12. no balcão da cozinha é foda

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luiza point of view
📍chácara fernandes – 03:03pm

eu ainda não tava' acreditando que tinha beijado ele, ou melhor, que ele tinha me beijado. eu queria? obviamente, mano, a minha criança interior sentiu que venceu na vida, mas nossa, tinha mesmo que demorar tanto?

— tá' com essa cara de esquisita aí por quê?

— ô, garoto, me erra. come esse brigadeiro aí antes que eu leve o prato pro meu quarto – falo e ele ri, dando mais uma colherada no doce. estávamos assistindo um filme de comédia qualquer que passava na tv — tô' pensando só.

— pensando no meu beijo, né? – na mosca, apollinho. — eu sei que o pai beija bem, luiza. não precisa ficar nessa, é só me pedir que eu te dou uma moral de novo.

— mano, você era muito mais legal a dois dias atrás, quando a gente ainda não tinha intimidade – digo, vendo o garoto estalar a língua, como se tivesse se ofendido — em, que horas são?

— três e quarenta – diz, encarando o relógio prata que brilhava em seu pulso — tá' com sono?

— quem me dera, eu não consigo dormir de madrugada – falo, largando a colher em cima da mesinha de centro que havia ali. apollo faz o mesmo com o prato de doce e rapidamente me puxa pro seu colo — o que cê' pensa que tá' fazendo?

— fica quietinha, mano. cê' fala muito – diz depositando alguns selinhos em mim, me fazendo rir — eu já tô' ficando com sono, mas se você quiser, fico te fazendo companhia até dormir.

— tá' se convidando pra dormir comigo e metendo o louco oferecendo companhia, é? – finjo desconfiar dele e cruzo os braços, vendo o garoto de boné jogar a cabeça pra trás, rindo — bem que dizem, a gente dá' um beijo e os caras já querem casar.

— sai fora, mano. nem meu beijo você vai ter mais, só por causa da gracinha aí.

— se faz de difícil e eu gosto – falo e vejo ele desviar o olhar, como se tivesse sem jeito. amo flertar, mas flertar com ele era mil vezes melhor — vai me negar um beijinho?

fiz beicinho fazendo drama mas não durou muito, logo comecei a rir e ele junto. em instantes, selinhos se tornaram um beijo de língua intenso. a mão tatuada e consideravelmente grande do garoto percorria pelo meu corpo, parando na cintura e apertando levemente. ele tava me surpreendendo cada vez mais mesmo.

o garoto faz questão de depositar um tapa estalado na minha coxa, me fazendo quase que automaticamente bater nele.

— não faz barulho, idiota!

— geral tá' capotado mesmo – deu de ombros e eu nego com a cabeça. desço do seu colo e pego a louça suja ali, me levantando e indo em direção a cozinha — ou, me deixa sozinho não.

— tá' com medo do que? – ri com o espanto dele. botei o prato na pia e comecei a lavar — assombração? gasparzinho?

— antes fosse, po'. medo do bmo descer as escadas enquanto tá' sonâmbulo de novo – disse com certo medo na fala, me fazendo querer rir alto — ri não, da outra vez eu tive medo de verdade, truta.

— se fudeu então, porquê ele tá' dormindo no mesmo quarto que você – digo e ele faz o sinal da cruz. medroso demais — ah, e cê' sabe que o alva fala enquanto dorme, né?

— tá' repreendido, mano – ele diz, se aproximando de mim e me abraçando por trás, enquanto eu enxugava as louças — por isso vou ter que dormir com você.

— é, aí amanhã de manhã você da um jeito de explicar pro leo o motivo de estar no quarto com a irmãzinha dele.

— porra, mas assim fica difícil também – reclamou e eu ri. o garoto me vira pela cintura e me bota em cima do balcão, ficando de frente pra ele, mas uns centímetros mais alta — acha que daria merda se ele descobrisse que nois' se pegou?

— você acha? – ri fraco, botando os braços em volta do pescoço do garoto, dando selinhos no mesmo — com certeza. leo quase acabou com a amizade dele e do trunks quando descobriu que a gente ficou, pra fazer o mesmo com você, infelizmente, não seria difícil.

— com todo respeito, seu irmão as vezes é bem otario – diz indignado — mas tá' suave, mano. ele não vai descobrir, só nois' sabe.

— torce pra não descobrir mesmo, ele ia dar um show igual o de hoje mais cedo – revirei os olhos, já irritada. tínhamos nos resolvido e o combinado seria ele nunca mais dar uma mancada dessas, mas conheço o meu irmão e ninguém muda da noite pro dia — até porque...

antes que eu pudesse terminar de falar, a luz predominante do ambiente é acesa por thiago, que arregalou os olhos quase instantaneamente com a cena que ele acabou de se deparar. é galera, fudeu!

— apaga essa luz, thiago! o pessoal vai acordar!

— que porra é essa, mano? – ele pergunta baixinho, depois de fazer o que eu tinha pedido — desde quando cês' tão' se pegando?

— faz aproximadamente umas três horas – apollo diz, com uma tranquilidade na voz que até me assustou — ô thiago, cê' não viu nada. não conta pra ninguém, viado!

— relaxa irmão – ele diz enquanto enchia um copo com água, dando alguns goles em seguida — nunca que eu ia dedurar meus parceiros né, ainda mais sendo a iza e conhecendo o irmão louco que ela tem.

— tamo' junto, titi – digo dando um toque de mão rápido com ele — ó, cê' viu se tem mais alguém acordado?

— tem não, só eu memo'. mó' sede do carai – diz e eu ri — mas já vou subir. e ó, se for pra se pegar, que seja em um lugar escondido né, em cima do balcão da cozinha é foda.

— tenho muito pra aprender com você, irmão.

o japonês a minha frente diz e ri, fazendo um toque com o thiago e observando o mesmo sair de lá e seus passos subirem as escadas.

— puta merda, por pouco, mano!

— é, ainda bem que foi ele que viu. sei que ele não vai explanar pra ninguém – falo aliviada, descendo do balcão — acho que já foi adrenalina demais pra um dia só, melhor a gente subir.

— por mim eu te dava mais uns amasso', né, mas bora lá.

[...]

— boa noite, luiza – diz quase em um sussurro, antes de entrar no quarto que ele dormia — se não conseguir dormir, da um salve' que eu venho te socorrer.

— acho que eu prefiro ficar com insônia mesmo – provoco e vejo ele sorrir fraco, negando com a cabeça. as vezes implicar é mais forte que eu — tô' brincando! boa noite, rogerin, até amanhã.

— até mais tarde, né? enfim, até.

apenas balanço a cabeça afirmando e entro pro meu quarto, segundos depois escuto a porta dele fechar a trinca, indicando que ele também já' tinha entrado. deitei na minha cama e liguei o ar condicionado e a led na cor azul, que percorria o teto inteiro do meu quarto. a noite iria ser longa.

[...]

𝐌𝐀𝐃𝐑𝐔𝐆𝐀𝐃𝐀, 𝖺𝗉𝗈𝗅𝗅𝗈 𝗆𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora