O babá

Capítulo 37

Priscila Barcella

Eu não sei dizer se foi o impulso do momento, a intimidade que tínhamos desenvolvido ou apenas a atração inegável entre nós dois, mas o beijo com Liam foi algo avassalador. Estávamos na beira da piscina, as luzes suaves refletindo na água, criando uma atmosfera mágica. A brisa da noite trazia o aroma das flores do jardim, envolvendo-nos em um abraço perfumado. Eu podia sentir meu coração batendo descompassado, meu corpo tremendo, e uma confusão de sentimentos inexplicáveis invadindo minha mente.

Ficamos ali, parados, nos encarando, sem palavras. A tensão era palpável e a química entre nós parecia fazer faíscas. Eu sabia que não deveria ter cedido à tentação, mas seus lábios macios e seu toque me envolviam de uma forma que eu não conseguia resistir. A sensação de felicidade e culpa se misturavam dentro de mim, fazendo meu peito apertar.

Aproximamos nossos rostos mais uma vez, cedendo ao desejo que nos consumia. Seu beijo era intenso, apaixonado, repleto de emoções que eu não sabia como lidar. O ar nos faltava, mas ainda assim não queríamos nos separar. Por um momento, tudo ao nosso redor parecia desaparecer, dando lugar apenas àquele momento único entre nós dois.

Quando finalmente nos afastamos, olhamos nos olhos um do outro. Seus olhos cor de mel tinham uma profundidade e uma intensidade que me faziam perder o fôlego. Era nítida a tentativa de decifrar o que acabava de acontecer. Eu não sabia o que dizer, mas sabia que precisava enfrentar a realidade. Liam era o babá dos meus sobrinhos, a pessoa responsável por cuidar das crianças. Eu não podia simplesmente ignorar isso e me entregar à paixão que ardia dentro de mim.

Mesmo com os dedos dos pés dormentes e a mente confusa, eu sabia que precisava encontrar uma solução para essa situação complicada. Não poderia simplesmente fugir, mas também não podia me permitir a me perder naquele sentimento. Estava na hora de colocar os pés no chão e encarar a realidade.

Mesmo eu não querendo sair da piscina daquela pequena bolha cheia de sentimentos.

De repente, um grito estridente da Belinha rompeu a nossa bolha de intimidade.

— Mamãe! — Ela chamou, e a única coisa que consegui pensar em fazer foi mergulhar na piscina para esconder o constrangimento. Liam fez o mesmo.

— Tia Nat, a mamãe não está aqui, nem o tio Liam. Será que eles sumiram com a Ramona e a Íris? — Belinha gritou.

Ao ouvir o nome da Íris, levantei-me imediatamente e saí da piscina, toda encharcada com as roupas coladas ao corpo. O frio da noite atingiu minha pele molhada, fazendo-me tremer, e Liam colocou uma toalha em mim, tentando amenizar a situação.

Meu coração disparou ao ouvir que Íris estava desaparecida.

— O que aconteceu com a Íris? — perguntei, tentando manter a calma. Natália veio correndo de algum canto, com uma expressão de preocupação no rosto.

— Mamãe tem que tirar a roupa para tomar banho, e colocar o biquíni, e você também, tio Liam. Não pode entrar com roupa na piscina — a Belinha falou.

— Da próxima vez eu lembro, meu amor. Agora conte onde está a Íris? — perguntei preocupada.

— Amiga, se acalma. Nós não sabemos onde as duas foram. Eu não vi elas saindo, estava tão ocupada tentando entender o que passa na cabeça do Ramon e agora essas meninas simplesmente somem — a Natália falou, muito assustada e preocupada.

Natália e eu trocamos olhares de desespero.

— Com certeza foram para aquela festa. Quem tem o endereço? — perguntei a Natália, que balançou a cabeça negativamente. Calcei os chinelos apressadamente e saí feito uma louca, toda molhada, atrás da Íris. Minha mente estava focada em encontrar a Íris.

Enquanto corria pelas ruas escuras, minha mente se enchia de preocupações. O medo de que algo pudesse ter acontecido a ela me impulsionava a seguir em frente, ignorando o frio que me envolvia.

©©©©©©©©©©

Continua...