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Any Gabrielly

Abro um saco de gelo, despejando em uma bacia, coloco um pouco de água e mergulho minha mão nele.

Nos primeiros dois minutos é um pouco incômodo, mas logo minha mão fica dormente e não sinto mais a dor que sentia antes.

Se os médicos não tem solução pra minha dor, eu tenho.

Ligo a TV e deixo a bacia ao meu lado, troco os canais até achar alguma coisa que goste.

Meu telefone toca mas tenho dificuldade pra pegar o mesmo do outro lado do sofá. Quando vejo é Davi fazendo uma chamada de vídeo.

Atendo enquanto olho pra TV

O quê você está fazendo?

— Aliviando minha dor. Por que me ligou?

Não posso ligar pra você?

Você pode enganar qualquer pessoa neste mundo, mas não me engana Davi.

Ok, ok, você venceu. Eu estava preocupado com você.

— Eu estou ótima, estou assistindo um filme que acabei de colocar e estou com o pulso mergulhado no gelo.

Ainda não parou de doer?

— Não, mas já estou acostumada com isso. Já faz um ano que tenho essa dor insuportável.

Eu insisto em dizer que você poderia procurar um especialista fora da cidade, podemos viajar pra Califórnia antes do previsto e procurar um médico pra ter uma segunda opinião.

— Eu já me conformei Davi, não tem mais volta.

Não diz isso Gabrielly.

— Olha Davi, eu já me acostumei, não é a primeira vez que me acostumo com uma dor.

Você tá falando dele?

— Ele foi meu primeiro amor Davi, é normal me sentir assim.

Mas eu ainda acho que você deveria ir ao médico.

— Eu não tenho mais jeito mas você tem, e nós vamos ao médico assim que voltarmos do casamento. Entendeu Senhor?

Senhor é seu avô.

Dou risada afastando o telefone do ouvido.

arrumou as malas?

— Ainda tenho duas semanas pra decidir o que levar.

Você sempre deixa pra última hora Gabrielly, depois a sua mala fica uma bagunça.

— Eu me acho na minha bagunça Davi.

—  Eu vejo, todo dia você me pergunta onde alguma coisa.

— Você tem a memória melhor do que a minha.

Enfim, o fornecedor chegou eu preciso desligar, liguei pra saber se está bem.

— Não se preocupa Davi, não vou me jogar da janela, eu tenho quadros pra pintar.

Pelos menos algo te motiva a continuar viva.

Old MeOnde histórias criam vida. Descubra agora