Até onde confiar

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CARLOS SAINZ

Depois da qualificação, eu vagava sem pressa pelo paddock, o macacão enrolado na cintura deixando claro que o trabalho do dia já tinha terminado para mim. A garrafa na mão era minha fiel companheira, mas, por alguma razão, parecia que nenhuma gota de água era capaz de aliviar a tensão daquele dia. Ao longe, avistei Isabella e Liam, os dois rindo de algo entre eles, como sempre parecendo alheios a tudo ao redor. Max estava ali perto, visivelmente dividido entre ficar com a equipe e se juntar à conversa descontraída deles. A risada dela — calorosa e cheia de vida — chegava até mim como um golpe suave, com um efeito quase instantâneo de querer rir junto. Aquilo me lembrava a maneira como Lando fazia qualquer um rir, o tipo de risada que é contagiante por natureza.

E foi nesse instante que senti um abraço repentino em volta do pescoço, Lando me balançando de um lado para o outro, me arrancando da visão de Isa.

— E aí! — ele disse, com aquele sorriso de sempre, o dente da frente ligeiramente separado e os olhos brilhando de satisfação. — Olha, acho que gostam de nós por aqui. — Lando apontou de leve para as arquibancadas, onde algumas pessoas gritavam nossos nomes.

— É, parece que sim — respondi, acenando devagar para a torcida, mas meu olhar não demorou a voltar para onde Isabella estava, rindo e jogando os cabelos ao vento enquanto conversava com Liam.

— Tinha algo específico para falar comigo? — perguntei, virando-me de novo para Lando.

— Não preciso de motivo para falar com meu amigo, né? — Ele cruzou os braços, lançando um olhar sarcástico.

— Boné pra frente hoje? Parece meio implicante — provoquei, dando um peteleco no boné dele, que caiu para o chão.

— Impressionante como você sempre nota essas coisas — ele disse, abaixando-se para pegar o boné. — Tô tentando mudar um pouco. Boné pra trás o tempo todo machuca a cabeça.

Ele colocou o boné para trás de novo, quase como um reflexo, e nós dois rimos disso. Mas então outra risada chegou até mim, vinda de longe, e mais uma vez me peguei distraído, observando Isabella e o jeito que seus cabelos brilhavam ao sol enquanto ela ria. Aquilo me tirava da realidade de uma forma quase incompreensível.

— Você tá muito interessado no que tá rolando lá do outro lado — Lando disse, notando minha distração e fazendo um sinal de cabeça em direção aos irmãos. E, antes que eu pudesse responder, ele já estava caminhando na direção deles, e eu fui junto.

— Norris — Liam cumprimentou Lando assim que ele abraçou Isabella. — E aí, Carlos! — Ele parecia um pouco mais animado do que o normal ao me ver, e aquilo me fez rir de leve.

— E aí, Martini, qual é a piada? — Lando, já descontraído, estava mexendo nas pontas dos cabelos de Isa, que voavam na altura de seus olhos. Ela parou de rir aos poucos, enquanto observava.

Eu acenei para Liam, observando Lando dedilhar os fios de Isa, que se mantinha séria agora, mas não disse nada.

— Só estávamos falando de quando éramos crianças, mas a Isabella é um tanto escandalosa, então isso virou a piada — Liam deu de ombros, sorrindo.

Nesse momento, Max se aproximou, batendo de leve na mão de Lando, que riu e se afastou dos cabelos dela, como se tivesse sido pego no flagra.

— Perdi alguma coisa? — Max perguntou, olhando para Isa e depois para nós, sem entender muito.

— Acho que não, Max — ela respondeu, um pouco séria. — Só acho curioso que, de repente, temos uma reunião aqui.

— Acho que pessoas felizes chamam atenção — Max disse, rindo baixo. — Uma boa risada é magnética.

At Hing Speed- Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora