38. cara de idiota

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luiza point of view
📍chácara fernandes

ter ficado com o apollo de novo me despertou sentimentos que nem eu mesma consigo explicar. não era arrependimento, mais tarde até poderia se tornar, mas por enquanto, o que eu sentia era uma pontinha de esperança de que as coisas voltariam ao normal. as vezes me sinto muito boba por perdoar e seguir, porque mesmo que não intencional, o beijo dele com a garota aconteceu. mas, ao mesmo tempo, eu não poderia reclamar disso, ja que também beijei o ajota. é confuso e complicado.

porém, combinei com o apollo que mais tarde conversaríamos sobre isso e sobre como realmente íamos seguir daqui pra frente.

preciso confessar, eu estava gostando de ficar com ele, mas também olhava por outro lado e pensava que isso não fosse bom porque poderia dar um problema maior futuramente. mas é isso, não vou mais bater cabeça com isso por enquanto. vamos se resolver depois e seja o que deus quiser.

depois de sair da sala me certificando de que ninguém tinha nos visto, caminhei até a cozinha afim de beber um copo de água e assim que acabei, fui até a área de lazer da casa, no quintal. pro meu azar, a primeira pessoa que eu vejo vindo na minha direção, é meu querido irmão.

— luiza, que marca é essa no seu pescoço?

foi a primeira coisa que leonardo diz assim que me vê e se aproxima mais, acompanhado de julia. porra apollo, eu te falei pra não deixar marca!

— que marca, leonardo? – ajeito o cabelo na tentativa de tampar. e eu acabei de perceber que sou péssima em disfarçar as coisas — passou do ponto da bebida né? porque 'tá vendo coisa aí.

— vendo coisa? cê' acha que eu sou idiota? – chega mais perto, falando mais alto. acho que fudeu. — parece um chupão, mano.

— que chupão, leo? – julia diz rindo e eu encaro ela, juntamente dele, que também não entendeu — isso foi hoje mais cedo, quando eu 'tava experimentando biquíni no quarto dela, ela abaixou pra pegar meu pod que caiu do bolso e bateu o pescoço na quina da penteadeira.

— exatamente isso, leonardo! que show desnecessário esse seu – digo rapidamente, ajudando na mentira — você não muda nunca, viu?

— espero que você não esteja mentindo pra mim, luiza, você sabe o quanto eu ficaria decepcionado – diz e eu engulo seco, sem jeito. vejo julia piscar pra mim de trás do garoto, me fazendo dar um meio sorriso pra ela — mas ó, vou ir com a julia buscar umas roupas pra ela passar a noite, daqui a pouco 'tô aí de novo.

— 'tá bom.

digo por fim e ele sai, dessa vez de mãos dadas com a menina. antes de ela sair, pisco pra ela rapidamente, como forma de agradecimento.

ela tinha salvado a minha pele e poupado o meu ouvido de ser alugado por dias. não consigo nem imaginar o surto que ele teria se descobrisse o motivo dessa marca. não tenho nem como agradecer essa garota. não sei nem o motivo de ela ter me ajudado naquele momento, mas 'tá bom, eu recompensaria ela de alguma forma quando fosse necessário. e honestamente falando, até que eu 'tô começando a gostar mais dela...

e essa frase que o leonardo disse, entrou na minha mente. eu não tinha pensado por esse lado, pensado que eu estava mentindo pro meu irmão na cara dura e embaixo do nariz dele. ele ficaria mesmo decepcionado comigo.

a maioria das pessoas estavam dentro de casa, uns tomando banho porquê combinaram de jantar fora e outros jogando sinuca na espécie de sala de jogos que tinha na casa.

e eu poderia até ir, mas 'tava extremamente cansada. além do mais, deixei o rolê para os novos "casais da casa" já que pelo que eu vi, só iriam as meninas que chegaram hoje e os meninos que elas tinham ficado em algum momento do dia, que eu perdi pois 'tava ocupada ficando com omeu menino, se é que 'cê me entende.

inclusive, por culpa dele, eu 'tava com o humor uma merda. ele tinha sumido já faz um tempo então provavelmente estava se arrumando pra sair também. agora pra fazer o que lá? também não sei, já que só vai casal e só sobra a alice de solteira. minha cara de poucos amigos devia estar no chão agora, porque eu 'tava criando um 'montão de teorias e inacreditada que ele daria essa brecha depois de hoje. a gente não tinha se resolvido?

eu devo ter muita cara de idiota mesmo.

[...]

o sofá dessa casa 'tava mais confortável que o normal, e eu achava que cairia no sono a qualquer momento, mas foi só escutar a voz do rogério pelo corredor, que meu corpo despertou. ele logo desceu as escadas, usando uma camiseta branca e uma calça cargo preta, junto com um tênis da mesma cor da camisa. eu não 'tô acreditando que ele vai ir mesmo.

— ué japonês, onde 'cê vai arrumado assim? – jota pergunta — vai sair com os cara também?

— ué e 'cê não vai não?

— só se ele quisesse ficar solteiro – kakau diz e jota ri — nenhum dos casados vai, só as meninas que chegaram hoje.

— 'tá me zoando? – apollo perguntou, frustrado — me arrumei 'mó 'bonitão, jurando que geral ia também.

— uai, mas 'cê pode ir – jota volta a dizer — se quiser, a alice vai também e das meninas ela ainda 'tá disponível.

— ih irmão, eu 'tô suave disso – fez careta e logo caminhou até o sofá, se sentando de frente pra mim, mas fiz questão de evitar qualquer contato visual com ele — mas nada a ver isso, não sou obrigado a ficar com ninguém se eu for, né? queria curtir o rolê e 'pá.

— lógico, nada a ver isso né – jota diz, mas logo recebe um tapa fraco de kakau — ai, amor! o que eu fiz?

então pelo visto ele iria mesmo. como homem conseguia ser tapado a esse nível? não é possível. nem terminei de ouvir a conversa, apenas me levantei e saí de lá. indo até o meu quarto afim de ficar sozinha e pensar um pouco sobre tudo.

[...]

𝐌𝐀𝐃𝐑𝐔𝐆𝐀𝐃𝐀, 𝖺𝗉𝗈𝗅𝗅𝗈 𝗆𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora