33- Lose you?

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Rebeca entrou no quarto com um brilho nos olhos, cheia de entusiasmo. Ela começou a falar sobre Gabi como se estivesse descrevendo uma verdadeira deusa que havia descido do Olimpo para iluminar a vida delas.

— Simone, você não tem ideia! A Gabi é simplesmente incrível! Ela tem essa energia contagiante e as crianças adoraram ela. Eu nunca vi eles tão animados! — Rebeca exclamou, pulando de um pé para o outro, a adrenalina da paixão iluminando seu rosto.

Simone estava sentada na beira da cama, os braços cruzados, com uma expressão que parecia mais um muro do que um rosto. O silêncio dela era ensurdecedor, e a animação de Rebeca começou a se esvair lentamente, como uma vela se apagando sob um vento gélido. O contraste entre a alegria efusiva de Rebeca e o semblante fechado de Simone criava uma tensão palpável no ar.

— O que foi? — perguntou Rebeca, percebendo a mudança na atmosfera. A preocupação começou a se misturar à sua excitação, como se uma sombra tivesse cruzado seu coração. — Você tá estranha.

— Estranha? — Simone rebateu, levantando o olhar com um brilho frio nos olhos. A raiva e a dor estavam escondidas atrás de sua máscara impassível. — Eu não estou estranha, Rebeca. Estou apenas... pensando.

— Pensando em quê? — insistiu Rebeca, sua voz agora mais tensa. O tom leve que antes dominava suas palavras se desfez em fragmentos de inquietação. — Você está me deixando preocupada!

Simone respirou fundo, como se estivesse tentando reunir coragem para expor seus sentimentos, mas o peso das palavras parecia quase insuportável. Ela olhou para o chão por um momento, como se as tábuas de madeira pudessem oferecer algum consolo.

— Você sabe que eu fico feliz por você e pela Gabi, certo? — começou Simone, sua voz quase um sussurro. Havia uma fragilidade em suas palavras que cortava mais fundo do que qualquer grito poderia. — Vocês são amigas… Você admira ela… Ela te admira… A internet acha vocês um "casal" lindo...

As palavras saíam lentamente, uma após a outra, como se cada sílaba fosse uma lâmina afiada arrastando-se pela pele exposta da alma.

— Não é a primeira vez que você fala da Gabi Rebeca, e nunca é uma coisa normal! É sempre rasgando elogios pra deusa! Você não sabe o quanto eu me sinto mal quando você fala dela assim… porque eu com você todos os dias não escuto o que você fala pra ela em 5 minutos olhando nos olhos dela!

A voz de Simone começou a falhar enquanto seu coração parecia querer escapar do peito. As memórias das risadas compartilhadas entre elas estavam agora manchadas pela dor do ciúme e da insegurança.

— Você acha que eu não entro nas redes sociais direito porque? Tem sempre uma mensagem falando que eu estraguei o que vocês estavam construindo ou sei lá! Pessoas atacando a minha aparência e perguntando como você trocou a Gabi por mim! Sendo que a gente nem tem nada aqui dentro ou nas redes no geral!

Rebeca ficou paralisada por um momento. As palavras de Simone cortaram como uma faca afiada em meio ao silêncio ensurdecedor do quarto. Ela nunca pensou que sua empolgação pudesse causar esse tipo de dor.

A atmosfera ao redor delas tornou-se densa e pesada, quase palpável; era como se as paredes estivessem testemunhando aquela batalha silenciosa entre amor e insegurança. Os ecos das risadas infantis lá fora pareciam distantes agora, como se pertencessem a outra vida.

Rebeca respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas para acalmar Simone e explicar que nada mudaria entre elas; mas cada vez que abria a boca para falar, sentia o peso da verdade sufocá-la ainda mais. A ideia de perder Simone era insuportável; mas também era doloroso perceber que suas próprias ações poderiam estar criando essa distância entre elas.

Entre dores e amores- Rebeca Andrade e Simone Biles Onde histórias criam vida. Descubra agora