19. dorme comigo então?

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apollo point of view
📍chácara fernandes – 01:01pm

antes do baseado acabar por inteiro, apaguei ele e coloquei de canto. já tava' sentindo a brisa bater e não queria ficar completamente chapado.

deitei novamente e puxei a luiza pra deitar a cabeça sob meu peitoral, dando alguns beijos no topo da cabeça dela, que começou a fazer carinho na minha barriga com a unha. a música que tocava estava bem baixinha por conta do horário.

— nossa, nois' tá' parecendo casal.

— real – diz e ri — achei que só íamos ficar uma vez, na verdade.

— diga isso por você, minha filha – falo e escuto ela rir, dessa vez me olhando — seloco', depois daquele beijão no corredor, burro seria eu se não te beijasse mais.

— gamou, né?

— e eu vou admitir pra que? – respondo, dessa vez fazendo cafuné no cabelo dela. que me deu um selinho rápido — cê' fica toda se achando aí, já até sei.

— é mais forte que eu, mano – diz rindo. que sorriso lindo, vai se fuder — mas eu gostei também, não vou mentir. a luizinha de 2019 ia surtar sabendo disso.

— mó' brisa isso – ri — deixa eu te perguntar um bagulho'? sem ficar bolada nem nada.

— pergunta aí.

— amanhã nois' vai na boate lá né – falo e ela confirma, balançando a cabeça — se acontecer de eu ficar com alguém, é suave, né? tipo, os dois são solteiros. vamo' continuar ficando mesmo assim.

— por mim, tudo bem – diz dando de ombros — mesma coisa se eu ficasse com alguém, ia seguir igual.

— podepá', só pra saber mesmo.

— cê' vai demorar aqui? – pergunta e eu franzo o cenho, sem entender — é pra eu poder chamar o ian pra vir dormir comigo.

— cê' tá' falando sério?

— não né – diz rindo. me fazendo até relaxar o rosto, putaria isso, mano, já tava' bolado — cê' tinha que ver sua cara, tava hilaria.

— já nem gostei disso, luiza.

— ué, se você pode ficar com outras por que eu não posso ficar com o trunks? – pergunta. ó, não tô' gostando do rumo que essa conversa tá' levando — não faz sentido, coisa linda. os direitos são iguais.

— é diferente, cê' não entende – falo, encarando o teto. assunto delicado — vamo' fazer assim então, eu não fico com ninguém lá e você também não, pode ser?

— hum, já mudou o discurso – diz e eu estalo a língua, puto. ela percebe e me enche de beijos no rosto — relaxa, bocó. tá' combinado então. só eu e você, você e eu.

— firmão.

ela deitou a cabeça novamente e eu voltei a encarar o teto, pensando várias neurose. essa minha fita com o trunks é de uma cota já, antigamente, era certeiro que toda mina que eu pegava, ele ia atrás e pegava também, parecia até birra, mano.

mas a vez mais marcante foi com uma ex minha. tínhamos um rolo sério, ficávamos a um tempão', papo de pouco mais de seis meses, o pedido de namoro já tava marcado. um dia em uma festa que estávamos, tivemos uma discussão idiota e ela na hora da raiva, saiu de perto de mim sem nem olhar pra trás. fiquei com a consciência pesada por ela ter ido sozinha já que entre o pessoal eu era uma das únicas pessoas que ela conhecia. antes de chegar na porta do banheiro, vi o trunks dando ideia nela e eles indo embora juntos. sabe o que é foda? é que nois' era parceiro e ele sabia o quanto eu gostava da mina.

porra, depois desse dia eu nunca mais vi ele com os mesmos olhos, pra mim ele era e até hoje é um comédia.

nunca arrumei confusão com ele por causa disso não, achava feião' brigar, ainda mais por buceta de quem não vale nada. no final, ele e ela se mereciam mesmo. engraçado que esse rolo deles não durou muito e pouco tempo depois ela voltou a me procurar. correu atrás até cansar, se pá' que até hoje ela implora meu perdão na dm.

pouca gente sabe disso, só meus parceiro bem próximo memo'. bask na época até chegou a discutir com ele sobre isso, jotape e bigão se afastaram e tudo, mas acaba que nosso trabalho nos obriga a conviver e ter uma boa relação pras' coisas fluírem bem. mas é isso, o bagulho' mexeu muito comigo, me causando uma insegurança fudida de tudo que envolvia esse mano. sendo sincero mesmo? eu não queria perder a luiza pra esse cuzão, sendo ela só uma ficante ou não.

— por que cê' tá' quietinho?

— tava brisando numas' ideia pra fazer música – minto e ela ri fraco, me olhando — tá' com sono?

— pior que eu tô', mano – ela diz impressionada, me fazendo rir — tô' achando que isso é bruxaria, hein. ou você botou calmante lá.

— sim, algumas gotinhas só – falo e ela ri — que bom então, quando tiver' quase dormindo me avisa, que eu vou pro meu quarto.

— não vai ficar aqui? – fez biquinho. fofinha, mano — eu ia pedir procê' dormir comigo.

— ué, linda, pode pedir.

— dorme comigo então?

— eu não, sai fora – brinco e ela ri, mordendo minha bochecha — ai, tô' brincando, doida. lógico que eu durmo, mó' bom sentir seu cheirinho.

falo e vejo ela sorrir, envergonhada. dei um selinho na garota, que logo se transformou em um beijo de língua, lento e calmo.

quando pude perceber, ela já estava em cima do meu colo, mesmo sem parar o beijo. minha mão percorreu por todo seu corpo com certa força, e o quarto que antes tava gelado por conta do ar condicionado, agora parecia fazer 30° graus. foi aí que eu percebi que fudeu, galera.

[...]

𝐌𝐀𝐃𝐑𝐔𝐆𝐀𝐃𝐀, 𝖺𝗉𝗈𝗅𝗅𝗈 𝗆𝖼.Onde histórias criam vida. Descubra agora