CAPÍTULO 28

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Os últimos dias tinham passado arrastados, divididos entre idas à casa do meu pai e da minha mãe. Quando não estava com eles, passava na livraria, onde gostava de ter um tempo com Camila e Gael. Ultimamente, até me aproximei de Emete, que também frequentava o lugar, e parecia mais calmo do que nas primeiras vezes. Quinn, o irmão de Otávio, tentava se aproximar quando estava na casa da minha mãe. Mesmo que Luke tivesse me alertado sobre ele, eu não conseguia achar Quinn tão insuportável quanto Luke fazia parecer.

Mas hoje era diferente: o noivado da minha mãe. A tarde inteira tinha sido dedicada aos preparativos, e eu estava exausta - ainda mais por ter que aguentar Otávio. Vesti um vestido vermelho com um corte que caía pelos ombros e uma fenda na coxa, revelando um pouco da pele, me fazendo sentir confiante e, ao mesmo tempo, um pouco exposta. Já fazia mais de quinze dias desde que Luke foi embora, e a falta que ele fazia era maior do que eu queria admitir. Por fora, tentava disfarçar, mas por dentro estava em um turbilhão de emoções.

Sentada no táxi ao lado de Mia, ajeitava o vestido, tentando esconder a ansiedade e a raiva que surgiam tanto pelo evento quanto pela saudade. Quando chegamos ao local, Quinn me ajudou a descer do carro e ofereceu sua mão. Eu ainda não sabia o que sentir sobre ele - era irritante, mas de um jeito diferente de Otávio.

- Nicole? - Aquela voz inconfundível me fez congelar. Meu coração deu um salto, e me virei devagar, como se estivesse sonhando. Ali estava ele, Luke, com sua jaqueta preta habitual, os olhos escuros cravados em mim com uma intensidade que parecia penetrar minha alma. Meus olhos quase se encheram de lágrimas, mas me obriguei a segurá-las. Vê-lo de novo era um misto de alegria e angústia - uma parte de mim queria correr para ele, mas outra sabia que não podia.

- Luke... - murmurei, a voz quase falhando. Ele abriu aquele sorriso torto e perigoso, o tipo de sorriso que fazia qualquer um questionar o que ele estava pensando.

Mas quando Quinn voltou do carro, trazendo Mia, o rosto de Luke mudou num instante, transformando-se em uma máscara de frieza e raiva silenciosa. Meu corpo reagiu com um arrepio involuntário; não era medo - era um magnetismo sombrio, intenso, que me mantinha ali, paralisada.

- Nicole, vamos? - chamou Quinn, tentando ser casual, mas os olhos dele iam de mim para Luke, nervosos. Ele parecia saber exatamente com quem estava lidando e hesitava, sem saber se devia insistir ou recuar.

- Mas que diabos você está fazendo aqui? - A voz de Luke soou grave, ameaçadora, e seus olhos refletiam uma fúria mal contida. Quinn se encolheu sob o olhar dele e, virando-se para mim, tentou manter a compostura.

- Estamos no tratado de paz - respondeu Quinn, tentando parecer firme.

- Mexe com o que é meu e verá a sua paz. - A ameaça na voz de Luke era clara, e eu podia ver o fogo nos olhos dele, um ardor possessivo que só aumentava meu desejo e me deixava ainda mais inquieta.

- Estou nos limites - Quinn respondeu, engolindo em seco. - Vamos, Nicole?

Luke soltou uma risada curta, seca, com um toque de ironia que fez meu coração acelerar ainda mais.

- Ela não vai. - A firmeza na voz dele era como um golpe direto no ego de Quinn, que recuou, intimidado. Luke sempre fora agressivo, mas vê-lo assim, tão decidido, me deixava vulnerável, incapaz de dizer qualquer coisa.

- Quinn, me deixa conversar com ele. Eu já vou. - Quinn hesitou, mas assentiu e se afastou um pouco, vi Mia entrando sozinha no salão.

Assim que eles se afastaram, Luke deu um passo à frente, seus olhos brilhando com uma provocação que dançava nos lábios dele.

- Arrumou um capacho, cobrinha? - ele provocou, com aquele olhar intenso que fazia meu coração disparar. Revirei os olhos, tentando controlar as reações que seu tom me causava.

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