Thaila Garcia
São PauloEntrei em casa com a raiva fervendo nas veias, o ódio me consumindo de um jeito que fazia meu corpo todo tremer. Como ele podia ser tão... tão insuportável? O Richard que eu conheci e chamei de melhor amigo não existia mais, agora ele era rude, egoísta, e completamente insuportável. As palavras dele sobre mim e sobre a minha mãe ecoavam na minha cabeça.
— Como eu passei a odiar tanto o meu melhor amigo? — murmurei para mim mesma, jogando a bolsa no sofá.
o eco dos meus passos acompanhando o vazio que sentia por dentro. Quando entrei no meu quarto, fechei a porta e encarei minha mão ainda meio vermelha pelo tapa que dei nele. Um tapa que, sinceramente, nem sabia que tinha força para dar. Respirei fundo e me joguei na cama, encarando o teto.
Não consegui segurar as lágrimas. Elas simplesmente vieram, quentes, escorrendo pelo meu rosto. E eu nem sabia se era de ódio ou de tristeza. Talvez fosse uma mistura dos dois. Eu só sabia que odiava a sensação de ter ele de volta na minha vida. Ele me bagunçava de uma forma que eu não conseguia controlar, e isso me frustrava demais.
A Thaila de 10 anos nunca diria isso. Ela teria dado tudo para tê-lo de volta, para ter o melhor amigo por perto, para rir das piadas e compartilhar segredos. Mas agora... agora eu só queria distância.
Acordei mais tarde do que de costume, o corpo pesado do cansaço da noite anterior. A discussão com Richard ainda martelava na minha mente, me fazendo revirar na cama antes de finalmente me obrigar a levantar. Arrumei o cabelo de qualquer jeito, joguei uma camiseta velha e um short e fui direto para a cozinha. Eu só precisava de café.
Quando cheguei à sala de jantar, minha mãe já estava lá, impecável como sempre. Mesmo de manhã cedo, com um café na frente, ela conseguia parecer pronta para uma reunião de negócios. Fábio estava ao lado dela, lendo alguma coisa no tablet. Era sábado, então ele não trabalhava. Óbvio que os dois estavam ali sentados como se o mundo não tivesse problemas.
— Bom dia — murmurei, me arrastando até a mesa.
Minha mãe levantou os olhos e me observou por um segundo, a expressão de sempre, difícil de decifrar.
— Bom dia, Thaila. Dormiu bem?
Eu suspirei, me servindo de café sem responder de imediato. A discussão com Richard ainda estava me corroendo por dentro, e a última coisa que eu queria era falar sobre isso.
Eu estava tomando um gole de café quando quase cuspi tudo na mesa ao ouvir as palavras de Fábio.
— Hoje vamos para um evento do time do Richard — ele disse casualmente, como se estivesse anunciando que íamos ao cinema.
Minha mãe, que até então parecia alheia, parou de mexer no café e olhou para Fábio com uma expressão quase imperceptível de desagrado. Eu percebi de imediato — ela odiou aquilo tanto quanto eu. O que faltava era só mais uma noite perto daquele babaca.
Antes que eu pudesse processar completamente a ideia, ela tentou argumentar com uma desculpa esfarrapada.
— Ah, Fábio... talvez não seja uma boa ideia, nós temos outras coisas para resolver...
Fábio, todo carinhoso, cortou qualquer tentativa dela.
— Jamais, Fernanda. Quero minhas duas mulheres comigo. O Palmeiras está comemorando mais uma vitória no campeonato paulista, vai ser ótimo.
Eu revirei os olhos, quase esmagando a xícara na minha mão. Palmeiras, vitória, campeonato... e claro, Richard estaria lá. O ódio que já estava acumulado desde a noite anterior cresceu mais um pouco. Era sério isso? Eu estava mesmo sendo obrigada a ir para um evento do time daquele desgraçado?
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Entre nós- RICHARD RIOS
FanfictionQuando seus caminhos se cruzaram novamente, a cidade grande e suas complexidades apenas acentuavam as tensões e as mudanças que ambos carregavam.