Sete horas da manhã, a casa já estava em um caos familiar conhecido. O despertador tocava insistentemente, mas o mau humor de Simone tornava-se palpável, como uma nuvem pesada pairando sobre todos. Ela se levantou da cama com um resmungo, os cabelos desgrenhados caindo sobre os olhos. A luz do sol entrava pela janela, mas o dia parecia cinza para ela. As crianças, ainda sonolentas, se arrastavam pelo corredor, resmungando em protesto contra a rotina matinal.Rebeca, por sua vez, estava tão exausta do dia anterior que mal conseguia manter os olhos abertos. A noite mal dormida a deixou em um estado de entrega total. Com um gesto automático, despejou Nescau nas canecas das crianças, ignorando por completo a regra que haviam estabelecido de só permitir chocolate quente nos finais de semana. O gosto doce e reconfortante parecia ser a única coisa que poderia acalmar aquela manhã turbulenta.
Enquanto isso, lá fora, mesmo com o sol brilhando intensamente no céu azul, um pressentimento ruim pairava no ar, como uma sombra invisível que envolvia toda a família. Rebeca olhou para Simone e sentiu que algo estava errado. As crianças ficavam em silêncio sentadas no sofá olhando para o nada quando a professora Patrícia chegou pontualmente e começou as atividades com eles.
Quando Rebeca e Simone foram treinar alguns saltos no quintal.
— Simone, vamos dar uma pausa — sugeriu Rebeca, a voz trêmula. — Não tô aguentando; e eu não tô falando de cansaço, tô falando de um pressentimento ruim.
Simone parou abruptamente, olhando nos olhos de Rebeca. — Você não é a única... Meu Deus, o que tá acontecendo?
— Melhor a gente se perguntar o que vai acontecer... É estranho estar todo mundo com esse pressentimento e as crianças não terem sonhado nada essa noite.
— Eu sei que nossos filhos não são videntes — respondeu Simone com um tom ácido — mas eles sempre sabem...
As palavras pairaram no ar como uma profecia sombria. A inquietação crescia entre elas.
De repente, o barulho do interfone cortou a tensão como uma faca afiada. O coração de Rebeca disparou quando ela atendeu. Do outro lado da linha estava uma voz fria e autoritária: “Conselho Tutelar”. O mundo ao redor dela parecia desacelerar enquanto as palavras se desenrolavam em sua mente: “Uma denúncia foi feita contra vocês.”
O coração delas afundou quando ouviram os passos pesados na porta da frente. Era como se cada batida do coração fosse amplificada pelo silêncio tenso da casa. As crianças pararam suas brincadeiras e olharam para as mães com expressões confusas.
Quando abriram a porta, duas figuras imponentes estavam ali: agentes do Conselho Tutelar. A expressão deles era grave e impassível.
— Boa manhã — disse uma das agentes, cruzando os braços sobre o peito. — Precisamos conversar sobre a situação das crianças.
Simone sentiu um frio na barriga enquanto Rebeca tentava processar o que estava acontecendo. As palavras da agente ecoaram em sua mente
—Recebemos uma denúncia alegando que as crianças não têm o todo suporte que precisam; Simone Biles não tem psicólogico para cuidar de uma criança e que Rebeca Andrade é uma pessoa extremamente agressiva.
— Como assim? — exclamou Simone com indignação crescente. — Quem fez essa denúncia? Isso é absurdo!
Rebeca ficou paralisada por um momento; seu rosto estava pálido e seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e desespero.
— Nós estamos apenas seguindo protocolos — respondeu a outra agente com frieza.
—Não perguntei de protocolo. Perguntei quem fez a denuncia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre dores e amores- Rebeca Andrade e Simone Biles
RomanceEm 2018, no Catar, duas estrelas do esporte se cruzam pela primeira vez: Simone Biles, a prodígio da ginástica americana, e Rebeca Andrade, a promissora atleta brasileira. A conexão instantânea entre elas promete um amor que transcende fronteiras. N...