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Any Gabrielly

Encaro o relógio que parece insistir em girar lentamente, fazendo as horas se arrastarem.

— Eu quero voltar, minhas costas estão doendo. Não deveria ter vindo nesse pronto-socorro.

— Daqui a pouco o médico já vem. - Josh informa enquanto digita em seu telefone.

— Eu acho que ele foi pegar o meu raio-X do outro lado da cidade.

— Você é apressada demais.

— Ou você que é lento demais.

— Ainda acho que você é apressada demais.

— Não vou entrar em outra discussão com você.

— Está com fome? - Questiona quando guarda seu telefone no bolso da calça.

— Um pouco, você espera aqui que eu vou pegar uma coisa pra mim comer. - Faço menção de levantar mas Josh me para. — O quê foi?

— O quê quer comer?

— Eu pego.

— Deixa de ser orgulhosa Any, o quê vai querer comer?

— Não sei, eu vejo quando chegar no supermercado do outro lado da rua.

— Deixa que eu pego uma coisa pra você comer. - Diz ao se levantar.

— Você não sabe o que eu gosto de comer.- Informo.

— Aí você se engana, eu sei muito bem do que você gosta. - Diz convicto.

— Então vamos ver, vamos ver o que você vai trazer.

— Bom, me senti desafiado agora. - Diz ao olhar para os lados. — Não sai daqui e se o médico te chamar me manda uma mensagem, entendeu?

— Eu não tenho o seu número. - Informo.

— Eu não mudei de número.

— Eu perdi o seu número.

Josh pega seu telefone e digita algo, quando o mesmo envia recebo uma mensagem no meu celular.

— Você ainda tem meu número? - Questiono surpresa.

— Nunca apaguei.

Engulo em seco.

— Como tinha certeza que eu tinha o mesmo número?

— Não sabia, agora tenho certeza que você não mudou de número. - Desvio o olhar, encarando o corredor. — Se chamarem você me liga ou manda mensagem, entendeu?

— Eu sou bem grandinha pra ir no médico sozinha.

— Me liga. - Só o que diz antes de sair pelo corredor.

Não sou mais criança, por que chamaria ele?

Pego meu telefone e vejo as mensagens de Heyoon dizendo que os sogros dela estão fazendo uma comida que ela nunca viu na vida.

Respondo um: Diferente as vezes é bom, e desligo o telefone pois não consigo digitar.

Encaro o corredor entediada enquanto o meu exame não fica pronto, não quero mexer no meu telefone pois estou com pouca bateria, então me encosto na parede encarando o teto branco de hospital.

Conto cada lâmpada do corredor até meus olhos ficarem incomodados com a luz, me fazendo ver circulos brancos pra onde eu olhar por alguns minutos.

Eu com meus 27 anos fazendo coisas de criança entediada.

Ouço passos em minha direção e vejo que é Josh, e o cheiro de bolo fesco chega antes dele, fazendo minha barriga roncar.

— Acho que tá tudo bem você comer algo se não for fazer nenhum outro exame. - Josh diz ao deixar uma sacola de papel sobre as minhas coxas.

Old MeOnde histórias criam vida. Descubra agora