Capítulo 28

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Priscila Barcella

Quando voltei para casa, a Íris já tinha arrumado tudo e estava passando pano na sala.

— Muito bem, vai tomar banho, já pedi a janta — falei e subi com as meninas, precisávamos de um banho. A Belinha ainda tinha areia no corpo.

Depois do banho, o jantar chegou. Comemos enquanto assistiam à televisão, e eu mal prestei atenção no filme.

A Belinha já estava exausta e dormiu assim que o primeiro filme acabou. Levei-a para minha cama, não iria deixá-la dormir no chão. A noite foi tranquila, estávamos cansados demais.

Na manhã seguinte, acordei com alguém batendo na minha porta.

— Senhora Priscila — a Josefa chamou, batendo na porta.

— Oi — falei baixinho, ainda sonolenta.

— Já está tarde, a Belinha vai se atrasar para a escola — ela falou, e levei um susto. A Nina sempre acordava às 5 da manhã, no mais tardar.

— Obrigada, já vamos — falei, já me levantando. — Meu amorzinho — falei no ouvido dela.

— Tô com sono — ela disse, e eu estava morrendo de pena, mas já eram 6:40. Tirei o pijama dela enquanto dormia e usei panos umedecidos para dar um banho de gato e vesti o uniforme da escola. Calcei os tênis.

— Por favor, acorde para a titia arrumar seu cabelo — pedi, e ela se sentou, ainda sonolenta. Fiz um rabo de cavalo simples e coloquei um laço da cor do uniforme.

Peguei-a no colo e desci, entregando-a para o Liam.

— Bom dia. Depois de levar eles para a escola, me encontre no escritório — falei para ele. A Ana veio com uma vitamina no copo com canudinho. Comecei a fazer carinho na Belinha. — Princesa da tia, olha a Ana fez uma vitamina — falei, colocando o canudo na boca dela.

— Obrigada — ela falou com os olhos arregalados, bebendo a vitamina.

Eles foram embora, e eu fui tomar um banho. Como a Íris tirou a maioria das minhas roupas do armário para lavar, desenterrei um vestido antigo, um presente de Max que eu nunca usaria por escolha própria.

A Nina continuava dormindo. Fui conferir a respiração dela, mas estava tudo bem. Arrumei a babá eletrônica.

Após me arrumar, fui para o escritório, onde o Liam já estava me esperando.

— Senhora Barcella — ele falou. Não sei qual o efeito que ele tem, mas quando fala me faz sorrir. Mesmo que eu não demonstre, por dentro eu estou sorrindo.

— Você já trouxe tudo para ficar aqui a partir de hoje? — perguntei preocupada.

— Sim, senhora.

— Já disse que pode me chamar de Priscila. E você pode me ajudar com o quarto das crianças?

Eu podia contratar alguém para fazer isso, mas queria fazer com as minhas próprias mãos para eles notarem que me importo com eles, e também para distrair a mente.

— A senhora não vai trabalhar hoje?

— Vou, mas só à tarde. Você pode me ajudar?

— Claro, qual vai ser o quarto de quem? — ele perguntou animado. Parecíamos duas crianças empolgadas.

— Pensei em fazer o quarto das meninas, da Belinha e da Nina, do lado do meu caso elas precisem de ajuda. O do Ítalo fica ao lado do seu, e a Íris fica onde está mesmo — falei, e ele sorriu.

Saímos do escritório e a sala estava ficando repleta de caixas da loja de móveis. O Liam logo se propôs a separar o que era de cada quarto.

— Você pode ver as tintas? — falei, só pensando que queria ver o sorriso no rosto da Belinha.

— Claro — ele falou. Pegou as outras coisas e fomos para o quarto próximo ao meu, que estava vazio.

— O que você acha? Podemos fazer o quarto das princesinhas bem aqui. Colocamos o berço do lado direito, perto da porta do banheiro e do closet. A cama pode ficar perto da janela, e colocamos a casa de bonecas nessa parede e as prateleirinhas de livros aqui, com a mesinha para elas brincarem.

— Vai ficar lindo, mas tem que ver a tela de segurança. Elas são pequenas demais para ficar sem essa proteção — ele falou todo preocupado. Peguei meu celular e coloquei um lembrete. — Vamos pintar? — ele falou, e eu fui abrir as janelas.

— Vamos. Você prepara as coisas e vou pedir ao Sebastião as escadas.

— E as crianças, quem vai buscar?

— Antes de pegar eles nós paramos e terminamos amanhã. Só vou pedir para o Sebastião colocar os móveis no quarto para eles não verem — falei, e ele sorriu. Quando comecei a descer as escadas, encontrei o Sebastião e a Josefa separando os jogos de cama e uns brinquedos que comprei. — Sebastião, você poderia trazer as escadas e uns jornais?

— Claro, senhora — ele falou. Voltei para o quarto e Liam me deu uma fita.

— Você coloca nas bordas para não sujar — ele falou, e comecei a colocar nas bordas embaixo. Logo, Sebastião chegou com a escada.

— Onde coloco, senhora? — ele perguntou.

— Deixe ali no canto, o Liam está preparando a tinta — falei. Ele colocou a escada e me entregou uns jornais.

— Gostaria de mais alguma coisa? — ele perguntou.

— Se possível, uns papelões — o Liam pediu antes de sair.

— Posso tirar a camisa para ela não sujar? Eu não tenho muitas...

— Claro, se quiser trocar de calça. Eu vou colocar as fitas para começarmos a pintar — falei, ainda no chão, colocando a fita.

Assim que terminei de colocar a fita na parte que eu alcançava, peguei a escada e comecei a colar em cima. Quando estava quase acabando, senti meu pé escorregar. O pânico tomou conta de mim por um instante, mas antes que pudesse atingir o chão, senti os braços fortes do Liam me segurarem com firmeza. O aroma familiar do seu perfume encheu meus sentidos, e meu coração disparou descontroladamente.

Ao olhar para ele, aqueles olhos cor de mel me prenderam, como se o tempo tivesse parado. Meu coração deu um salto e, por um momento, o mundo ao nosso redor deixou de existir. Nossos rostos se aproximaram, e eu podia sentir a suavidade de sua respiração quente contra minha pele. A intensidade do momento era palpável, e nossos narizes se tocaram levemente.

Eu sentia uma conexão inexplicável, uma tensão elétrica no ar, que me fez esquecer de tudo ao nosso redor. O desejo de tocar seus lábios era quase irresistível, um anseio profundo que parecia consumir cada fibra do meu ser.

Mas antes que pudesse ceder ao impulso, uma voz nos trouxe de volta à realidade.

— Senhora, os papelões — chamou Sebastião, quebrando o encanto do momento.

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Continua....

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