CAPÍTULO 02

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O carro para na frente da minha casa. A rua está deserta; o Tay está dirigindo, com a Camila ao seu lado no banco da frente, e eu fico atrás. Eu sabia que naquela noite não ia conseguir esquecer o Luke tão cedo. Ele me protegeu mais como uma irmã, e isso não poderia ser mais complicado.

- Bom, chegamos - diz Camila, virando-se no banco para olhar para mim.

- Cole, me desculpa mesmo, tá? - diz Tay. Eu entendo a que ele se refere, mas não estava chateada. Afinal, eles não tinham culpa pelo ocorrido. Eu realmente gostei de como o Luke me protegeu, embora não fosse confessar isso a eles.

Tay me dá um sorriso tenso, como se estivesse envergonhado por algo que não podia controlar. Apenas dou um sorriso curto a ele, mostrando que estava tudo bem e que realmente não me importava com aquilo. O que me chateou foi o fato de ele ter me tratado como uma irmã.

- Tudo bem - falo com a voz mais calma possível.

- Vamos te dar o cachê depois, para a gente gastar - Camila sorri de orelha a orelha.

- Certo, já vou indo.

Saio do carro e vou até o veículo onde Camila está sentada. Ela abaixa o vidro e me dá um beijo no rosto. Rapidamente, me viro e começo a caminhar em direção à minha casa. Está um pouco frio, mas nada que eu não possa aguentar.

- Te amo - ela grita para mim, e eu a vejo parada ali. Nos conhecemos desde pequenas e a amo como uma irmã.

- Também te amo - respondo com um sorriso curto no rosto.

Eles sempre esperam eu entrar em casa antes de ir embora, por causa do horário. Entro, subo as escadas e vou para o meu quarto, deitando-me na cama. Relembro o que aconteceu no bar naquela noite: Luke ameaçou aquele homem e eu me senti protegida de verdade. Luke sempre me defendeu desde criança, mas agora não éramos mais crianças. Para ele, eu ainda era.

Adormeço com esses pensamentos sobre o Luke. Sei que não devo me envolver, mas achar ele legal eu posso. Me arrumo e desço as escadas. Hoje é domingo e não tenho planos.

O cheiro do café da manhã me invade assim que entro na cozinha. Meu pai adora preparar as refeições da manhã. Ainda estou no meu modo zumbi quando ele fala comigo.

- Bom dia, Nicole! - diz meu pai, enquanto prepara panquecas.

- Bom dia. Cadê a mamãe e a Mia? - falo com a voz cheia de sono.

- Aqui estamos nós.

Uma voz feminina doce vem de trás de mim. Minha mãe, que já sabia da minha presença, aparece com a Mia vestida para a praia. Faço uma pequena careta para a Mia.

- Vão sair? - pergunto.

- Sim, vamos. Minhas amigas me chamaram para ir à praia.

Lembro da última vez que fui com minha mãe. As amigas dela me fizeram perguntas constrangedoras. Prometi a mim mesma nunca mais ir a qualquer lugar com elas.

- Não vou ficar aqui, mãe.

- Certo. Eu queria que seu pai fosse.

Vou ficar sozinha, mas não me importo. Vou assistir a algo ou ligar para a Camila para ver se ela tem planos. Às vezes, ela fica na minha casa e eu na dela, e é assim que nos divertimos. Mas pode ser que esteja querendo demais ir para a casa dela.

- Vou ficar com a Camila, mãe.

- Tá certo, querida.

Minha mãe beija meu pai e, ao olhar para a Mia, me aproximo dela, enquanto meus pais estão distraídos um com o outro. Mia está mexendo no celular.

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