CAPÍTULO 14

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A cabana estava em um local afastado, na floresta, cercada por uma densa vegetação de árvores altas e escuras. Ao longe, podia-se ouvir o murmúrio do vento passando por entre os galhos, um som que contrastava com o ambiente sereno e isolado. Um lago calmo, refletindo a luz tênue da lua, ficava a uma curta distância. Havia uma pequena casa de madeira, rústica, com algumas janelas de vidro que mal podiam ser vistas pela espessura da floresta ao redor. O ambiente tinha uma vibração peculiar, como se tudo ali guardasse segredos que nunca seriam ditos.

O lugar estava longe de ser convencional, mas, de alguma forma, era encantador. Ao redor da fogueira, um grupo de pessoas estava reunido, algumas bebendo e outras espalhadas, como se estivessem em uma espécie de celebração silenciosa. O cheiro de fumaça se misturava com o ar fresco da noite, criando um clima pesado e ao mesmo tempo acolhedor. Quando saí do carro, Gael me seguiu rapidamente.

- Então, aqui não é bonito? - perguntou Camila, saltando do carro ao lado de Luke.

- Sim, é realmente lindo. - respondi, admirando o cenário ao meu redor.

Luke já estava indo em direção à cabana. A madeira da construção parecia envelhecida, com alguns detalhes desgastados pelo tempo, mas ainda assim bonita, com as janelas de vidro refletindo a luz da fogueira. Eu sentia um certo mistério no ar, algo que me fazia querer explorar aquele lugar.

- Vamos nos sentar? - sugeri.

Nos aproximamos da fogueira e nos acomodamos em volta dela, junto com algumas outras pessoas. Gael se sentou ao meu lado, com uma expressão descontraída, observando as pessoas ao redor.

- Aqui é realmente um lugar maravilhoso. - ele comentou, olhando para alguns homens conversando ao redor da fogueira. Sua fala me fez rir.

Camila, com um sorriso travesso, estendeu copos para nós, oferecendo um ponche que parecia ter um toque de frutas. Olhei para o copo de Gael, percebendo que não havia álcool, e decidi que não diria nada. Precisava de algo para me distrair, algo que me tirasse da cabeça as dúvidas que estavam me atormentando.

- Preciso ir ali, volto já. - Camila disse, saindo em direção à cabana. Eu realmente queria vê-la por dentro, mas a presença de Gael ao meu lado era mais do que o suficiente para manter minha mente ocupada.

- Por que você não queria vir? - Gael perguntou, sua voz baixa, como se estivesse tentando entender algo mais profundo. Ele havia me notado pensativa.

Eu hesitei, sem saber como responder sem mencionar o que havia acontecido entre mim e Luke.

- Não queria incomodar. - disse, desviando o olhar.

- Acho que não é incômodo. Aqui é bem tranquilo, bem gostoso de ficar. - Gael sorriu e, por um momento, achei que ele tentava me fazer sentir melhor. Seu olhar encontrou o de um homem careca e barbudo, sentado na fogueira. Eu não pude evitar a risada, e ele fez o mesmo, como se a interação fosse uma brincadeira entre nós.

O clima estava leve, até que o homem da oficina, sentado perto de nós, decidiu contar uma história. Conhecia-o, mas não lembrava seu nome exatamente. Ele pegou um gole da cerveja e começou.

- Vamos contar a história do bar Ponty Ryn. - ele anunciou, chamando a atenção de todos.

Todos ficaram atentos enquanto ele continuava, sua voz carregada de uma tensão sutil, como se a história tivesse mais do que apenas uma moral. Ele começou a falar de um confronto, de uma briga com outros homens, e aos poucos percebi que ele estava falando de algo mais sombrio.

- Estávamos em quatro naquele dia: o Cal, eu, o Tom e o chefe. - ele fez uma pausa e todos sabiam a quem ele se referia como "chefe". - Estávamos bebendo, quando um grupo de homens se aproximou e acusou a gente de pegar seus negócios.

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