54-why like this?

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Simone começou a ter uma crise de pânico. O coração dela disparou, a respiração se tornou irregular e, em questão de segundos, ela sentiu como se estivesse afundando em um mar de desespero. As paredes pareciam se fechar ao seu redor, e a sensação de sufocamento aumentava a cada tentativa frustrada de inspirar profundamente.

— Amor, respira, pelo amor de Deus, respira! — gritou Rebeca, sua voz carregada de preocupação enquanto segurava o rosto de Simone entre as mãos, tentando transmitir calma.

— Eu... não... tô conseguindo — respondeu Simone, sua voz trêmula e quase inaudível. Os olhos dela estavam arregalados, cheios de medo e confusão.

Rebeca não perdeu tempo. Com um misto de desespero e determinação, ela rapidamente pegou Simone no colo, sentindo o peso dela como se fosse uma pluma comparado à gravidade da situação. As crianças estavam no quarto, dormindo tranquilamente em seus pijamas amarelos, alheias ao caos que se desenrolava. Rebeca olhou para elas por um breve momento, uma dor no coração ao pensar em deixá-las para trás.

Ela os colocou apressadamente dentro do carro  sem se preocupar em acordá-los. O cheiro de leite e os brinquedos espalhados pelo banco traseiro criavam um cenário familiar que agora parecia distante e surreal. O motor roncou quando ela ligou o carro e pisou fundo no acelerador.

O caminho até o hospital era uma mistura de luzes piscantes e sirenes distantes enquanto Rebeca dirigia com a adrenalina correndo nas veias. Ela fez uma curva fechada e ignorou os limites de velocidade, focando apenas na urgência da situação. Cada batida do coração de Simone ecoava na mente de Rebeca como um chamado desesperado.

Ao chegarem ao hospital, Rebeca saltou do carro antes mesmo que ele parasse completamente. Com Simone nos braços, ela correu pela entrada da emergência, onde o cheiro do álcool e a luz fluorescente criavam uma atmosfera tensa. O atendente na recepção olhou surpreso para a cena que se desenrolava diante dele.

— Preciso de ajuda! Ela está tendo uma crise de pânico! — gritou Rebeca, sua voz cortando o ar como uma faca.

A médica apareceu rapidamente, uma mulher com cabelos curtos e um olhar decidido. Ela já tinha visto crises assim antes e sabia que precisava agir rápido.

— Coloque-a aqui — disse a médica com firmeza, indicando uma maca próxima.

Rebeca cuidadosamente colocou Simone na maca enquanto a médica começava a verificar os sinais vitais dela. A equipe médica rapidamente se mobilizou: monitores foram conectados, e uma enfermeira trouxe oxigênio para ajudar Simone a recuperar a respiração.

— Respira fundo para mim — ordenou a médica com suavidade, mostrando um modelo respiratório para ajudar Simone a focar.

O tempo parecia se arrastar enquanto Rebeca observava tudo com ansiedade pulsante em seu peito. Cada segundo parecia interminável até que os ansiolíticos começaram a fazer efeito lentamente. A tensão no rosto de Simone começou a relaxar gradualmente; seus olhos que estavam tão arregalados agora começaram a fechar-se levemente.

Após várias horas na sala de emergência, com monitores bipando suavemente ao fundo e sussurros da equipe médica discutindo sobre os cuidados necessários, Simone finalmente estava se estabilizando. As cores voltaram ao seu rosto pálido e o medo foi substituído por um semblante mais calmo.
Quando finalmente puderam deixar a sala da emergência.

A madrugada se arrastava com um silêncio quase opressivo, interrompido apenas pelo som suave do vento que passava pelas árvores da rua. Rebeca olhava pela janela do carro, tentando processar o tumulto emocional que havia se instalado no seu coração. Simone estava ao seu lado, a expressão triste e os olhos cansados, como se a realidade ainda não tivesse se fixado em sua mente. O que deveria ser um momento de alívio pela morte de Jonathan,  tornara-se um pesadelo.

Entre dores e amores- Rebeca Andrade e Simone Biles Onde histórias criam vida. Descubra agora