CAPÍTULO 40

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Luke parou o carro e saiu também, e enquanto caminhávamos até a porta, a tensão aumentava no ar. Eu tentava me manter calma, mas a presença dele, com toda aquela firmeza, me deixava inquieta. A cada passo, sentia o olhar de Luke me seguindo como uma sombra, uma presença protetora e intimidante ao mesmo tempo. Parei e me virei para encará-lo, ainda com esperanças de fazê-lo desistir.

- Sério, você não precisa... - murmurei, tentando controlar o tom.

Ele parou e me olhou com aqueles olhos intensos, o semblante carregado de determinação.

- Vou entrar, Nicole - disse, com um tom que não deixava espaço para discussão. - Tem alguma coisa que eu não possa ver aí?

Desviei o olhar, sentindo a pressão aumentar.

- Não é só que... - comecei, hesitante.

Ele deu mais um passo à frente, e sua voz agora era mais baixa, quase como um conselho, mas ainda carregava a firmeza que o caracterizava.

- Nicole - ele me interrompeu, o tom mais suave, mas carregado de um significado claro - não vou fazer nada.

Seus olhos se suavizaram por um instante, como se estivesse me dando uma garantia silenciosa. Suspirei e assenti com a cabeça, tentando demonstrar que entendia. Quando bati duas vezes na porta, podia sentir a presença de Luke logo atrás de mim, firme e protetora.

Minha mãe abriu a porta com um sorriso, mas ao ver Luke, o sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão intrigada.

- Querida, seu pai falou que você vinha. Já estava quase ligando. - Ela olhou para mim com um tom de leve preocupação, mas seu olhar logo passou para Luke, e ela ergueu uma sobrancelha.

- Desculpa, mãe, me atrasei um pouco.

Ela olhou por cima do meu ombro, sorrindo, mas com um misto de receio.

- Luke.

- Katte - respondeu ele, com um leve aceno.

- Tô preparando chá com o Otávio, vamos, entrem.

Segui minha mãe até a cozinha, com Luke logo atrás, passos firmes e decididos. Assim que entramos, Otávio, que estava na cozinha, nos viu. Seus olhos se arregalaram por um segundo ao perceber Luke atrás de mim, o nervosismo nítido em seu rosto.

- Katte, visitas? Por que não me disse? - Ele forçou um sorriso, mas era evidente que estava desconfortável, e isso não escapou de Luke, que o observava com um olhar intenso e ameaçador.

Luke não tirava os olhos de Otávio, o encarando com um semblante sombrio e uma postura rígida, como se estivesse analisando cada movimento dele. O clima estava pesado, e até minha mãe parecia perceber a tensão no ar.

- Minha filha não é visita, ela é de casa - disse minha mãe, tentando aliviar o ambiente, mas a tensão era tangível.

- Mas o acompanhante dela é - respondeu Otávio, com um sorriso nervoso, enquanto evitava o olhar penetrante de Luke.

Minha mãe, percebendo o desconforto de todos, tentou mudar o foco.

- Vamos tomar um chá?

- Onde está a Mia, mãe? - perguntei, tentando desviar a atenção.

- No quarto, estudando.

Assenti com a cabeça. Queria ir até lá, mas deixar Luke sozinho aqui não parecia uma boa ideia.

- Vão querer chá? - minha mãe insistiu.

- Não, Katte. Já tô de saída, só vim deixar a Nicole e já vou - respondeu Luke, a voz baixa e carregada, quase ameaçadora, que me fez arrepiar.

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