CAPÍTULO 12

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Ao voltar para casa, tomei um banho rápido para me livrar do cansaço da lavagem de carros. Meu pai havia deixado uma mensagem dizendo que sairíamos para jantar, então coloquei uma calça jeans e uma blusa de manga longa. Ele estava tentando se adaptar a nossa nova vida - uma mudança drástica para nós todos, mas especialmente difícil para ele. Mia tinha ido ficar com a mamãe e seríamos só nós dois. Com a voz um pouco abatida, ele me perguntou no restaurante:

- Então, querida, quer a pizza você mais gosta?

Observei meu pai sentado do outro lado da mesa, com o cardápio aberto. O olhar cansado dele, que antes eu via como uma rocha inabalável, agora parecia um pouco perdido, tentando se ajustar ao que já não era mais o mesmo.

- Pizza de calabresa - respondi, sorrindo, tentando trazer um pouco de normalidade à noite.

Ele soltou uma risada leve, meio nostálgica.

- Sempre a de calabresa, não é?

Dei de ombros, realmente nunca enjoava dessa escolha. Ele chamou o garçom, um homem magro e alto com avental, e pediu uma pizza pequena - um gesto simples, mas que me fez perceber o quanto tudo havia mudado.

Enquanto esperávamos, meu pai me perguntou:

- E a lavagem? Conseguiram bater a meta?

- Quase. Faltou bem pouquinho.

Ele riu quando cobri o rosto com as mãos, fingindo um pequeno drama.

- E quantos carros vocês conseguiram lavar?

- Oito, mas só conseguimos porque o Gael ajudou.

Ele assentiu, parecendo satisfeito.

- Ah, o Gael. Bom saber que vocês voltaram a se falar.

Antes que eu pudesse responder, o olhar de meu pai se fixou na entrada do restaurante.

- Aquele não é o garoto Bryan?

Curiosa, virei-me com um sorriso nos lábios, esperando encontrar Tay, mas o sorriso se desfez assim que vi Luke, com a mão firmemente entrelaçada à de Melody. Meu estômago deu um nó imediato, e senti um aperto desconfortável tomar conta de mim. Por que ele tinha que estar aqui? E por que diabos estava de mãos dadas com Melody? Mordi o interior da bochecha, tentando controlar o ciúme que crescia dentro de mim como uma labareda, queimando cada pedaço de orgulho que me restava.

Luke caminhou em nossa direção, a mão de Melody ainda segura na dele, como se quisesse mostrar que ela lhe pertencia. Melody lançava um sorriso forçado, ela queria me provocar , mas nada disso importava. O olhar dele encontrava o meu, e, por um segundo, senti que ele estava me desafiando, como se soubesse exatamente o que aquilo causava em mim. Respirei fundo, virei-me para meu pai e fixei o olhar, fingindo uma calma que eu definitivamente não sentia.

- Sr. Forbes - ele cumprimentou, parando ao lado da mesa.

Meu pai estendeu a mão para ele, sorrindo como sempre.

- Luke! Como você cresceu. Parece que cada vez que o vejo, está mais alto.

- Na verdade, estou com 1,91 agora - respondeu ele, num tom que carregava um toque de vaidade. Ele lançou um olhar afiado na minha direção, como se quisesse captar cada mínima reação minha, mas mantive meu rosto impassível, na direção do meu pai, não queria fazer contato visual com ele, mesmo com o coração disparado.

- Filho, quer se juntar a nós com sua namorada? - perguntou meu pai, despreocupado.

Senti o sangue gelar nas veias, e, antes que pudesse me conter, deixei escapar em um tom mais seco do que pretendia:

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