28. mau caráter

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apollo point of view
📍chácara fernandes – 06:57pm

acordei com uma fresta de luz batendo no meu rosto, eu não tava' no quarto. na verdade, eu estava no sofá da sala, ao lado de bmo. no chão estava o ajota, que carregava uma garrafa de whisky vazia em seus braços, como se fosse um neném. foi aí que eu percebi que tinha dado merda.

tentei buscar na memória lembranças de ontem a noite, mas a única coisa que veio em mente, foi o meu beijo com a luiza antes de subirmos pro camarote pra ver o show do kayblack.

minha cabeça doía de forma absurda e minha boca seca me fez perceber que talvez eu tivesse passado do ponto na bebida. mas o que eu tava estranhando, era o fato de realmente não lembrar das coisas. eu bebi tanto assim?

levantei do sofá com dificuldade, tomando cuidado pra não acordar os caras. se bem que, nesse ponto, nem se caísse um foguete nessa casa eles acordariam.

caminhei até a cozinha e enchi um copo de água, bebendo tudo rapidamente. me lembrei também de ter dito que dormiria com a luiza essa noite, então por que raios eu não tô' com ela?

foi aí que de fato eu comecei a me lembrar de tudo.

eu fiz merda, muita merda. eu beijei outra mina enquanto a luiza estava no banheiro. por pura pressão, ou sei lá, eu só não tava' consciente. trunks tinha me dado balinha pra experimentar, não era muito a minha praia, sou medroso quando o assunto é droga "nova". mas aí eu tomei.

pouco tempo depois, ele começou a querer me botar contra a parede, dizendo coisas como se tivesse desconfiando que eu tivesse ficando com a luiza. neguei até o fim, a primeira pessoa pra quem ele abriria a boca pra contar seria o leo.

então em algum momento, ele disse que só acreditaria se eu beijasse outra mina na frente dele, como forma de "juramento" que eu não tava' mentindo. me sinto um idiota agora, ele me manipulou totalmente. sabia que eu tava fora de mim e faria qualquer coisa pra provar que eu não tava' mentindo. ele sabia.

nessa hora, tudo começou a fazer sentido pra mim. é óbvio que ele sabia, ele só queria um motivo pra me afastar dela e eles poderem ficar de novo.

eu tava puto, muito puto. não acreditava em como esse moleque conseguia ser pau no cu a esse ponto. deixei o copo na pia e subi as escadas, entrando nos quartos um por um pra ver se ele poderia estar lá. eu ia resolver essa porra de uma vez por todas.

mas, infelizmente, o diabo atenta e nem sinal do cuzão eu tinha. ele provavelmente dormiu fora. mas tá' suave, uma hora ele volta e o dele tá' guardado. filho da puta mau caráter!

— apollo, acordado essa hora? – tia liliane diz, saindo do quarto em que ela dormia, um pouco mais na frente. que susto, viado — tá' tudo bem?

— oi, tia, não queria acordar a senhora – falo sem jeito. com que cara eu olho pra ela depois da merda de ontem? — foi mal aí. tá' tudo bem sim.

— tomei um susto com você subindo as escadas – riu fraco e eu também — vou descer pra fazer café daqui a pouco. por que você não toma um banho e descansa? tá' cedo ainda.

— vou fazer isso mesmo – sorri — desculpa mais uma vez.

— imagina.

ela sorriu mais uma vez e entrou novamente no seu quarto. foi aí que eu percebi que não tava' respirando, sepá' que de tanta ansiedade que eu sentia no momento. resolvi fazer o que ela disse e entrei no banho pra ver se conseguia parar de pensar em tanta neurose.

[...]

𝐌𝐀𝐃𝐑𝐔𝐆𝐀𝐃𝐀, 𝖺𝗉𝗈𝗅𝗅𝗈 𝗆𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora