A cortina de nós

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O carro parou em frente ao apartamento, o som dos pneus freando ecoando no silêncio da noite. Carlos desligou o motor, mas o clima tenso ainda pairava entre nós.

— Então, o que fazemos agora? — Carlos perguntou, quebrando o silêncio. Sua expressão era uma mistura de preocupação e ceticismo.

E eu por outro lado, respiro fundo, com o coração acelerado. Era óbvio que a situação tinha se tornado muito mais complicada do que talvez Liam tivesse achado que seria. As risadas e provocações do momento anterior pareceram distantes, substituídas por uma onda de insegurança, não era mais como apenas uma ficada sem pretensão, agora estava muito outras coisas em jogo e se tornou uma missão, um segredo, talvez trabalho, muito maior que qualquer coisa.

— Precisamos... — Eu hesito, tentando encontrar uma forma de me expressar. — Precisamos ser mais convincentes. Se realmente vamos fazer isso, precisamos definir algumas regras.

Para uma pessoa impulsiva e que nunca pensa muito antes de falar, era extremamente incomum vê-la tão calada. Isabella não falar pelos cotovelos? Isso só pode ser brincadeira, não estar sendo impulsiva com as palavras, em situações difíceis ainda mais? Oque está acontecendo aqui? Bom ela está apenas pensando antes de falar. Sei que não é algo fácil de se ver, mas nesse momento só podemos agradecer por tamanha sensatez vindo de nossa fada, afinal essa é só mais uma situação difícil, só um dos problemas.

Carlos me observa calado, seus olhos fixos nos meus, já não me deixavam nervosa, apenas pareciam querer me acalmar sem toques, buscando entender minhas intenções e sendo o mais compreensivo possível. Não tá sendo só difícil pra mim, pra ele também deve está sendo um tanto quanto complicado, fomos pegos de surpresa. Ele se inclinou para frente, interessado.

— Regras? Como assim?

— Não só sobre o que devemos fazer quando estamos juntos, mas também como lidar com Lando e todo o resto dos nossos círculos. Não quero que isso afete nossas amizades, mesmo sabendo que vai, mas precisamos saber onde estamos nos metendo e pelo menos termos uma ideia do que fazer.

Ele franziu a testa. — E se a gente acabar gostando um do outro de verdade?

Eu sinto um frio na barriga subir depressa e se espalhar por todo o meu corpo deixando apenas um arrepio. A ideia me assombra, mas por impulso apenas sorriu de forma provocativa. —Isso nunca vai acontecer.

Ele riu, mas sua risada não alcançou meus olhos. Carlos parecia entender aonde eu queria chegar assim não chegando nem perto dos meus pensamentos.

— Olha, mesmo que você ache que eu sou um profissional em namoros falsos, posso te dar a certeza que eu não faço a mínima ideia do que vamos fazer.

olho pela janela, observando a calmaria do estacionamento. A pressão do que estava por vir me deixava ainda mais ansiosa. — É pelo Liam. E por mim também. Não posso deixar que afete ele, eu sei que consigo, só não faço ideia de como fazer, e isso me enlouquece, porque eu realmente não queria isso, absolutamente era a última coisa que queria.

Carlos assentiu, como se finalmente compreendesse. — Então, vamos fazer isso direito, aprenderemos juntos, e quando acabar, me faça o favor de sumir, para que nunca mais precise passar por isso.

CARLOS SAINZ

A noite se estendeu, e nós dois começamos a discutir os detalhes do relacionamento que nem mesmo existia. A tensão de tudo ainda estava sobre meus ombros.

Com Rebecca eu pude esconder exatamente oque eu queria que fosse feito, afinal estava tudo sobre meu controle, e não era algo que eu realmente precisasse fazer. Não era uma missão. Tá bom que eu não sabia fingir tão bem, mas com o passar do tempo, eu senti que já não era mais um contrato.

At Hing Speed- Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora