31. minha versão

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luiza point of view
📍chácara fernandes – 13:45pm

subi pra procurar o cabo do carregador da kakau, que ela jura ter perdido no meu quarto. em que momento eu não sei, sei que ela tava' ficando maluca e se eu não achasse esse cabo tenho certeza que ela teria um treco. cheguei até a oferecer o meu emprestado, mas nada adiantou.

agora eu tava' aqui, revirando as gavetas da minha penteadeira. a porta atrás de mim é aberta e eu penso que poderia ser ela, vindo me ajudar a procurar, mas a voz grave e marcante dele ecoou pelo quarto rapidamente.

— luiza, vamos conversar!

— cara, cê' não cansa não? – nem me dou o trabalho de me virar pra ver ele, apenas continuo fazendo o que eu já estava — me deixa quieta no meu canto, vai.

— cê' não vai achar nada aí, não tem nada pra achar – rolei os olhos entediada com aquela conversa e me viro pra ele — o cabo da kakau tá' com ela, ela só inventou isso pra me ajudar a conseguir falar com você.

— nossa, então foi em vão, porquê não vai rolar – passo por ele e caminho até a porta, tentando abrir a mesma, mas estava trancada — é sério isso? me trancando?

— é só me escutar – fala, se sentando na cama. cruzo os braços e encosto na porta — não vai tomar muito do seu tempo, só preciso que você saiba o que realmente rolou.

— eu sei muito bem o que rolou, vi com meus próprios olhos – falo já irritada — abre a porta antes que eu grite o nome do leonardo, aí você se explica com ele.

— grita a vontade, ele não tá' em casa – beleza, isso tá' realmente me tirando do sério — já posso começar a falar?

— que opção eu tenho, né? – falo sarcástica forçando um sorriso — abre essa boca logo.

— eu só queria que soubesse, que tudo isso não passou de um mal entendido – eu ia falar mas ele não deixa, falando logo em cima — eu bebi demais, usei droga na qual seu amigo me deu mesmo eu não querendo. passei do ponto mesmo. e aí, quando eu já não tava' mais consciente, ele veio com uns papos de que sabia que estávamos ficando e que contaria tudo pro leo...

— ele fez mesmo isso? eu...

— deixa eu continuar – me corta e eu me calo — me ameaçou que eu nunca mais veria você na vida, e não sei o que lá. obviamente eu neguei tudo, jurei até pela minha vida – ri fraco — enfim, aí ele disse que só acreditaria se eu beijasse outra menina, como forma de prova e não pá'. eu aceitei, se não fosse isso, ele correria pro seu irmão e fuderia nos dois. mas acabou que eu que fudi com tudo, fui mente fraca, mas eu tava' muito bêbado, nem pensei que ele não teria como provar e que era só blefe, aí caí na porra da pilha dele. isso explica a cena que você viu quando saiu do banheiro.

— cara, isso é muito inacreditável – falo, ainda duvidando se aquilo parecia mesmo tão' real assim — por que o trunks que eu conheço faria isso?

— da mesma forma como o trunks que você conhece teve coragem de te chamar de puta – nossa, senti aquilo como um tapa bem dado na cara. tal qual dei no trunks ontem — é pesado falar assim, mas é a realidade. porra, por que eu inventaria tudo isso?

— eu não sei, rogerio, eu realmente não sei – falo. uma mistura de angústia e confusão invadia meu peito — não sei em quem acreditar.

— porra, luiza! acredita em mim, mano – ele levantou da cama, se aproximando de mim — por que eu faria isso contigo, mano? eu tava' real curtindo nosso lance, curtindo você. carai, pode perguntar pra qualquer um dos meus manos que sabem, eu tava' feliz pra caralho. enfim, essa é a minha versão...

— beleza, apollo, já entendi – falo com certa frieza, e ele se afasta de novo, abaixando a cabeça — eu acredito em você.

eu realmente acreditava nele, não sei o porque, minha intuição só dizia que todas as palavras que saíram da boca dele realmente eram sinceras. eu só não sabia como me sentir, como agir, o que fazer diante disso. eu nunca vivi isso na minha vida, era confuso.

o que mais me doía, era o fato do trunks ter feito isso. ele conseguiu me deixar mais chateada do que eu já estava. isso explicava o motivo dele ter ido embora mais cedo.

— por isso o trunks foi embora?

— provavelmente. ele sabia do problema que ia arrumar se aparecesse aqui, com aquela cara de pau no cu dele – diz com certa raiva e aquilo quase me faz rir — foi mal, mas me revolta muito saber que um cara que dizia gostar tanto de você, fazer um bagulho desses.

— realmente, isso me assusta – falo e ri fraco, ainda incrédula — me desculpa por não ter te escutado, eu devia isso pra você, só não queria dar o braço a torcer.

— eu que devo desculpas, mesmo por ter feito o que fiz sob pressão e pelo efeito do álcool – ele se aproxima, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — você me perdoa mesmo?

— sim, claro – falo e sorri fraco, mas tiro a mão dele do meu cabelo, que me encara confuso — isso não significa que podemos agir como se nada tivesse acontecido. ainda olho pra sua cara e a cena que eu vi ontem passa na minha mente como se tivéssemos vivendo agora.

— nossa lu, mas eu pensei que...

— eu sei o que você pensou – corto ele, que me encara espantado — podia até ser, mas eu ainda não consigo. não tenho ódio de você, nunca tive, não vou te tratar mal nunca. somos amigos igual éramos antes, mas espero que cê' entenda, preciso de tempo pra saber se consigo lidar com isso.

— tá', tá'. tudo bem. tudo no seu tempo – da um sorriso forçado, que me fez sentir meu peito doer. mas era necessário — desculpa mais uma vez.

— tá' tudo bem.

digo por fim, dando um sorriso sem mostrar os dentes. ele faz o mesmo e vai até a porta, na qual eu já não estava mais encostada. vi ele tirar a chave do bolso e rodar duas vezes na porta, abrindo a mesma saindo de lá.

nossa, isso doeu. mas de coração mesmo? eu tava' feliz por um lado, feliz de saber que ele não fez aquilo por "vontade própria". isso me despertou um certo alívio, de saber que ele só não queria jogar tudo fora. apesar de agora, eu ter jogado tudo fora.

[...]

𝐌𝐀𝐃𝐑𝐔𝐆𝐀𝐃𝐀, 𝖺𝗉𝗈𝗅𝗅𝗈 𝗆𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora