Saio do carro e caminho em direção à porta da casa, sentindo o peso das últimas horas ainda sobre mim. Luke fica no carro, observando de longe, e parece esperar até eu estar segura. Assim que vou abrir a porta, ela se abre bruscamente, revelando Otávio. Seu rosto carrega uma expressão de preocupação e ansiedade que me irrita profundamente.
Entro, passando por ele sem dizer nada, e sinto o olhar dele me seguir enquanto fecha a porta atrás de mim. A presença dele me incomoda, a tensão no ar é claral, e cada palavra que sai da minha boca vem carregada de frieza e exaustão.
- Você mora aqui agora? - pergunto, lançando um olhar de desdém. Eu sabia que ele dormia aqui algumas vezes, mas nunca soube de uma mudança definitiva.
- Moro. Mas não foi pra isso que esperei você chegar - ele responde, com um tom que tenta ser calmo, mas revela algo que não entendo.
Sua resposta me irrita ainda mais. Ele me esperando? Desde quando Otávio tem alguma coisa a ver com a minha rotina?
- Me esperando? - pergunto, minha voz carregada de impaciência.
- Sim. Por que raios você trouxe o Luke aqui?
- Ele que quis vir - digo em um tom seco, sem perder tempo em justificativas. Quero que ele entenda que eu não tenho obrigação de explicar nada para ele.
A expressão de pânico que surge no rosto dele me traz uma sensação estranha de satisfação, mas me mantenho impassível. Ele realmente achava que eu me importaria com as paranoias dele? Mas se o Luke descobrisse ele estaria mesmo em perigo.
- Ele quis? Você falou alguma coisa pra ele? - ele pergunta, quase suplicando.
Faço um esforço para não revirar os olhos. Respondo de maneira fria e direta, sem nem pensar duas vezes.
- Não falei nada.
Ele balança a cabeça, visivelmente perturbado, como se processasse a situação. Sua expressão confusa e frustrada só me faz querer ir para o meu quarto e encerrar essa conversa o mais rápido possível.
- Entendi... então ele só quer me mandar um sinal - ele murmura, mais para si mesmo do que para mim.
Dou de ombros, indiferente, enquanto sinto a raiva queimando em meu peito. Por que ele acha que pode questionar minhas ações, me analisar dessa forma?
- Vou dormir - digo, com a voz cortante, deixando-o sozinho com seus próprios pensamentos.
Sem olhar para trás, entro no quarto, ignorando a presença dele. Sinto a adrenalina ainda pulsando no meu corpo, mas me recuso a dar a ele a satisfação de me ver abalada.
🦂
A manhã passou como um verdadeiro desastre. Sussurros e olhares estranhos me perseguiam pelos corredores da escola. Algumas pessoas estavam falando sobre mim e Luke, e eu mal conseguia entender de onde isso tinha surgido. Até as gêmeas, Yane e Wane, me cercaram, fazendo perguntas que me deixaram desconfortável. Neguei tudo, claro. A última coisa que queria era que Camila soubesse, até porque... nem eu mesma sei o que tenho com o Luke.
- Onde esses livros vão? - Gael perguntou, tirando-me dos meus pensamentos com um toque de leveza na voz.
Olhei para ele, ainda meio perdida.
- Fileira 3, bloco B - respondi, enquanto colocava os livros sobre o balcão.
Ele arqueou uma sobrancelha, me olhando de um jeito curioso. Dei um suspiro, sentindo que precisava desabafar um pouco.
- O que foi? - perguntou, percebendo que ele me observava há algum tempo.
- Estava pensando... hoje já neguei que estou com o Luke umas quatro vezes.

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GANGSTER
RomanceNicole Forbes é uma garota de 17 anos, muito tímida e recatada, que mora em uma cidade pequena. Sempre foi uma romântica incurável. Sua vida muda quando descobre que Luke Bryan, irmão de sua melhor amiga e chefe de uma gangue, está de volta à cidade...