capitulo 106

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Maria Luiza Ferraz, narrando.

O processo pós perda, não está sendo fácil, tem dias que eu consigo lidar bem com a dor, outros dias nem tão bem assim.

Ficar com a Grazi, tem me ajudado bastante, ela é um doce, e a poucos dias quando fomos buscar o pai dela no treino, ela me chamou de mamãe Mallu.

Eu fiquei sem reação, porque foi algo tão natural.

E ela ainda me disse, sabia que você pode me chamar de filha também? Ela é muito esperta.

Ela acabou desabafando sobre a mãe também, que acaba sendo bastante ausente na vida dela, e isso eu sei bem, porque eu fui amiga da mãe dela e ela nunca agiu como se tivesse responsabilidade com a filha, sempre viajou, saiu sem hora ou dia pra volta.

Então ultimamente a Grazi fica mais aqui com a gente do que na casa dela com a mãe e o avô.

Daqui a duas semanas, é aniversário dela, e a mãe dela super madura, deixou claro que eu e o Felipe não seríamos bem-vindos, então, ele resolveu fazer uma mini festa aqui, depois, para curtimos com ela. E de presente, eu resolvi levar minha princesa pra Disney, já que ela é fissurada em princesas, acho que ela vai curtir muito.

Felipe foi jogar fora de Barcelona e hoje a Grazi está com a mãe, então, eu estou na companhia da minha mãe e da minha sogra, porque o Felipe fica preocupado de me deixar sozinha, pois de acordo com ele, ele tem medo de que eu faça alguma besteira, já que tem dias que eu resolvo me culpar muito pelo que aconteceu.

Porque meio que não foi uma perda natural.

Tudo aconteceu quando eu descobri que ele era pai da Grazi, acidentalmente mexendo no aplicativo do nosso plano de saúde, e escondi, fiquei esperando ela me contar, e quando eu não aguentei, eu confrontei ele, nós brigamos feio, eu fiquei algumas horas sem comer, e quando ele saiu pra ir treinar no dia seguinte, eu fui levantar para fazer tudo que eu faço na minha rotina diária e eu me sentir mal, cair da escada, e fiquei desacordada por algumas horas até ele voltar, me achar caída em casa e me levar pro hospital.

Eu estava com três meses de gestação, tive um aborto retido, nos papéis que me deram no hospital, marcava que era uma menina, o que mexeu ainda mais comigo.

Então, as vezes eu me culpo sim, porque por mais que eu não soubesse da gravidez era algo que eu e o Felipe estávamos tentando, tem mais ou menos seis meses, que eu tirei o diu a pedido do Felipe, porque conversamos, e ele falou que queria ser pai, que se sentia pronto, e que se eu tivesse de acordo, ele queria tentar.

E agora, eu preciso admitir pra mim mesma que eu estou um pouco frustada e com medo de não conseguir engravidar.

Embora, eu esteja pesquisando, tomando suplementação hormonal, tudo que possa, me ajudar a engravidar mais rápido.

Inclusive nesse momento, eu estou aqui, entretida, procurando clínicas que façam tratamento pra engravidar.

Talvez seja loucura, mas eu quero tentar.

Só que eu esqueci que não estava sozinha em casa, e estava fazendo essa pesquisa na sala de casa.

— Maria Luiza, é sério isso? - minha mãe diz atrás de mim.

E eu bloqueio meu iPad, rápido.

— Mãe, é feio ficar olhando as coisas do outros. - digo irritada.

— Maria, você sabe que não precisa disso, você não precisa de tratamento nenhum. - minha mãe diz.

— Mallu, o que você precisa, é ter calma, não precisa ter pressa, meu amor. - minha sogra diz.

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