A tensão no ar começou a dissipar, e percebi que talvez fosse hora de aliviar um pouco a carga que criamos. Carlos estava com a expressão fechada, mas a curiosidade ainda brilhava em seus olhos, e havia algo quase divertido em discutir nossos casos passados.
— Olha, você pode ser um idiota às vezes, mas isso não muda o fato de que nós dois já passamos por algumas coisas — comecei, decidindo mudar a abordagem.
Ele olhou para mim, seu semblante suavizando um pouco, como se estivesse considerando minhas palavras.
— É verdade. — Carlos assentiu, pegando a garrafa de vinho e servindo mais um pouco em nossos copos. — A lista de ex-namoradas que eu tenho é bem longa. Tem uma que foi tão egocêntrica que era como olhar no espelho.
Sorri ao ouvir isso, imaginando quem poderia ser.
— E você acha que a culpa foi toda dela? — indaguei, brincando. — Ou você também pode ter sido um pouco complicado?
Ele riu, fazendo um gesto exagerado com as mãos.
— Olha, eu sempre fui honesto. Só que, às vezes, honestidade e impulsividade não são a melhor combinação. — Ele deu um gole no vinho, pensativo. — E você? Já se viu no meio de um rolo complicado?
— Ah, muitas vezes! — confessei, divertindo-me. — Tive um cara que simplesmente não parava de falar sobre si mesmo. Eu sempre pensava: "Por que estou aqui?"
— Um verdadeiro centro do universo — ele comentou, com um sorriso maroto. — No fundo, todos nós temos nossos momentos egocêntricos, não é?
— Sim, mas isso não significa que eu vá ficar ignorando quando estou em um relacionamento — repliquei, erguendo meu copo. — Não é justo.
Carlos ergueu seu copo também, o olhar mais leve agora.
— Às vezes, só precisamos de um lembrete para olharmos além de nós mesmos — disse ele, enquanto brindávamos.
— E algumas doses de vinho ajudam — respondi, dando um gole generoso.
A conversa fluiu mais naturalmente a partir daí, e as provocações tornaram-se risadas e histórias engraçadas sobre nossos encontros. Começamos a compartilhar casos mais inusitados, ambos nos divertindo com as lembranças.
— Lembro de uma vez que fui a uma festa e acabei quase dançando em cima de uma mesa — Carlos riu, a expressão mais relaxada. — Todo mundo parou pra me olhar, e eu só pensei: "E se eu caísse?"
— Você, dançando em cima da mesa? Isso deve ter sido uma visão — eu disse, rindo junto. — Eu já fiz algo parecido em uma festa, mas com a diferença de que eu caí.
— Ah, você só estava testando suas habilidades de acrobata! — Ele sorriu, divertido, e parecia um pouco mais próximo.
— Ou talvez eu só tenha sido um pouco impulsiva — brinquei, piscando para ele.
Ele sorriu, e, à medida que a conversa flui, a barreira entre nós parecia cada vez mais fina. Com o vinho escorrendo e as risadas compartilhadas, percebi que, apesar de nossas alfinetadas, havia algo mais ali, uma conexão que ia além das provocações.
— Você sabe — Carlos começou, mais sério agora, mas ainda com um brilho de humor nos olhos. — No fundo, acho que tanto eu quanto você estamos tentando descobrir o que queremos.
— Verdade — respondi, um pouco mais introspectiva. — Nossas complicações fazem parte do que somos, mas não precisamos deixar isso nos definir.
Ele concordou, e o ambiente leve fez com que a conversa fluísse sem pressão, como se estivéssemos apenas explorando nossos próprios labirintos emocionais. O vinho ajudava a dissolver qualquer rancor, e, com cada gole, as barreiras que antes estavam lá foram lentamente se desfazendo.
— Estamos sozinhos no mundo pelo visto.— Ele brinca vendo meu celular acender a tela com um notificação de que fazia horas que não havia nenhuma mensagem.
— Pelo visto, sim.— Dou risada e termino de tomar o vinho.
— Acho que preciso de mais 5 desses...— Carlos também termina o dele.
—Não quero perder o controle.
— É.— Ele Reponde, porém ao olhar para ele, seu olhar pedido e longe me deixam com dúvida.
— No que está pensando?— apoio meu rosto em minha mãe o olhando calmamente.
— Em nada.— Ele sequer olhava para mim, manteve seu olhos no piso branco.
— Esse seu "nada" não me convenceu.— Dou uma risada nasal e abro outro vinho, pondo para nós dois.
— pode encher.— Ele ri. Então eu despejo o vinho até ficar no topo da taça, e faço o mesmo com minha taça.
—Vai estar no Japão?— Ele enfim vira para mim, mas seus olhos sequer paravam quietos, pareciam fugir dos meus a todo custo, e aquilo me fazia pensar, pensar bastante.
— Não, meu pai vai no meu lugar. Vou para o Brasil, tenho uma campanha.— Tomo um gole generoso do vinho e Carlos com cuidado para não derramar, faz o mesmo.
— Então Liam estará sem o amuleto da sorte mais uma vez? Isso é ótimo.— Ele dá uma risada, e então seus olhos paralisam nos meus, e com certeza ele estava me provocando e sua audácia me faz o desafiar, assim encarando seus olhos na mesma destreza.
— Exatamente, completamente sem amuleto, ótima deixa para você fazer magia com seu trator, se é que a Ferrari vai acertar finalmente uma estratégia, inclusive, sequer conseguiu lhe parabenizar formalmente por Austrália.— Ele ergue uma das sobrancelhas e toma o gole do vinho.
— Realmente. Não lembro de ouvir sua voz doce dizendo ¡Estoy tan feliz por ti! Estuviste increíble, diste un espectáculo, fue lo más hermoso que he visto en mi vida. por favor dame la oportunidad de verlo brillar nuevamente cabron!.— Ele afinal a voz me tirando uma risada sarcástica.
— Você realmente estava esperando isso de mim Cabron?— Ele sorri e da de ombros.
— Talvez estivesse, quem sabe?— Dou outra risada e ele faz o mesmo.
— Você foi ótimo, realmente preciso deixar isso claro, porém prepare seu psicológico, porque vai ser Redbull pelo resto do ano, e você e sua Ferrari, bom só tenho o terceiro lugar, aceita? Ou vai deixar o Norris ultrapassar você?— O desafio com os olhos e ele faz o mesmo.
— Vamos vem quem vai ficar em terceiro lugar.— Ele ergue uma das sobrancelhas.
— Ouvi dizer que o Norris está com o melhor carro do Grid esse ano, infelizmente ele ainda não tem a cabeça certa. E bom diga-se de passagem a equipe não ajuda muita, porém confio nele.— Carlos pigarreia e toma um pouco de vinho.
— O que adianta ter o carro e não ter o piloto?— Ele dá uma risada nasal.— Não estou pensando muito nisso. Esse ano é meu último ano na Ferrari, e minha vitória eu já consegui, agora só preciso vencer pela primeira vez em casa e pela primeira e ultima com a Ferrari.
— Nessa eu torço pra você, tenho certeza que irá conseguir, quando estivermos na Espanha, pode ter certeza que minha torcida é sua.— Dou mais um gole generoso.
— Terei sorte então.— Ele acaba o vinho e já enche a taça novamente.
— Se você diz.— olho para a varanda vendo o céu escurecer gradativamente.— Desse jeito vai ficar com cirrose.— Ele dá uma risada.
— Se eu estiver feliz...— Ele olha para a garrafa e lhe dá um beijo — Que venha cirrose.
— É...— Dou um gole ainda maior que os outro no vinho.
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At Hing Speed- Carlos Sainz
Fanfiction✸❝Carlos Sainz, um piloto de Fórmula 1 espanhol, vive para a velocidade. Criado apenas para as pistas, Sainz, não é lá a melhor pessoa para se dar um 𝐍𝐚̃𝐨❞ ✸❝ Isa Martini, uma das modelos mais caras de toda a América Latina, conhecida por sua bel...