27. fora de si

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luiza point of view
📍boate honey clube – 03:48pm

eu estava do lado de fora da boate esperando meu uber. saí antes que o pessoal me visse, não queria estragar a noite e nem o show de ninguém. acabou que o barreto percebeu que eu viria embora e quis vir junto. ele disse que também já não estava no pique e preferia ter uma noite de sono boa. você relutou? porque eu não. talvez fosse até melhor ter ele comigo, barretinho era meu protegido.

o uber chegou, entramos no carro e pouco tempo depois já estávamos em casa. abri a porta tentando não fazer barulho pra não acordar meus pais. o efeito da bebida tinha passado quase que completamente, já pude sentir a ressaca moral batendo com força. assim que passo pra parte de dentro, vejo minha mãe sentada no sofá, assistindo algo na tv que eu nem fiz questão de saber o que era.

— oi meus lindos, já chegaram?

— só eu e o barreto, mãe — explico e ela me encara estranhando, mas não pergunta nada — cadê o pai?

— ih' filha, seu pai você sabe como é né, deitou dormiu — diz e barreto ri — adorei sua roupa, barretinho.

— obrigado tia, é nova – deu um sorrisão largo, todo simpático — lu, eu vou subir pra dormir, tô' morto. cê' fica bem?

— fico sim, não se preocupa – falo e ele assente, dando boa noite pra mim e pra minha mãe e subindo as escadas, nos deixando sozinha. minha mãe me encarava curiosa — tá' me deixando com medo me encarando assim.

— você que me deixou com medo chegando em casa a essa hora, ainda mais sendo show daquele artista que você gosta. como é mesmo o nome dele? – diz tentando se lembrar e eu ri, sentando ao seu lado no sofá. ela me abraça de lado e eu relaxo meu corpo — kaublack, né?

— é kayblack, mãe. kay.

— cai ou não cai, tanto faz – fala e eu ri mais ainda. minha mãe é demais — me conta o porquê dessa carinha triste.

— é uma longa história – suspiro fundo, me preparando pra contar — primeiro, vi o apollo beijando uma garota, depois, por impulso e no momento da raiva, beijei o ajota...

— meu deus, filha...

— é a pior parte vem agora – ri de nervoso — dei um tapa na cara do trunks na frente de todo mundo.

ela levou a mão até a boca, chocada. me deu até vontade de rir, nem parecia que naquele momento eu só queria chorar de frustração e raiva.

— mas não foi do nada – explico e ela assente, prestando atenção em cada palavra que saía da minha boca — ele ficou puto porquê eu beijei o ajota, não sei se foi ciúmes ou sei lá, mas ele ia me chamar de puta. obviamente eu não aceitei, por isso o tapa.
 
— você não tá' errada em ter feito isso, filha – diz me fazendo cafuné — me surpreende o ian, que te conhece a tanto tempo e frequenta nossa casa diariamente ter coragem de destilar ódio assim do nada. mesmo se foi por ciúmes, isso não se fala pra ninguém.

— nossa, mãe, na hora eu me senti a pior pessoa do mundo – digo e minha voz embarga. meus olhos enchem de água e eu sinto que vou desmoronar ali mesmo — eu amo ele, ele era meu melhor amigo. e não basta isso, ainda me decepcionei com o apollo. hoje definitivamente não foi meu dia.

— filha, olha, vou ser bem sincera – diz e eu a encaro, prestando atenção — as vezes nem tudo que a pensa realmente é. ele foi infeliz nessa atitude, mas me deixa intrigada pensar que o menino que te olha com aqueles olhos seria capaz de fazer isso. sabe o que eu acho?

— que eu deveria botar fogo em todas as roupas dele?

— isso também, mas... – nem termina de dizer e eu ri. óbvio que eu não faria isso, e óbvio que ela tava' brincando — não, falando sério, acho que você devia conversar com ele, perguntar sobre o ponto de vista dele.

— ai mãe, tem certos momentos que não é necessário saber o ponto de vista do outro – digo, com certa raiva — o outro tem é que se fuder.

— certos momentos, mas esse não é um deles – insistiu — então, pensa que tudo externo pode ter afetado ele. a bebida, as pessoas ao redor, as...

drogas.

falo automaticamente, e uma chave se vira na minha cabeça. me vem um flashback do momento em que trunks coloca bala no copo do garoto. não que isso seja justificativa, mas, realmente, as vezes perdemos a mão quando o assunto é "ficar fora de si".

— toda essas coisas de jovens loucos – minha mãe diz e eu ri — entendo sua raiva, mas antes de tomar qualquer decisão, escuta o que ele tem pra te dizer.

— é, pode ser – finjo me convencer. eu com certeza não queria escutar ele falar nada — eu vou subir, mãe, tô' cansada. obrigada pela conversa e por estar sempre comigo, eu te amo!

— eu te amo, minha princesinha.

diz e me da um beijo no topo da cabeça. levanto do sofá e pego minha bolsa que eu tinha jogado por lá, subindo as escadas e indo em direção ao meu quarto.

nem pensei muito, fui direto pra gaveta da penteadeira, onde tinha alguns baseados bolados que o leo fez pra mim. pelo menos disso eu não podia reclamar, irmãozinho' deixava forte.

deixei o beck em cima da mesinha ao lado da cama e fui tomar meu banho. passaram cerca de vinte minutos que eu estava ali, apenas sentindo a água bater nas minhas costas e escorrer pelo meu corpo.

[...]

𝐌𝐀𝐃𝐑𝐔𝐆𝐀𝐃𝐀, 𝖺𝗉𝗈𝗅𝗅𝗈 𝗆𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora