Um dia após o outro

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No quarto do hotel, os passos incertos e o corpo mais leve do que deveria ser. As luzes suaves iluminavam o espaço, refletindo-se nas paredes claras. O quarto era simples, mas elegante, com uma cama enorme e lençóis impecavelmente brancos. Havia um espelho de corpo inteiro em uma das paredes, e ao lado da cama, uma poltrona de couro creme. O cheiro fresco e limpo do ambiente contrastava com a confusão que ainda girava em minha mente. Apenas me perguntando se aguentaria ficar mais 5 minutos em pé.

Jogo a bolsa sobre a poltrona e, com esforço, sentou-me na beira da cama, sentindo a cabeça rodar. O vestido estava amassado, e os saltos, que eu ainda não tinha conseguido tirar, estavam matando seus pés. Passo a mão pelos cabelos, tentando lembrar de tudo o que tinha acontecido na festa, mas a névoa da embriaguez tornava difícil juntar os pedaços.

Ouço em meio dos pensamentos uma batida na porta.

— Ei, está viva aí dentro?— Era Lando, com sua voz leve e divertida, como sempre. Levanto com dificuldade indo até a porta a abrindo com dificuldade. Ele entra com cuidado no quarto com o sorriso estampado no rosto, os olhos brilhando de pura alegria. Ele parecia exultante, com a energia vibrante de quem claramente havia se divertido mais do que o normal naquela noite. — Olha só quem ainda está em pé!— Lando disse, rindo, enquanto se jogava na poltrona ao lado da cama. — Você sumiu depois daquela dança, hein? Foi com... ah, como era o nome dele?— Ele levantou uma sobrancelha, provocador. — Ah, não importa, deve ter sido divertido.

Eu bufo, rindo sem jeito. — Nem lembro o nome dele. Foi só uma dança...

— Sei, sei...—  Lando disse, dando uma piscadela. —Olha, vou te dizer, essa festa foi incrível! Fiquei com umas três pessoas. Sério, estou no auge! Foi perfeito!— Ele jogou a cabeça para trás, rindo alto, claramente satisfeito consigo mesmo.

Mas não estávamos sozinhos por muito tempo. Carlos apareceu logo depois, fechando a porta atrás de si. Ao contrário de Lando, ele parecia mais sério, o olhar reservado é um pouco severo. Ele encostou-se na parede ao lado da porta, cruzando os braços, o rosto com uma expressão difícil de decifrar.

Ele não queria estar ali. Era tão óbvia a expressão de exaustão, talvez estava ali apenas para acompanhar o amigo extremamente feliz sentado em minha frente. Bem provável que Carlos tenha visto coisas de mais, coisas que eu guardarei a 7 chaves, coisa que ele não deveria ter visto, mas ele acompanhou até o fim, mesmo vendo que ele tentou evitar olhar, tentou ignorar, mas era óbvio que ele observou tudo de longe.

Lando, ainda eufórico, ignorava a tensão no ar. — Cara, você perdeu tudo de bom! Essa festa foi demais! Consegui o número de alguém que... meu Deus, só de lembrar!— Ele bateu palmas, rindo.

Carlos forçou um sorriso. — Parece que se divertiram bastante.— Sua voz sem animação alguma, e seu rosto sem expressão me deixava desconfortável. Ele me olhava sério, talvez me julgando pelo que viu e desvio.

Ainda sentada na cama, sentia o clima estranho, mesmo no meio da névoa da bebida. Olho para Carlos, que parecia desconfortável, o que não era típico dele. Certo que viviam brigando, trocando provocações, mas aquele desconforto não era comum, era diferente. Ele parecia... distante.

— Você está bem?— Pergunto, de repente, surpreendendo até a mim mesma. Eu realmente estava demonstrando compreensão e empatia por ele.

Carlos ergueu os olhos rapidamente, como se a pergunta o pegasse de surpresa. — Sim, estou. Só... cansado. A festa foi... longa.

Não faço mais perguntas apenas deixo por isso, mas senti que havia algo mais ali. Os olhos de Carlos evitaram os meus como uma gato correndo da chuva, e mesmo que ele estivesse tentando esconder, havia algo nos gestos, no modo como ele desviava o olhar, que me deixava intrigada. Ele estava incomodado com algo.

At Hing Speed- Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora