Capítulo 42

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Liam Rodrigues

Depois de cerca de duas horas e cinco cervejas, finalmente fomos preparar o café da manhã. A ansiedade de Ramón era palpável; ele queria fazer algo especial para Natália. Juntos, preparamos um banquete completo: um bolo de chocolate com brigadeiro, uma torta de framboesa, torradas, panquecas e suco de laranja. Ramón caprichou no suco de morango com menta, o favorito da Ramona. Enquanto arrumávamos a mesa, sentia-se no ar uma mistura de expectativa e alegria.

— Nossa, que mesa bonita! — Priscila entrou na cozinha com Nina no colo, seu sorriso contagiante refletia a cumplicidade que tínhamos. — Algum santo quer perdão — brincou, provocando Ramón com um olhar travesso.

Eu adorava vê-la assim, descontraída e leve.

— Sim, quer me ajudar? — Ramón perguntou.

— Não, obrigada. Não estou a fim de me intrometer nas brigas de vocês, né amorzinho da mamãe? Esses dois brigam por meia hora e depois se acertam — Priscila disse, provocando Ramón, que revirou os olhos.

— Bom dia, Priscila — cumprimentei, tentando capturar seu olhar, mas ela desviou o rosto. — Bom dia, bonequinha — disse, aproximando-me para pegar Nina.

— Bom dia, Liam — ela respondeu sem olhar para mim, entregando-me Nina. — Fala oi para o titio — disse, beijando a coxa da bebê. — Ô vontade de morder essas coxas gostosas da mamãe — continuou, sorrindo. Nina era, sem dúvida, a fraqueza de Priscila, que logo a pegou de volta ao ouvi-la reclamar.

Seu jeito leve e despreocupado me encantava. Enquanto ela se aproximava da mesa, seu olhar evitava o meu. Não pude resistir e estendi os braços para pegar Nina, que Priscila entregou sem me encarar nos olhos. Mesmo assim, não consegui deixar de admirá-la. Priscila estava linda em sua simplicidade, com calça de moletom e camiseta, sem maquiagem. Sua beleza natural me hipnotizava; eu não queria desviar o olhar.

Enquanto Priscila aquecia o leite, Nina começou a resmungar.

— Filha, ajuda a mamãe um pouquinho e fica com o tio Liam — Priscila disse, e eu sorri.

— Então, bonequinha, o que aconteceu? Você dormiu bem? — perguntei à bebê, ficando em pé para tentar acalmá-la.

— Não sei, acho que ela estava com saudades. — Priscila disse, fazendo uma voz de criança que me fez sorrir.

— O que foi? — perguntei.

— Não sei, acho que ela sentiu o clima da noite...

— Também acho, viu. Mas ela sempre fica meio enjoadinha quando fico muito tempo longe dela, né meu amorzinho? Você é o amor da minha vida — Priscila disse, vindo até Nina e pegando-a.

— Eu nunca imaginei ver Priscila Barcella assim, toda derretida por um bebê.

— Não é qualquer bebê, é a minha bebê, a minha filha linda, né meu amorzinho — ela disse, beijando a bochecha da bebê.

Ramón pegou Nina dos braços de Priscila.

— Já estou com saudades de ter um bebê — disse, balançando-a suavemente.

— É só fazer outro. A minha bebê iria gostar de ter um priminho ou priminha — falei, tentando quebrar a tensão com um pouco de humor.

O semblante de Priscila endureceu.

— Melhor não tocar no assunto — ela disse, e percebi o quão delicado era o tema.

— Tentar nós tentamos, mas ainda não conseguimos — Ramón disse com o olhar perdido, a dor evidente em seu rosto.

— Desculpa tocar no assunto — falei, sentindo-me constrangido pela minha insensibilidade.

— Você não sabia — ele respondeu calmo, mas havia uma sombra em seus olhos.

— Liam, por favor, não mencione isso na frente da Natália. Ela está passando por um momento difícil. Teve outro aborto espontâneo na semana passada, e estou preocupada com ela, se está tendo o repouso necessário — Priscila explicou, seu olhar pesaroso ao mencionar a situação de Natália.

Meu coração apertou.

— Meu Deus, não sabia. Desculpa, Priscila. Eu não deveria ter tocado no assunto. Sinto muito pela Natália, deve ser muito difícil.

— Sim, é muito difícil. Ela está tentando lidar com tudo da melhor forma possível, mas é complicado. Por isso estou um pouco preocupada com ela, precisa de muito apoio neste momento.

Senti-me terrivelmente mal por ter tocado em um assunto tão sensível sem saber. Natália era uma pessoa incrível e não merecia passar por tudo isso.

Priscila notou meu desconforto e se aproximou, tocando no meu ombro. Sua mão quente trouxe um pouco de conforto.

Pensei que ela fosse me abraçar, mas Nina começou a reclamar.

— Calma, meu amor, eu sei que você está com fome.

— Você é um bebê mágico — Ramón disse, levantando Nina.

— Eu sou mesmo, tio Ramón — falei, pegando Nina dele enquanto Priscila preparava a mamadeira.

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Continua...

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