CAPÍTULO 31

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Ao chegar à casa da minha mãe com as sacolas de compras, sinto um calor familiar e reconfortante. A cozinha está repleta do aroma de algo assando, e vejo minha avó se movendo calmamente entre os armários. Na sala, minha mãe e meu avô estão com Mia, que corre animada ao redor dos móveis, e no balcão, Otávio está com uma taça de vinho nas mãos. Assim que ele me vê, larga o copo e se aproxima.

— Será que podemos conversar lá fora um pouco? — ele pergunta com um olhar sério.

Assinto com a cabeça, intrigada e um pouco tensa, sem saber o que ele pode querer conversar em particular. Deixo as sacolas no chão e o sigo até a porta da frente. Assim que saímos, ele a fecha, isolando-nos do som e da movimentação dentro da casa.

— Fiquei sabendo que o Luke voltou — ele começa, e levanto a sobrancelha, tentando decifrar suas intenções. — E, pelo que soube, ele tem feito umas ameaças e... outras coisas.

Minha confusão só aumenta, sem entender onde ele quer chegar com isso.

— E o que eu tenho a ver com isso? — pergunto, tentando manter a calma, embora meu coração esteja acelerado.

Otávio me encara fixamente, o tom de sua voz ganhando uma frieza quase ameaçadora.

— Todos sabemos que ele... tem um carinho muito grande por você. Não precisa falar com ele sobre nossa conversa naquele dia. Se você fizer isso, muitas pessoas podem sair machucadas... incluindo sua irmã.

Meu estômago se revira ao ouvir as palavras dele. Está insinuando que minha irmã está em risco caso eu conte algo ao Luke? Um nó de raiva e incredulidade se forma na minha garganta.

— Você está ameaçando minha irmã? — digo com a voz trêmula, tentando conter a indignação.

Ele ergue as mãos num gesto de falsa calma.

— Calma, Nicole. Só estou dizendo que o Luke não ia gostar de saber. E você conhece o temperamento dele.

Faço uma pausa, minha mente rodando com possibilidades, mas tento me manter firme. Queria esmagá-lo aqui mesmo, mas ninguém ia acreditar em mim e no que ele disse, principalmente minha mãe.

— Não ouse ameaçar minha irmã, Otávio. E, embora eu não vá falar nada para o Luke, isso não é por você. É porque não quero que ninguém se machuque por minha causa... nem você.

Ele sorri, mas há algo de perverso nesse sorriso.

— Fico mais tranquilo em saber.

Ele abre a porta e entra novamente. Fico lá fora, tentando me recompor, enquanto uma angústia crescente me domina. Bem que Luke avisou: Otávio é perigoso, estou tão furiosa que meu corpo treme.

🦂

Depois de passar o resto da tarde com meus avós, começo a me arrumar, embora já esteja arrependida da escolha da roupa que comprei por sugestão do Gael. Visto o short preto de cintura alta e o top dourado, que brilham tanto que sinto que vão me fazer sobressair de longe. Acrescento um salto alto, que deixa meu visual ainda mais marcante.

Logo, o carro de Camila para na frente da casa da minha mãe. Assim que entro, Gael bate palmas e faz uma expressão exagerada.

— Retiro o que eu disse! Que deusa é essa? — comenta ele, e eu reviro os olhos, embora não consiga evitar um sorriso.

— Tenho que concordar. Tá tão gata — diz Camila, com um sorriso malicioso enquanto liga o carro.

Dou um sorriso tímido para os dois, e o caminho é tranquilo, embora minha mente esteja a mil. Depois de alguns minutos, chegamos a um galpão enorme, mas diferente daquele da última vez. Há menos pessoas e o ambiente parece mais reservado, ainda assim sombrio, com uma energia quase sombria no ar.

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