CAPÍTULO 22

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A noite estava apenas começando quando Emete chegou, exatamente às seis. Fazia algum tempo que não o via, e seu visual caprichado me chamou atenção de imediato: ele vestia uma camisa preta bem ajustada, com jeans escuros e botas. O perfume discreto que usava misturava-se com o cheiro de asfalto e fumaça ao redor, intensificando a atmosfera.

A festa já estava em pleno vapor quando chegamos, e uma fila enorme se estendia em frente ao local. Havia uma ansiedade elétrica no ar, aquela mistura de conversas altas, luzes piscando e música abafada que escorria pelas paredes. Camila estava ao meu lado, radiante, quase saltando de animação, com um sorriso que ela mal conseguia conter.

Depois de um tempo na fila, finalmente entramos. A multidão nos engoliu, comprimida em um espaço que parecia pequeno demais para tantas pessoas. Subimos na ponta dos pés e desviamos de um grupo aqui e ali, até conseguirmos nos posicionar próximos ao palco, onde a banda já havia começado a tocar. Eram três integrantes: uma garota com voz poderosa, cabelo loiro em um lado e azul no outro, que gritava as notas no microfone como se cada uma tivesse vida própria.

- Vão querer alguma coisa? - perguntou Emete, sua voz quase desaparecendo entre os sons altos.

Camila abriu um sorriso enorme, e nem precisei perguntar para saber a resposta dela.

- Uma vodka com Coca-Cola - respondeu, os olhos brilhando.

Emete se virou para mim, aguardando minha escolha.

- Uma Coca, por favor - respondi com um aceno discreto.

Ele assentiu e desapareceu entre a multidão, enquanto Camila e eu começamos a dançar. O som do rock fazia o chão vibrar, e a batida nos contagiava. Vestidas com roupas que refletiam a essência do rock - eu, com meu short preto, meia-calça de renda, um top e uma jaqueta jeans preta, e uma bota de cano curto; Camila, com sua saia, camiseta de caveira e bota -, nos misturávamos perfeitamente ao ambiente. Sentíamos a batida no peito, e a música soava como uma descarga de energia, nos fazendo saltar e cantar sem nos preocuparmos com mais nada.

Emete logo voltou, equilibrando as bebidas nas mãos enquanto desviava das pessoas. Ele entregou a bebida a Camila e a minha, segurando sua própria cerveja, e então se inclinou em minha direção, quase gritando para ser ouvido.

- Fiquei muito feliz que você veio - disse ele, com um sorriso sincero.

- Por que não aceitaria? - perguntei, um tanto surpresa.

Ele deu de ombros, com um ar de incerteza.

- Sei lá... Achei que você não gostava muito desse tipo de festa.

Eu suspirei, sentindo o peso das últimas semanas e o contraste daquela noite caótica.

- Esses dias, tô um pouco diferente - respondi, dando um gole na minha bebida e me deixando levar pelo ritmo da música que ecoava, envolvida pelo calor da multidão e pelo clima vibrante que parecia afastar, pelo menos por algumas horas, todos os pensamentos que eu tentava esquecer.

Voltamos a dançar, embora Emete apenas balançasse o corpo de leve ao ritmo da música. Camila, por outro lado, já tinha tomado três copos e parecia ainda mais animada, até que se inclinou e cochichou em meu ouvido.

- Vem comigo ao banheiro?

Revirei os olhos, rindo.

- Camila, só você pra me fazer enfrentar essa fila de banheiro.

Ela sorriu com aquele olhar travesso.

- Deixa de reclamar, cole.

Entramos na fila e, à nossa frente, estavam seis garotas. Como eu realmente não precisava ir ao banheiro, a espera me pareceu ainda mais longa e desnecessária.

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