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CAPÍTULO 42

Já estava sentindo o cansaço pesar nas pálpebras quando Luke me guiou até o estacionamento. O ar da noite estava fresco, cortando a fumaça da boate e os resquícios de música alta que ainda ecoavam na minha cabeça. Entrei no carro dele, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação, e logo ele se acomodou ao meu lado, assumindo o volante com aquele jeito seguro e confiante.

- Espero que você tenha se divertido - ele disse, com um sorriso leve e um brilho nos olhos que fazia parecer que cada detalhe meu importava.

- Sim, me diverti muito - respondi, e o sorriso dele se alargou, como se aquela confirmação fosse o que ele esperava ouvir.

Ele estendeu a mão, passando suavemente pelos fios do meu cabelo, entrelaçando-os entre os dedos, um toque que despertou uma onda de calor e formigamento que subiu pelo meu corpo. Os olhos dele encontraram os meus, e a intensidade no seu olhar me prendeu, me puxando para uma quietude estranha e intensa.

- Quero que você fique na minha casa hoje - ele disse, com uma voz baixa, quase um sussurro, que fez meu coração acelerar e a mente girar em possibilidades.

De imediato, senti o rosto corar e minha expressão deve ter denunciado meus pensamentos, pois ele logo esclareceu, com um leve sorriso nos lábios.

- Calma, Nicole, é só pra dormir mesmo. Só dormir, prefiro você na minha casa!

Assenti com um pequeno aceno, mas sentia o coração batendo mais rápido. Só dormir. Aquela ideia parecia quase inofensiva, mas ao mesmo tempo trazia uma tensão indefinida. A presença dele, o jeito como ele falava, me fazia questionar se eu conseguiria manter a calma.

- Só dormir? - repeti, mais para ter certeza, uma mistura de alívio e uma pontinha de decepção se misturando no meu tom.

Ele assentiu, mas havia um leve sorriso no canto dos lábios, quase desafiador.

- É só dormir. Nada mais. - Aquelas palavras, ditas com aquela voz grave e profunda, continham uma carga de promessas e expectativas, e, ainda assim, ele parecia sincero.

- É... um pouco confuso essa sua proposta - admiti, rindo sem graça, tentando aliviar o nervosismo que crescia dentro de mim.

Ele deu uma risada baixa, aquele tipo de risada que fazia os pelos do meu braço se arrepiarem, e voltou a me observar, deixando o carro em silêncio por um momento antes de falar.

- Sabe, nunca fiz essa proposta para uma garota. Todas que eu levei para casa... bem, não era só para dormir. - Ele deixou a frase no ar, seus olhos ainda me encarando, enquanto o calor subia pelas minhas bochechas, me fazendo desviar o olhar por um instante.

Por alguma razão, isso me fez sentir algo que eu não sabia explicar - uma espécie de exclusividade inesperada, como se houvesse algo especial e diferente no que ele queria comigo. Como se, de alguma forma, ele me visse de um jeito diferente de todas as outras.

- Tudo bem, só vou mandar uma mensagem para minha mãe pra ela não se preocupar - murmurei, tentando parecer casual, enquanto pegava o celular, mas sentindo uma ansiedade crescente que se misturava com uma satisfação inesperada.

Ele sorriu de canto, satisfeito, e voltou a atenção para a estrada. Enquanto dirigia, ele manteve uma das mãos no volante e, de vez em quando, lançava olhares furtivos na minha direção, como se quisesse ter certeza de que eu ainda estava ali, e que eu realmente tinha aceitado a proposta.

A noite parecia nos envolver, cada quilômetro percorrido intensificava aquele clima entre nós.

🦂

Seguimos por uma estrada ladeada por árvores, onde a única iluminação era a dos faróis do carro, que cortavam a escuridão como uma faca. Quando finalmente paramos, fiquei boquiaberta ao ver a casa: três andares imponentes com um portão enorme de ferra. A casa, ao invés de luxuosa e chamativa, emanava uma atmosfera sombria e reservada, o que parecia se encaixar perfeitamente com a personalidade de Luke.