio que não me deixa-se mais ir pra lá.

Então, quando eu voltei da Dinamarca, eu estava pessima, não sentia vontade de sair, eu não queria ver ninguém, não queria que ninguém soubesse da Graziella.

E foi quando meu tio resolveu assumir ela como filha, na festinha de um ano dela.

Foi quando eu passei a voltar a viver a minha vida como se não houvesse consequências, porque eu me sentia livre, me sentia distante de todas as coisas que me machucavam e me faziam mal.

E acabei falhando em ser mãe da Graziella, e agora eu perdi a minha filha.

Eu não sinto raiva dela chamar a Maria Luiza de mãe, porque o meu tio me contou que não foi algo forçado que a Mallu tentou corrigir e o pai dela também.

Então, eu fico feliz que alguém possa dar o amor que eu não pude dar pra ela, obviamente me doi, sinto falta dela aqui em casa, me gritando o tempo todo, fazendo birra.

Mas a culpa agora também fala mais alto, porque muitas vezes eu culpei ela pelos meus problemas, das vezes que eu fui negligente com ela, e tantas outras coisas que eu deixei faltar pra Graziella.

E agora vem a culpa maior, eu estou grávida de novo, e eu não quero cometer os mesmo erros e obviamente, sei que isso vai mexer com ela, me ver sendo pro irmão ou irmã dela, o que eu não fui pra ela.

Por isso, as vezes me bate o desespero como agora, e eu penso muito em quando o bebê nascer, passar a guarda pro pai, e sumir.

Sei lá, talvez volta pra Dinamarca.

Acho que até seria melhor pros meus filhos, não me terem por perto.

Eu queria voltar a ser a Stella, doce, carinhosa, amiga e legal que eu era a uns oito ou nove anos atrás, mas infelizmente eu não consigo, tenho feridas muito profundas e dificeis de cicatrizar.

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