Capítulo 24

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Priscila Barcella

Ao entrar no meu quarto, avistei a Belinha e a Josefa, rindo e brincando animadamente com uma boneca de pano. O som de suas risadas ecoava pelo ambiente, trazendo uma sensação momentânea de paz.

— Titia, você está bem? — A voz suave de Belinha, com um toque de preocupação infantil, interrompeu meus devaneios. Ela se aproximou, segurando minha mão, os olhos grandes e questionadores refletindo a inocência e o cuidado que sempre me desconcertavam.

— Estou — menti, forçando um sorriso enquanto minha mente vagava longe.
— Josefa, vou sair com as meninas. Pode tirar o dia para você, volto só perto do jantar. Avise a Ana também.

Josefa me lançou um olhar cheio de preocupação antes de sair. Afundei na cama, os olhos fixos no vazio. Belinha, com toda sua energia, exibiu o macacão e a blusa rosa que havia escolhido, mas sua voz parecia distante, perdida no eco dos meus pensamentos tumultuados.

Belinha falava animadamente, mas meus pensamentos retornavam às palavras de Max. Era quase impossível focar, pois a memória de seus lábios nos meus invadia minha mente, deixando-me inquieta e me fazendo sentir tola por pensar que ele poderia ajudar sem segundas intenções.

— Titia — a Belinha me chamou, puxando minha roupa.

— Oi — murmurei, tentando esconder meu cansaço. Belinha, com sua usual doçura, beijou minha bochecha.

— A senhora é linda, titia — disse, passando os dedinhos pelo meu rosto. — A senhora brigou com o seu namorado?

— Que namorado, Belinha? — perguntei, surpresa.

— O moço bonito — ela respondeu, referindo-se ao Max.

— Ah, meu amor, ele não é meu namorado. Ele é um dos meus chefes — expliquei, observando-a processar a informação com um franzir de testa.

— Que pena. Pensei que ele era seu namorado — ela disse, com um biquinho adorável.

Sorri, mas minha mente vagava longe. A lembrança dos lábios de Max nos meus era um turbilhão que me deixava inquieta.

Eu sorri para ela, tentando esconder a confusão que estava sentindo por dentro. A Belinha, sempre tão inocente, não tinha ideia do que estava passando pela minha cabeça naquele momento.

Decidi me levantar da cama e tentar me distrair um pouco com as meninas. Eu precisava me distrair.

Dei um banho nas minhas meninas e as arrumei. A Belinha escolheu um macacão com uma blusa rosa com brilho e meias coloridas até o joelho, com uma bota transparente, e arrumei o cabelo com duas chiquinhas. Na Nina, coloquei um body vermelho com uma saia e penteei o cabelo dela, colocando uma tiara com laço vermelho.

— Estamos maravilhosas! Vai lá, titia, eu vou arrumar sua roupa também — ela falou toda decidida.

Agradeci e fui tomar um banho. Ela escolheu um look confortável: um vestido com botões. Coloquei uma sandália baixa porque o meu tornozelo ainda doía. Enquanto me arrumava, não conseguia parar de pensar em tudo o que estava acontecendo. O Max mexeu comigo de uma forma que eu não esperava, e a confusão de sentimentos estava me deixando perturbada.

Depois de me arrumar, saí com a empolgada Belinha. Era sua primeira saída desde que chegamos em São Paulo. Caminhamos até o prédio ao lado, e logo chegamos ao apartamento de Natália no térreo.

Henrique, meu afilhado de cinco anos, abriu a porta. Com seu cabelo penteado e camisa nova, ele parecia um pequeno cavalheiro.

— Oi, Dinda — disse, sorrindo, enquanto eu me abaixava para beijá-lo.

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