CAPÍTULO 25

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Chego na casa da minha mãe e, cansada, me deito no quarto. Mia está ao meu lado, relaxada e com os fones de ouvido, ouvindo música e balançando a cabeça de leve ao ritmo. Olho para o teto, tentando acalmar a fome que já está começando a incomodar.

- Que horas é esse almoço? - pergunto, tentando disfarçar a impaciência.

- Ela falou que era às 7 horas - responde Mia, sem tirar os olhos do celular.

Suspiro, já cansada de esperar. A fome aperta, e decido que é melhor começar a me arrumar para o jantar. Vou até o banheiro e tomo um banho rápido, deixando a água quente aliviar um pouco do cansaço do dia. Em seguida, visto um vestido roxo simples, todo liso, com uma faixa na cintura que o ajusta levemente. É discreto, mas gosto de como ele cai, elegante na medida certa.

Assim que saio do banheiro e volto para o quarto, Mia insiste em fazer uma maquiagem leve em mim. Tento protestar, mas ela se mantém firme, com aquele olhar decidido, e acabo cedendo. Ela passa um pouco de blush e rímel, dizendo que "não custa nada" eu me arrumar um pouco mais.

Quando termino de me arrumar e saio do quarto, vejo minha avó me esperando na sala. Ela me olha com tanto carinho que seu rosto se ilumina, abrindo um sorriso que derrete meu coração.

- Minha bonequinha tá tão linda! - ela diz, e eu sorrio de volta, sentindo o calor do amor dela me envolver.

Minha mãe sai da cozinha nesse momento, enxugando as mãos e se aproximando. Ela me abraça e segura meu rosto com as duas mãos, me olhando com aquele orgulho que só uma mãe tem.

- Otávio, traga o seu irmão pra conhecer ela - ela diz, chamando a atenção de Otávio, que está mais ao fundo na sala.

Olho na direção que ela indica e vejo Otávio vindo acompanhado de um homem... e meu coração dispara ao reconhecer o rosto. É Quin, o homem do bar. Fico estática, com a boca levemente entreaberta de surpresa. Não acredito que ele está aqui, tão próximo. Meu sorriso some, e por um segundo, sinto o sangue esquentar no rosto. Se Luke visse isso, ele com certeza não ia gostar.

- Nicole - ele diz, estendendo a mão para mim com um olhar firme, direto.

- Vocês se conhecem? - pergunta minha mãe.

- Ah... - sorrio sem jeito.

- A gente se viu uma vez - responde Quinn.

Olho para a mão dele e, hesitante, levanto a minha para cumprimentá-lo. Nossas mãos se tocam brevemente, e rapidamente solto, evitando prolongar o contato. Ele levanta uma sobrancelha e me dá um sorriso que mistura charme e provocação.

Nesse momento, meu avô atravessa a sala e me puxa para um abraço caloroso. Ele me dá um beijo carinhoso no rosto e, com a voz cheia de afeto, diz:

- Minha neta sempre gostou de comer salmão! - todos riem, o que deixa o ambiente mais leve.

Sorrio, tentando relaxar, mas sinto o olhar de Quinn ainda sobre mim. Tento manter a compostura, mas não consigo ignorar a sensação incômoda. Me afasto aos poucos, indo em direção à varanda. Luke certamente não ficaria feliz ao saber que Quin está aqui, e isso me deixa inquieta. Mesmo sem entender bem por quê, o desconforto cresce.

Na varanda, me sento em uma das cadeiras novas que minha mãe colocou recentemente. O ar fresco da noite ajuda a clarear meus pensamentos.

Me sento na cadeira e decido ligar para meu pai. O telefone chama uma, duas vezes, até que ele atende. Pelo som, parece que ele estava rindo.

- Oi, querida?

- Oi, pai, tá saindo?

- Ah sim, querida, tô aqui bebendo um pouco com uns amigos.

- Muito bom, pai. Saber que o senhor tá se divertindo. - Eu fiquei muito feliz em saber que meu pai finalmente estava seguindo a vida.

- E você, querida, como tão seus avós?

- Muito bem. Eles tão se divertindo muito e querem que eu vá pra casa deles.

- Seria muito bom, querida, mas nas férias, tá?

- Tá certo, pai. Vai lá se divertir, amanhã vou pra casa.

- Certo, querida. Beijo.

Desligo a ligação e coloco o celular no colo, olhando para a rua tranquila e silenciosa. Poucas pessoas passam, e o ambiente parece parado, quase em paz.

- Veio tomar um ar?

Viro-me e vejo Quin parado na porta, me observando. A presença dele me incomoda, então volto a olhar para frente, tentando ignorá-lo.

- Não faz assim - ele diz, contornando a cadeira até se sentar ao meu lado. - Acho que o Luke te falou algo sobre mim.

- Não, ele não falou nada.

Ele ri, e a risada é um pouco alta, cortando o silêncio. Olho discretamente ao redor, com medo de que alguém escute. É verdade, Luke não me falou nada específico sobre ele, apenas deixou claro que não gostava do Quinn, mas... o que isso tem a ver comigo? Absolutamente nada.

- Ele falou, tenho certeza! Mas me diga, o que você é? É a namorada dele?

- Não, a gente é amigo e sou melhor amiga da irmã dele.

- E por que ele te protege tanto? - ele me olhava como se estivesse realmente curioso.

- Não sei, pergunta a ele - falei irônica.

Quin olha para os lados, como se tivesse um segredo prestes a revelar. Ele se inclina, aproximando-se até meu ouvido, e sussurra em um tom provocador:

- Não, meu chefe não ia gostar e eu não seria louco com o temperamento do Luke.

Fico confusa, tentando entender o que ele quer dizer. Quem é esse chefe? O quê? Meu rosto certamente mostra minha confusão, e Quinn percebe.

- Você não conhece realmente o Luke!

- Por que seu chefe não gostaria?

- Vamos deixar isso pra lá.

Queria que ele continuasse falando, mas nesse instante vejo minha mãe acenando da porta, fazendo um gesto para que voltássemos para dentro. Reviro os olhos, um pouco frustrada, e me levanto.

- Vamos, minha mãe tá chamando.

O almoço foi bem tranquilo. Nos sentamos à mesa, e todos conversavam enquanto comíamos. Eu estava distraída, mas então ouvi meu avô perguntar:

- Filha, como vai no banco? - Minha mãe trabalha no banco da cidade, e ele parecia genuinamente interessado.

- Ah... - ela deu um sorriso meio tenso, o que achei estranho. - Bem... Bem...

- Ela dá o melhor de si lá - Otávio interrompeu, tomando a palavra como se quisesse defendê-la.

- Tenho certeza que sim - meu avô sorriu, mas com um ar um pouco desconfiado. Pelo olhar dele, diria que o vovô não simpatizava muito com Otávio.

Continuei calada, comendo e ainda perdida em pensamentos sobre o que Quin tinha dito antes. Depois que o almoço terminou, todos fomos para a sala. Alguns tomavam vinho e Mia estava ao meu lado, sentada confortavelmente na poltrona.

- Atenção, queria um minuto de palavra para todos - Otávio falou em pé no meio da sala, chamando a atenção. - Como todos sabem, eu conheci o amor da minha vida, que me faz querer passar todos os dias ao lado dela.

Meu coração disparou ao ver Otávio se ajoelhar. Não acredito... ele vai pedir...

- Quer casar comigo, Katte?

Ele estava pedindo minha mãe em casamento. Meu coração afundou; uma sensação de angústia cresceu em mim. Eu não queria minha mãe com ele para o resto da vida. Por dentro, tudo em mim gritava para que ela dissesse não.

- Sim. Sim.

As palavras dela ecoaram pela sala, e senti um aperto no peito.

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