CAPÍTULO 26

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Ela o abraça e o beija, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não posso acreditar nisso. Sinto como se meu coração estivesse em um atraso doloroso, tentando processar o que meus olhos veem, mas minha mente recusa aceitar.

Todos ficam em silêncio olhando aquela cena, até meus avôs estão surpresos.

- Mas... vocês não acham que estão cedo demais? - pergunta meu avô, meio indignado.

- É só um noivado, para oficializar. - respondeu Otávio.

Levanto-me rapidamente fazendo todos me olharem e saio em direção à varanda. Sento-me em uma das cadeiras, tentando respirar fundo. Minha mãe realmente quer construir uma nova família e me deixar para trás com minha irmã? É tudo tão rápido, como se eles mal se conhecessem. Esse compromisso parece uma mentira apressada.

A porta da sala se abre, e vejo Otávio vindo em minha direção. Ele se aproxima, parando ao meu lado com uma expressão que não consigo decifrar.

- Nicole - ele fala, me fazendo olhar para ele, e sua voz soa autoritária demais para meu gosto. - Você tem que entender que eu e sua mãe nos amamos.

Meu sangue ferve, e respondo, minha voz carregada de raiva.

- E não podem esperar? Você mal a conhece, e ela mal conhece você.

Ele sorri de lado, como se minha frustração fosse uma irritação infantil.

- Eu não preciso esperar. Sei que a amo, e ela me ama. Você não pode ficar feliz com isso?

- Não, não posso! - minha voz sai mais alta do que esperava, carregada de amargura. - Não acredito em você.

Ele suspira pesadamente e, sem aviso, agarra meu pulso, apertando-o o suficiente para me fazer sentir desconforto, me puxando, fazendo me levantar.

- Me larga! - Tento soltar o braço, mas ele não cede.

- Escuta bem, Nicole - ele diz, aproximando-se ainda mais, e há algo ameaçador em seu tom. - Você tem que aceitar e ficar feliz ou, ao menos, fingir que está. E lembre-se de uma coisa: aqui não tem mais o escorpião para te proteger.

Ele solta meu braço de forma brusca e sai, me deixando ali, atordoada e furiosa. Ele realmente disse isso? Ele ousou falar do Luke, jogando-o na minha cara como se fosse um tipo de ameaça. Meu peito se aperta em revolta. Quem ele pensa que é para falar comigo assim?

Luke não está aqui, e isso torna tudo ainda mais complicado. Mas por que eu teria que fingir felicidade por algo que está me destruindo por dentro? Não consigo aceitar isso... não consigo.

🦂

Comecei a fazer caminhadas pela manhã, o que me ajudava a esquecer um pouco do Luke e minha família também me fazia sentir melhor fisicamente. Eu acordava mais disposta, e meu corpo já começava a responder positivamente. Gael também havia começado a caminhar comigo, querendo perder um pouco de peso.

- Ah, Nicole, sério que você não está ansiosa para o noivado da sua mãe? - ele perguntou, com um tom de curiosidade.

- Não, com certeza não. - Respondi sem hesitar, sabendo que ele não entenderia minha indiferença.

A gente corria em um ritmo bem devagar, já que ele ainda estava se acostumando, e eu, bem, não tinha a menor pressa. O importante era que ele me acompanhava, e eu tentava não focar em mais nada, nem em Otávio.

- Eu tô, e tô muito feliz que você me chamou. - Ele disse, dando alguns pulinhos, fazendo-me rir,  da palhaçada dele.

- Mas eu não odeio o Otávio. - Falei, tentando aliviar a tensão, mas a verdade era que ele me fazia sentir um ódio crescente.

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